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Como estruturar o inconsciente pela revelação do Cristo glorificado

Reverendo Augusto Pedra

O Inconsciente humano é formado por símbolos, engramas e conceitos, basicamente. Seu acesso racional nos é bloqueado pelos Mecanismos de Defesa, para a nossa própria proteção. Por meio dos sonhos, da intuição e de técnicas psicológicas projetivas pode ser acessado, estudado e compreendido. É no Inconsciente que se encontra a verdadeira essência do ser humano. Em essência sabemos que todo ser humano é belo, é uno, é indivisível, é amor e dotado de intencionalidade psíquica que o impulsiona na vida e de ilimitada capacidade criativa. No entanto, muitas vezes passa por revés vindo a sentir-se inseguro e sem significado na vida, podendo experimentar estados emocionais perigosos. No Inconsciente se encontra tudo o que precisamos para sermos felizes, principalmente por ser o local especial onde Jesus Cristo quer se encontrar com o ser humano.

Lá se encontra a memória, tanto de curta como de longa duração, onde estão registradas e arquivadas todas as experiências vivenciadas, ao longo da vida, bem como a explicação dos vários “por quês”. Os registros na memória são feitos privilegiadamente de acordo com a carga de emoção vivenciada no momento do registro. Baseado nestes registros a mente constrói, automaticamente, cadeias de pensamentos geradoras de emoções, a cada novo estimulo percebido pelos sentidos, ou promovido internamente. Dependendo dos tipos de registros predominantes, pode aprisionar a mente a sentimentos “killer”, cujo efeito é como o de um vírus psíquico, capaz de ser retroalimentado pela construção de novas cadeias de pensamentos e emoções semelhantes, promovendo vários tipos de distúrbios psicológicos.           O grande desafio de estruturação do homem se dá neste nível, pois independente do que pensemos em determinada época ou situação da vida, o que acabará prevalecendo é o que lá está registrado privilegiadamente. “… como imagina em sua alma, assim ele é” (Provérbios 23:7). O trabalho do psicólogo é justamente ajudar as pessoas a se estruturarem na vida. É um trabalho que o ajuda a lidar com o seu inconsciente, com seus pensamentos e com suas emoções, promovendo autoconhecimento, bem como a capacidade de acessar do seu próprio íntimo a força para a vida, a força inconsciente da auto-superação, aprender a se manter conectado à sua intencionalidade psíquica e aprender a escutar o próprio coração. Certamente que a partir daí ocorrem mudanças fundamentais em suas escolhas e ações de realização na vida.

Mas existe um caminho de estruturação mental, fora do escopo psicológico propriamente dito, que pode ajudar o ser humano a sentir-se seguro e valorizado na vida, independente de suas vivencias anteriores. Trata-se de um caminho teológico, Bíblico, sobre o qual gostaria de considerar. No Novo Testamento, em Apocalipse, capítulo 1 (leia os seus vinte versículos), encontramos um relato que muito pode nos ajudar. Trata-se de uma revelação que Deus deu a Jesus Cristo, que enviou um anjo ao apóstolo João, que se encontrava exilado na ilha de Patmos, para mostrar as coisas que em breve deveriam acontecer, por meio de símbolos, ordenando-lhe que os escrevesse em livro. A palavra “notificou” (v.1), no grego koinê significa “simbolizou”. Portanto, tudo a ver com o inconsciente humano.

Entendo que se a pessoa se assenhorear e introjetar este conteúdo simbólico, se sentirá muito fortalecida em nível existencial, de modo a ter os seus aspectos mentais e emocionais melhor estruturados. Pode ser que você não creia na Bíblia, no entanto sugiro que verifique como é forte a descrição registrada sobre o Cristo glorificado. Chega a ser “Spilberguiana” de tão impactante, como impactante foi para João receber essa revelação. Ele teve a visão do Cristo glorificado, o Jesus de Nazaré da Galiléia que ele conheceu pessoalmente e a quem servia, mas que agora em seu aspecto celestial veio visitar-lhe. João escreve na condição de “irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança em Jesus” (v.9).

Há no texto a nítida intenção de consolar os seguidores de Jesus Cristo, que como ele passava por tribulações e perseguições, por causa da fé. Seu texto visava animar, fortalecer e dar esperança, àqueles que esperavam pela volta de Jesus Cristo ao mundo, para exercer sua justiça e para retribuir, a cada um segundo as suas obras. É apropriado ao que se sente frustrado, injustiçado, enfraquecido, amedrontado, inferiorizado, rejeitado, menosprezado, desesperançado, depressivo, ou mesmo, a quem está bem, mais que sonha com um mundo melhor, mais justo e mais equânime, ou simplesmente àquele que acredita que o ser humano é bem melhor do que se tem apresentado, historicamente falando.

O texto profetiza uma bem-aventurança (v.3) para todo aquele que Lê, ouve e guarda a profecia revelada. Certamente que não lhe fará mal nenhum tomar conhecimento dela e muito menos introjetá-la no coração. “Bem-aventurado” significa “mais do que feliz”, um superlativo de felicidade. Relata que se achou em espírito (v.9) e ouviu grande voz, como de trombeta (v.10), como voz de muitas águas (v.15), falando com ele. Quando se voltou para ver quem lhe falava, vendo de relance, caiu no chão “como morto” de tão impactado que ficou. Imagem da qual nunca mais se esqueceu e a registrou. Espero que dela você se lembre com forte carga emocional, para que fique registrada privilegiadamente em sua memória e proporcione uma boa estruturação psíquica.

O agente da revelação se apresenta como “Eu sou o Alfa e o Ômega… aquele que é que era e que há de vir, o Todo-poderoso” (v.8), “aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno” (v18). Aquele Jesus que João conheceu e que lhe apareceu ressuscitado por quarenta dias, vem lhe reafirmar que está vivo e permanece vivo até hoje, ciente de tudo o que acontece e tem o desenrolar da história humana em suas mãos (caps. 4- 5). João não teve dúvidas sobre quem lhe falava. Ele o viu “semelhante a filho de homem, com vestes talares, cingido à altura do peito com uma cinta de ouro” (v.13), “no meio de sete candeeiros de ouro” (v.12), que eram as sete igrejas da Ásia (v. 20).

“A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos como chama de fogo; os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz, como voz de muitas águas. Tinha na mão direita sete estrelas (os anjos das sete igrejas – v.20) e da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força (ao meio dia)” (v.14-16). Ao vê-lo e cair aos seus pés, como morto, foi tocado pela sua mão direita e dele ouviu: “Não temas” (v.18). O que ele escreveu aos seus contemporâneos serve para nós até aos dias de hoje. Significa que não devemos temer os rumos da história, tanto mundial, quanto pessoal.

Não importa a circunstância de vida que estejamos vivendo, pois nele há esperança em todo o tempo. Se por ele vivemos, que vivamos sem temor no coração nos sentindo valorizados ao preço de sua vida, sabendo que ele está vivo e que o seu amor por nós é incondicional. Ele deu a sua vida em nosso resgate, para nos libertar das trevas existenciais e espirituais (sobre este tema tenho podido ajudar muitas pessoas) e ainda voltará para julgar mortos e vivos, como afirma o restante da revelação no livro do Apocalipse. Experimente meditar na descrição do Cristo Glorificado, acima. Tente memorizá-la e depois introjetá-la e verá como se sentirá fortalecido e seguro. Que Jesus o abençoe, rica e abundantemente!

Brasília, 10 de fevereiro de 2011.

Rev. Augusto Pedra

Teólogo. Psicólogo. Psicoterapeuta. Pastor Evangélico e Vice-presidente da ICB(*) – Igreja Cristã de Brasília. Especialista em Psicanálise e Inteligência Multifocal na Reconstrução da Educação. Especialista em Teologia da Missão Urbana.

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