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O Lutero Negro

Julio Borges Filho

É preciso se reescrever a origem dos protestantes ou evangélicos no Brasil. É isso que fez Hernani Francisco da Silva, presidente da Sociedade Cultural Missões Quilombo. Eis o seu testemunho:

“A primeira tentativa de estabelecer uma igreja protestante no Brasil foi em 1555, que pretendia dar refúgio aos calvinistas franceses, perseguidos pela Inquisição européia. A segunda tentativa foi em 1630, quando os holandeses tomaram Recife, Olinda e parte do Nordeste, registrando a presença do protestantismo. Após a expulsão dos holandeses, em 1654, o Brasil fechou as portas aos protestantes por mais de 150 anos.

“Com a chegada da família real, em 1808, e um “jeitinho português” abriu-se uma brecha no monopólio católico, permitindo a presença de outra religião que não fosse a católica. Os protestantes estrangeiros, no entanto, não podiam pregar nem construir igreja com torre, mais podiam reunir-se e cultuar a fé, comercializar a Bíblia e até distribuí-la. Foi através dessa brecha que um negro letrado, alfaiate, chamado Agostinho José Pereira, conheceu a Bíblia e descobriu outra forma de cristianismo. Agostinho teve contato com protestantes estrangeiros que passaram pelo Recife. Por “revelação divina”, em um sonho, tornou-se protestante. Em 1841, Agostinho José Pereira começou a pregar pelas ruas do Recife. Nasceu, assim, a primeira igreja protestante brasileira, a Igreja do Divino Mestre, com seus mais de 300 seguidores, negros e negras, todos livres e libertos.

“Agostinho ensinou-os a ler e a escrever, numa época em que os proprietários de terras eram analfabetos. No Brasil de 1841, fora das colônias colonizadas por estrangeiras não havia protestantismo algum. O negro Agostinho foi o primeiro pregador brasileiro. Só depois, em 1858, o reverendo Roberto Kalley fundou a Igreja Fluminense, episódio considerado pela história oficial como data de fundação da primeira igreja protestante do Brasil. Depois vieram outras Igrejas como a presbiteriana (1859), a batista (1871), a luterana (1886), a anglicana (1889).

“A Igreja do Divino Mestre era mística e teologicamente negra. A Igreja fundada por Agostinho falava de libertação bíblica, esperança de uma vida livre da escravidão, o povo negro como a primeira criação humana de Deus, e de um Cristo não-branco.”

Se os fatos acima estão corretos temos de homenagear Agostinho José Pereira e sua igreja progressista negra em Pernambuco. Nossa origem, portanto, é mais rica do que parece ser nos relatos oficiais.

Júlio Borges de Macedo Filho

PASTOR JULIO BORGES DE MACEDO FILHO Piauiense de Curimatá, 72 anos com 48 de pastorado, filho de Julio Borges de Macedo e Arquimínia Guerra de Macedo, é o sétimo filho de uma família de onze irmãos. Casou-se, há 48 anos no dia de sua ordenação ao ministério pastoral, com a professora Gislene Rodrigues Lemos de Macedo e tiveram quatro filhos: Juliene, Jusiel (falecido), Julinho e Julian. Agora Deus lhe deu a primeira neta chamada Sarah, de apenas 8 anos. Concluiu o curso de Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, em Recife. Formou-se em 1969 e foi ordenado ao ministério pastoral no dia 22 de fevereiro do mesmo ano. Pastoreou as seguintes igrejas: Igreja Batista do Rio Largo – AL (1969 a 1972), Primeira Igreja Evangélica Batista de Teresina – PI (1972 a 1978), Primeira Igreja Batista de Ilhéus – BA (1978 a 1979), Terceira Igreja Batista do Plano Piloto – Brasília (1979 a 1989), Igreja Batista Noroeste de Brasília (interinamente em 1985), Primeira Igreja Batista de Curimatá – PI (interinamente em 2000), e desde 1989, a Igreja Cristã de Brasília. Tomou a iniciativa para a organização das seguintes igrejas: Primeira Igreja Batista de Picos –PI, Igreja Batista do Lago Norte – Brasília, Igreja Batista Noroeste de Brasília (hoje, Igreja Batista Viva Esperança), e a Igreja Cristã de Brasília. Ordenou cerca de 20 pastores e uma pastora, consagrou dezenas de diáconos e diaconisas por onde passou, e celebrou mais de 500 casamentos. É considerando no Distrito Federal um pastor de pastores. Líder denominacional foi presidente da Convenção Batista Alagoana, da Convenção Batista do DF (três vezes), do Conselho de Pastores Evangélicos dos DF (duas vezes); participou de vários organismos batistas como o Conselho de Planejamento e Coordenação da Convenção Batista Brasileira, das juntas administrativas do Seminário Teológico Batista Equatorial e do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil; e por 20 anos foi professor da Faculdade Teológica Batista de Brasília ensinando as seguintes disciplinas: Estudos de problemas brasileiros, ética cristã, teologia pastoral, teologia contemporânea, ministério urbano, teologia bíblica do Antigo Testamento, e homilética. Como teólogo produziu muitos artigos, teses, e palestras nos mais diferentes lugares, e participou de muitos congressos, seminários, fóruns, retiros, entre eles o Congresso Internacional Lousane II realizado em Manila, Filipinas em 1989. Foi orador de várias assembléias convencionais, e pregou em muitos congressos e igrejas por todo o Brasil. Como poeta e escritor já gestou e publicou cinco livros (Missão da Igreja e responsabilidade social, Voando nas asas da fé, Um sonho coberto de rosas, Suave perfume, e Uma grande mulher), tem quatro prontos para publicação, e está grávidos de mais dez livros que espera escrever e publicar nos próximos oito anos. Na área política assessorou deputado Wasny de Roure, por muitos anos, tanta na CLDF como na Câmara dos Deputados; assessorou por pouco tempo os deputados distritais Peniel Pacheco e Arlete Sampaio; o Ministro da Educação, Cristovam Buarque, como chefe da Assessoria Parlamentar do MEC, e depois assessor parlamentar do Senador Cristovam Buarque. Nesta área produziu muitos escritos sobre os evangélicos e a política, fez inúmeras palestras, promoveu muitos seminários, e foi fundador e coordenador de vários fóruns, entre eles o Fórum Político Religioso do PT, o Fórum Religioso de Diálogo com GDF, o Fórum Cristão do PT Chegou a Brasília em junho de 1969 e, desde então, a elegeu como sua cidade do coração. Agora, aposentado, deseja dedicar-se a apenas duas atividades essenciais: pastorear graciosamente a Igreja Cristã de Brasília e Brasília, e escrever apaixonadamente. Sua grande ênfase ministerial tem sido o amor cristão, a graça maravilhosa de Deus revelada em Jesus Cristo, a responsabilidade social das igrejas e dos cristãos, e o ministério urbano da igreja.

5 thoughts on “O Lutero Negro

  • Acácio Carneiro

    Este assunto é de fundamental importância para mim, pois estou fazendo o meu trabalho de pós-graduaçpão sobre esta igreja e gostaria de mais informações!

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    • Caro Acácio:

      Não sou um pesquisador da área, mas um curioso sobre o assunto. Li um artigo de Hernani Francisco da Silva, presidente da Sociedade Cultural Missões Quilombo, sobre o Lutero Negro. Provavelmente você encontrará no Google pesquisando os dois nomes acima. Espero que sua tese de pósgraduação contribua para para resgatar uma página tão linda de nossa história, e se faça justiça.

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      • Acácio Carneiro

        Obrigado pala força, vou pesquisar os nomes. caso você tenha algo mais me envie.

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    • Carlos Henrique Rogaciano

      Também tenho grande interesse nesse assunto.

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  • Gildo Andrade

    Sou Pr membro da /o:Association Santos-Nordestinos, Move Jesus 100% Afro,MEI ministerio interdenominational da Igreja das Diversidade de Deus (1Co.12) – Pastoral da Negritude de Cristo,Universitario e membro do Conselho Municipal de Participation e Desenvolvimento da Com.Negra e da Igualdade Racial …tenho feito pesquisa a respeito da negritude crista,das religioes de matrizes africanas. O artigo de Hernani…e de suma importancia p quem estuda,pesquisa,etc a respeito.

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