Artigos

O Mal Bem Feito

O MAL BEM FEITO

Julio Borges Filho

Pascal disse que “nunca o mal é tão bem feito quando vem feito com boa vontade”. Por causa desse equívoco Jesus foi preso, torturado e crucificado. Antes dele todos os profetas foram chacinados, e depois os apóstolos e mártires. Hoje essa lógica perversa continua dando razão ao Apóstolo do amor quando disse que “o mundo jaz no maligno.”

Tomemos por exemplo a atual campanha eleitoral. Está bem claro que o candidato bom é Fernando Haddad por sua formação humanística e intelectual, pelos serviços prestados à nação como professor da USP, como Ministro da Educação e como prefeito de São Paulo. Bolsonaro é o candidato mau pela sua história de truculência no exército, na Câmara de Deputados, e na vida pessoal. Todavia ele parece ser o bom para milhões e faz uma campanha imoral repleta de Fake News (mentiras) e as pessoas acham que é verdade. O mal está sendo bem feito e com boa vontade de grupos econômicos (12 milhões só em Fake News por 156 empresas), da elite brasileira, da classe média alta, e, pasmem, de líderes e igrejas evangélicas com muita moralidade e quase nenhuma moral. Cristãos e religiosos são manipulados, pobres são enganados votando no candidato dos ricos, e até negros, mulheres e gays preferindo o candidato que os pisa.

A impressão que tenho é que o candidato mau desempenha um papel hipócrita encarnando causas que nunca foi dele. Defende a família, mas já está no terceiro casamento, e a segunda mulher, na separação, registrou ocorrência policial acusando-o de arrombar um cofre de banco para roubar o equivalente a seiscentos mil reais, e também o acusou de tê-la ameaçado de morte. Haddad, casado a 30 anos com a mesma mulher, deveria receber os votos dos que defendem a causa da família como os religiosos católicos e evangélicos. Este, pelo contrário, é preterido por milhões por causa de um “kit gay” que nunca existiu a ponto de ser proibido a propaganda pelo TSE. A hipocrisia está rolando solta e o mal está sendo bem feito e com boa vontade.

E, finalmente, não se enganem, há interesses externos poderosos e escusos que desejam que o Brasil continue vassalo dos interesses dos Estados Unidos e das grandes petrolíferas mundiais. A Amazônia e os índios serão vítimas, uma vez a candidatura do mal não se importa com o meio ambiente. Bolsonaro é o candidato do sistema econômico iníquo que governa o mundo, do neoliberalismo entreguista das riquezas nacionais, e de interesses econômicos que querem perpetuar a nossa imoral desigualdade social semeando a pobreza e a miséria de sofrido povo, e apresenta-se como candidato antisistêmico. O voto antiPT e os votos nulos favorecem o mal e não ao bem. O candidato mau é tão mau que foge dos debates onde seria confrontado e, com certeza, entraria em contradição revelando sua verdadeira face. Assim agem os covardes e os fracos. Seu filho, Eduardo, eleito com a maior votação do país para deputado federal, afirmou desprezo pelo STF e pelo estado democrático de direito.

Apesar do candidato Bolsonaro ser fascista, racista e machista, é um grande erro pensar que a maioria de seus eleitores o sejam. A maioria absoluta é de pessoas decentes, religiosas e honestas que votam em protesto contra o falido sistema político brasileiro, em parte influenciada pela Lava Jato. A operação tem sua cota de culpa por ser conduzida de maneira politizada e parcial chegando ao cúmulo de prender Lula que ganharia a eleição no primeiro turno. Estimulou, assim, um processo sem controle baseado em dois sentimentos: o ódio e o medo. Caso vença a eleição, a vitória de Bolsonaro seria tão grave que aniquilaria qualquer investigação independente. Ele, portanto, não é um adversário político, mas adversário da própria democracia. O que fazer para evitar isso e fazer o povo ouvir a voz da esperança e do amor? Acho que duas coisas. Em primeiro lugar mostrar que Bolsonaro não é candidato fora do sistema. Viveu e se alimentou do sistema não abrindo mão de nenhuma mordomia de deputados federais, enriqueceu, tinha uma funcionária fantasma, e seu guru, Paulo Guedes que seria o poderoso ministro da economia em seu eventual governo, é neoliberal e construiu sua fortuna dentro do sistema sob patrocínio dos EUA. Em segundo lugar é a questão dos direitos. Ele votou pela reforma trabalhista de Temer, quer retirar direitos dos trabalhadores, seu vice quer retirar o 13º salário e férias, e seu economista já manifestou desejo de aumentar o Imposto de Renda das famílias pobres que hoje são isentas. Além do mais o autoritarismo, a ditadura e a tortura são diabólicos e claramente defendidos pelo candidato de extrema direita. E ainda tem a desplante de usar a Bíblia.

O mal está sendo bem feito e com muita boa vontade, inclusive, de pessoas de bem. Mas eu acredito, como o Apóstolo Paulo quando escreveu: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” Nossa única esperança de vencer o mal político e sistêmico e preservar a democracia no Brasil chama-se Fernando Haddad 13.

Júlio Borges de Macedo Filho

PASTOR JULIO BORGES DE MACEDO FILHO Piauiense de Curimatá, 72 anos com 48 de pastorado, filho de Julio Borges de Macedo e Arquimínia Guerra de Macedo, é o sétimo filho de uma família de onze irmãos. Casou-se, há 48 anos no dia de sua ordenação ao ministério pastoral, com a professora Gislene Rodrigues Lemos de Macedo e tiveram quatro filhos: Juliene, Jusiel (falecido), Julinho e Julian. Agora Deus lhe deu a primeira neta chamada Sarah, de apenas 8 anos. Concluiu o curso de Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, em Recife. Formou-se em 1969 e foi ordenado ao ministério pastoral no dia 22 de fevereiro do mesmo ano. Pastoreou as seguintes igrejas: Igreja Batista do Rio Largo – AL (1969 a 1972), Primeira Igreja Evangélica Batista de Teresina – PI (1972 a 1978), Primeira Igreja Batista de Ilhéus – BA (1978 a 1979), Terceira Igreja Batista do Plano Piloto – Brasília (1979 a 1989), Igreja Batista Noroeste de Brasília (interinamente em 1985), Primeira Igreja Batista de Curimatá – PI (interinamente em 2000), e desde 1989, a Igreja Cristã de Brasília. Tomou a iniciativa para a organização das seguintes igrejas: Primeira Igreja Batista de Picos –PI, Igreja Batista do Lago Norte – Brasília, Igreja Batista Noroeste de Brasília (hoje, Igreja Batista Viva Esperança), e a Igreja Cristã de Brasília. Ordenou cerca de 20 pastores e uma pastora, consagrou dezenas de diáconos e diaconisas por onde passou, e celebrou mais de 500 casamentos. É considerando no Distrito Federal um pastor de pastores. Líder denominacional foi presidente da Convenção Batista Alagoana, da Convenção Batista do DF (três vezes), do Conselho de Pastores Evangélicos dos DF (duas vezes); participou de vários organismos batistas como o Conselho de Planejamento e Coordenação da Convenção Batista Brasileira, das juntas administrativas do Seminário Teológico Batista Equatorial e do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil; e por 20 anos foi professor da Faculdade Teológica Batista de Brasília ensinando as seguintes disciplinas: Estudos de problemas brasileiros, ética cristã, teologia pastoral, teologia contemporânea, ministério urbano, teologia bíblica do Antigo Testamento, e homilética. Como teólogo produziu muitos artigos, teses, e palestras nos mais diferentes lugares, e participou de muitos congressos, seminários, fóruns, retiros, entre eles o Congresso Internacional Lousane II realizado em Manila, Filipinas em 1989. Foi orador de várias assembléias convencionais, e pregou em muitos congressos e igrejas por todo o Brasil. Como poeta e escritor já gestou e publicou cinco livros (Missão da Igreja e responsabilidade social, Voando nas asas da fé, Um sonho coberto de rosas, Suave perfume, e Uma grande mulher), tem quatro prontos para publicação, e está grávidos de mais dez livros que espera escrever e publicar nos próximos oito anos. Na área política assessorou deputado Wasny de Roure, por muitos anos, tanta na CLDF como na Câmara dos Deputados; assessorou por pouco tempo os deputados distritais Peniel Pacheco e Arlete Sampaio; o Ministro da Educação, Cristovam Buarque, como chefe da Assessoria Parlamentar do MEC, e depois assessor parlamentar do Senador Cristovam Buarque. Nesta área produziu muitos escritos sobre os evangélicos e a política, fez inúmeras palestras, promoveu muitos seminários, e foi fundador e coordenador de vários fóruns, entre eles o Fórum Político Religioso do PT, o Fórum Religioso de Diálogo com GDF, o Fórum Cristão do PT Chegou a Brasília em junho de 1969 e, desde então, a elegeu como sua cidade do coração. Agora, aposentado, deseja dedicar-se a apenas duas atividades essenciais: pastorear graciosamente a Igreja Cristã de Brasília e Brasília, e escrever apaixonadamente. Sua grande ênfase ministerial tem sido o amor cristão, a graça maravilhosa de Deus revelada em Jesus Cristo, a responsabilidade social das igrejas e dos cristãos, e o ministério urbano da igreja.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *