Sermões

A Capital do Universo

Sermão :                  A CAPITAL DO UNIVERSO         – Apoc. 21 e 22:5

 

Pastor Julio Borges Filho           

 

INTRODUÇÃO:

O Rio de Janeiro, nossa cidade maravilhosa, com as Olimpíadas e Paraolimpíadas 2016, será a capital do mundo por quase dois meses. Trata-se da maior confraternização universal com bilhões de pessoas acompanhando em toda a terra. O melhor de cada nação está no Rio para as competições dentro do ideal olímpico de fraternidade, solidariedade, respeito e paz. Mas a presença do mal humano ameaça os jogos. Babel (Gn 11) = A busca da unidade humana através de uma só linguagem (projeto humano). O império Babilônico tentou impor isso ao mundo com sua avenida central com uma grande praça para a confraternização dos povos, com o rio Eufrates cortando-a, seus jardins suspensos e suas torres que tocavam o céu. Tudo terminou em confusão (Babel).

– A Bíblia termina com a visão de novo céu e nova terra e da Nova Jerusalém, a Capital do Universo, recebendo a glória das nações, isto é, o melhor da diversidade humana. Diversidade e unidade finalmente juntas com o mal plenamente banido. O que vemos na Revelação deve influenciar nossa visão do mundo numa escatologia não alienada. Devemos defender aqui o ideal de fraternidade universal que nos é revelado numa nova humanidade plenamente redimida. Não farei uma exegese do texto cheio de simbolismos profundos. Ficarei apenas as características essenciais da Nova Jerusalém e como elas devem nos afetar como igreja na cidade. São sete os setenários do Apocalipse: 7 igrejas, 7 anjos, 7 espíritos, 7 selos, 7 trombetas, e 7 flagelos. São sete as características que pintarei, com minha limitação humana, da Nova Jerusalém.

  1. É BELA E PLENA, 21:1-11

– Uma noiva ornamentada – Uma noiva ornamentada é o que há de mais belo no mundo. É puro encanto e beleza humana e divina.

– Tabernáculo de Deus com os homens – O lugar da absoluta realização humana onde os sonhos se realizam. O que para nós utopia, lá é realidade. Fomos feitos para o céu e isso está expresso em nossa literatura e música: 1) A balada de um homem sem rumo, 2) A Lenda do Arco-íris. Nada de lágrimas e sofrimentos.

– Tudo é maravilhosamente novo porque a cidade tem a glória de Deus. E nós sonhamos com ela, e isso está claro na nossa poesia e música: 1) Balada de um homem sem rumo: “Deve haver um lugar bem distante, outro céu, outra terra, outro mar, onde a vida não para e tudo se transforma, onde a paz e o amor eu consiga encontrar. Caminhando sem rumo eu vou sem destino procurando encontrar um mundo melhor, onde a vida não para e tudo se transforma, onde a paz e o amor eu consiga encontrar”; 2) A Lenda do arco-íris: “Certa vez eu ouvi alguém contar que além sobre o arco-íris há um lugar onde o céu sempre azul nos faz sonhar, onde a gente consegue um sonho realizar. Por isso quando a chuva tamborila na vidraça da janela, eu fito o arco-íris na esperança de encontra a região tão bela, onde o céu sempre azul nos faz sonhar, onde a gente consegue um sonho realizar”. E que o que dizer todas as utopias humanas? Só aqui não é uma utopia, é uma revelação de Deus.

O brilho era como uma pedra preciosíssima, como uma pedra de jaspe cristalina, a pedra de Deus, que sob a luz reflete multicores = A diversidade cultural e racial. Se ela não refletisse diversas cores, não é uma joia tão rara.

  1. É SEGURA, HOSPITALEIRA E FIRME, 21:12-14

– Uma grande e alta muralha – Para que muralhas se já temos muros demais? Há o elemento de segurança: Deus; a existência da muralha separa quem está dentro de quem está fora. A grande muralha humana é a fronteira entre a crença e a descrença. Mas aqui a muralha significa absoluta segurança e proteção contra as investidas do Inferno.

– 12 portas para os quatro cantos do universo: Não há cultura ou povo excluído. Elas estão sempre abertas para entrada e para a saída. 12 anjos guardiões delas. Nomes: As 12 tribos de Israel, a revelação do AT que abriu caminho para Cristo. A relação entre o AT e NT é indissolúvel, este é a plenitude daquele. As portas estarão sempre abertas no dia eterno. Não haverá mais noite.

– 12 fundamentos com o nome dos Apóstolos do Cordeiro. O mundo novo está fundado nos alicerces do Evangelho. Nada de lei, polícia, juízes, mas apenas a pura graça. 

  1. É QUADRANGULAR, GRANDE E RICA, 21:15-21

– É quadrangular, cúbica, a forma ideal para os antigos da construção do belo. Há aqui dois elementos: o poético = o belo, o que Deus queria; e o eterno porque o cubo é a imagem da solidez, do inabalável, do acabado. Equilíbrio: Para o alto, com Deus; para o lado com os homens entre si; e para o fundo consigo mesmo. Deus tem o lugar exato, os outros também, e nós mesmos teremos o nosso equilíbrio interno.

– É grande – A medida é 12×12, o que significa a perfeição na união perfeita de Deus e da criação. É a conclusão ideal. A medida humana: 2.220 km de comprimento, largura e altura. Medida de anjo: espiritual/imaginação. A cidade é grande, há lugar para todos os migrantes de Deus.

– É rica A estrutura da cidade é de jaspe. Jaspe é a pedra de Deus = Deus envolve a cidade. A praça é de ouro puro (vidro cristalino) = Clareza, espiritualidade, moralidade. Sem nódoa, mancha. Há transparência: isso é tanto individual como social. Santidade. Os 12 fundamentos são ornamentados de toda espécie de pedras preciosas (O Evangelho é nosso maior bem). As 12 portas são 12 pérolas. A cidade e sua praça é de ouro puro (vidro límpido) = clareza, espiritualidade, moralidade. Sem nódoa ou mancha. A transparência e leveza é individual e social. O que aqui para nós é pedra ou metal precioso, lá é material de construção ou ornamentação. A riqueza é de todos. Nada de mercado controlado pelos ricos, nada de miséria do povo. A economia finalmente redimida de todo o mal, e a corrupção banida.

  1. É LAICA, 21:22 – “Nela não vi santuário”. Não há mais necessidade de templos nem de religiões. Estaremos imersos na realidade divina. Tudo, até a matéria, é espiritual. A espiritualidade é o nosso maior bem, é o tesouro que ladrão não pode roubar, a ferrugem não consume, e a traça não ataca. 
  1. É PURA LUZ E PUREZA, 21:23-27 – Nada da luz do sol, da lua ou elétrica. A glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua lâmpada. As nações andarão nesta luz e trazem para a Capital a sua glória. Finalmente o fim da energia suja e da poluição ecológica. 
  1. É VIDA E SAUDE, 22:1-3ª – O Rio de água viva, puríssima = O Espírito Santo. A Árvore da Vida no meio da praça nas margens do Rio com seus doze frutos que curam todos os males. E nunca mais haverá qualquer maldição. O mundo livro do mal, totalmente redimido. 
  1. É A PLENITUDE DA REALEZA, 22:3a-5 – Nela está o trono do Cordeiro. Seremos, finalmente, servos e reis e reinaremos pelos séculos dos séculos. Sermos uns dos outros e de Deus, e reis de nós mesmos e de uma nova criação. É a redenção da política, livre da vaidade e da ambição: Todos procurando o bem de todos. O poder retorna a Deus e Ele, finalmente, será tudo em todos. 

CONCLUSÃO

Longe de nós uma escatologia alienada: A visão da Capital do universo clareia nossa missão no mundo em que vivemos, pois a concretude histórica da cidade santa, um anteprojeto,  é a Igreja:

  1. Temos a maquete do belo em nossas almas e devemos combater tudo que é feio e preconceituoso, e promover a fraternidade humana em Cristo como nos ensina o Pai Nosso.
  2. Nossas portas devem estar sempre abertas para todos de forma segura tendo por fundamento o Evangelho do Senhor Jesus Cristo.
  3. A Igreja é grande e está nos quatro cantos da terra, mas sua riqueza não se baseia em bens matérias e passageiros, mas nos bens espirituais e perenes, e na capacidade de servir.
  4. O templo, desde a sua origem, objetivou domesticar Deus, mas Ele não habita em templos feitos por mãos humanas, mas em nós que somos templos do Espírito Santo. Nada de religião alienante, mas de espiritualidade que invada todas as áreas de nossas vidas.
  5. O brilho da luz clareia as trevas e orienta a direção certa, pureza e a leveza significam valores éticos e morais. “Vós sois a luz do mundo”. Devemos ser a vanguarda, sempre inconformada com o mundo, apontando-lhe o caminho. A voz profética é essencial à igreja. Sem ela o povo se corrompe.
  6. A vida eterna e abundante que Jesus prometeu é plena: a água que mata a nossa sede existencial é o Espírito Santo que faz brotar em nós os rios de água viva. E desde já gozamos a vitória sobre a morte e enfermidades porque nos alimentamos da arvore da vida que nos cura de todos os males.
  7. Seremos reis que servem a humanidade e a criação. Esta é a verdadeira realeza e nunca a que domina e oprime ou é corrupta.

– O belo poema do Pastor José Carlos Torres: HAVERÁ UM DIA

Haverá um dia
Quando o mundo cantará o cântico da paz,
E todos os povos, irmanados e de mãos dadas,
Viverão o tempo do amor inigualado.

Haverá um dia
Quando outra vez poderemos passear pelas ruas e praças,
Hoje varridas pela violência incontida da morte,
Em sua derrotada luta para dar fim à vida.

Haverá um dia
Quando velhos, crianças e jovens, de todos os povos,
Desprovidos de incompreensões e disputas mesquinhas,
Juntos brincarão de roda e construirão um mundo novo.

Haverá um dia
Quando pretos e brancos e todas as raças,
Livres da estupidez dos preconceitos,
Formarão um quadro de beleza e unidade sem igual.

Haverá um dia
Em que a competição selvagem dará lugar à solidariedade
E, de lobos vorazes e solitários,
Seremos transformados em amantes e irmãos.

Haverá um dia
Quando a esperança se mostrará vitoriosa,
Arrancando do coração do homem o vazio de hoje
E devolvendo-lhe a fascinante capacidade de sonhar.

Haverá um dia
Quando as guerras serão coisas do passado
E, sem os grilhões do ódio e seus horrores,
Os homens viverão num mundo diferente.

Haverá um dia
Em que a liberdade, a igualdade e a paz,
A justiça, a fraternidade e o amor
Serão as verdades pelas quais viveremos.

Haverá um dia
Em que não existirão ricos morrendo do câncer do seu egoísmo,
Nem pobres tragados pela fome, pelo frio e pelo desamparo,
Num mundo onde há bastante para todos.

Haverá um dia
Quando o sol de um novo tempo raiará
E, juntos, entoaremos um alegre cântico de vitória,
Certos de que também fomos forjadores desta nova alvorada.

Júlio Borges de Macedo Filho

PASTOR JULIO BORGES DE MACEDO FILHO Piauiense de Curimatá, 72 anos com 48 de pastorado, filho de Julio Borges de Macedo e Arquimínia Guerra de Macedo, é o sétimo filho de uma família de onze irmãos. Casou-se, há 48 anos no dia de sua ordenação ao ministério pastoral, com a professora Gislene Rodrigues Lemos de Macedo e tiveram quatro filhos: Juliene, Jusiel (falecido), Julinho e Julian. Agora Deus lhe deu a primeira neta chamada Sarah, de apenas 8 anos. Concluiu o curso de Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, em Recife. Formou-se em 1969 e foi ordenado ao ministério pastoral no dia 22 de fevereiro do mesmo ano. Pastoreou as seguintes igrejas: Igreja Batista do Rio Largo – AL (1969 a 1972), Primeira Igreja Evangélica Batista de Teresina – PI (1972 a 1978), Primeira Igreja Batista de Ilhéus – BA (1978 a 1979), Terceira Igreja Batista do Plano Piloto – Brasília (1979 a 1989), Igreja Batista Noroeste de Brasília (interinamente em 1985), Primeira Igreja Batista de Curimatá – PI (interinamente em 2000), e desde 1989, a Igreja Cristã de Brasília. Tomou a iniciativa para a organização das seguintes igrejas: Primeira Igreja Batista de Picos –PI, Igreja Batista do Lago Norte – Brasília, Igreja Batista Noroeste de Brasília (hoje, Igreja Batista Viva Esperança), e a Igreja Cristã de Brasília. Ordenou cerca de 20 pastores e uma pastora, consagrou dezenas de diáconos e diaconisas por onde passou, e celebrou mais de 500 casamentos. É considerando no Distrito Federal um pastor de pastores. Líder denominacional foi presidente da Convenção Batista Alagoana, da Convenção Batista do DF (três vezes), do Conselho de Pastores Evangélicos dos DF (duas vezes); participou de vários organismos batistas como o Conselho de Planejamento e Coordenação da Convenção Batista Brasileira, das juntas administrativas do Seminário Teológico Batista Equatorial e do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil; e por 20 anos foi professor da Faculdade Teológica Batista de Brasília ensinando as seguintes disciplinas: Estudos de problemas brasileiros, ética cristã, teologia pastoral, teologia contemporânea, ministério urbano, teologia bíblica do Antigo Testamento, e homilética. Como teólogo produziu muitos artigos, teses, e palestras nos mais diferentes lugares, e participou de muitos congressos, seminários, fóruns, retiros, entre eles o Congresso Internacional Lousane II realizado em Manila, Filipinas em 1989. Foi orador de várias assembléias convencionais, e pregou em muitos congressos e igrejas por todo o Brasil. Como poeta e escritor já gestou e publicou cinco livros (Missão da Igreja e responsabilidade social, Voando nas asas da fé, Um sonho coberto de rosas, Suave perfume, e Uma grande mulher), tem quatro prontos para publicação, e está grávidos de mais dez livros que espera escrever e publicar nos próximos oito anos. Na área política assessorou deputado Wasny de Roure, por muitos anos, tanta na CLDF como na Câmara dos Deputados; assessorou por pouco tempo os deputados distritais Peniel Pacheco e Arlete Sampaio; o Ministro da Educação, Cristovam Buarque, como chefe da Assessoria Parlamentar do MEC, e depois assessor parlamentar do Senador Cristovam Buarque. Nesta área produziu muitos escritos sobre os evangélicos e a política, fez inúmeras palestras, promoveu muitos seminários, e foi fundador e coordenador de vários fóruns, entre eles o Fórum Político Religioso do PT, o Fórum Religioso de Diálogo com GDF, o Fórum Cristão do PT Chegou a Brasília em junho de 1969 e, desde então, a elegeu como sua cidade do coração. Agora, aposentado, deseja dedicar-se a apenas duas atividades essenciais: pastorear graciosamente a Igreja Cristã de Brasília e Brasília, e escrever apaixonadamente. Sua grande ênfase ministerial tem sido o amor cristão, a graça maravilhosa de Deus revelada em Jesus Cristo, a responsabilidade social das igrejas e dos cristãos, e o ministério urbano da igreja.

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