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Como restaurar a comunhão com Deus

Reverendo Augusto Pedra

Será possível ao homem comunicar-se com Deus? Estaria o Deus Criador, o Todo Poderoso, transcendente em sua essência, interessado em comunicar-se com o homem? É verdade que Ele é imanente, que quer se aproximar, restabelecer a comunhão e morar em nosso coração? É possível Deus agir para encontrar-se conosco, visando resgatar-nos do pecado e ainda tornar- nos filhos, seus herdeiros? Como isso se torna possível?

A Bíblia retrata a história de Deus em busca de salvar e resgatar o homem para si, para sua comunhão. Ele se revelou e se comunicou a homens de fé, seus resgatados e fez com que registrassem sob sua inspiração, suas palavras e sua vontade, em seus devidos contextos, para orientar quanto ao caminho de sua intimidade.

Ele os orientou para saberem como lidar com as coisas da vida, ligadas a questões existenciais, familiares, ambientais, sociais, políticas, econômicas, militares, etc. “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Timóteo 3:16-17).

O homem foi criado dotado de inteligência, da capacidade de fazer escolhas e de tomar decisões, de se comunicar e com a grande responsabilidade de dominar sobre toda a criação. No entanto ele e sua mulher tomaram uma decisão errada, vindo a comer da árvore do bem e do mal, por sugestão de satanás. Daí em diante passou a sofrer de uma culpa existencial, que embotou sua mente e coração, tornando-o incapaz de escolher plenamente o bem, tendo sido esta a origem do pecado, que o afastou da comunhão plena com o criador e do paraíso perdido.

O mal passou a residir no coração do homem, em conseqüência, prejudicou suas escolhas e ações, promoveu em sua mente um grande conflito intrapsíquico, que o apóstolo Paulo assim descreve “Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro e sim o que detesto… pois o querer o bem esta em mim, não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” (Romanos 7:15,18-25).

Todos os filhos de Adão e as filhas de Eva sofrem desta crise existencial até o momento da conversão, em que a comunhão com Deus é restaurada, por mediação de Jesus Cristo. “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos…” (1 Tm 2:5-6).

Jesus de Nazaré, o Verbo de Deus (ação criadora de Deus), veio para mudar esta história, mas diante do distanciamento do homem das coisas de Deus, que encontrou, proferiu seu lamento sobre a cidade que deveria ser luz para as nações: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas e vós não quisestes!” (Mateus 23:37).

Deus em sua infinita Graça, expressa em amor, bondade, misericórdia e justiça, providenciou os meios para que a comunhão fosse restabelecida, tendo na vinda de Jesus ao mundo o clímax desta “Providencia”. Não há nada que façamos ou deixemos de fazer que leve Deus a nos amar mais ou menos, pois seu amor é incondicional. No entanto, somos responsáveis diante dele pelos nossos atos e suas conseqüências. “Porque pela Graça sois salvos, mediante a fé e isto não vem de vós é dom de Deus, não de obras para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9).

Deus é bom quando me dá o que não mereço – a salvação. Deus é misericordioso quando não me dá o que mereço – a condenação pelos meus pecados. Ele é justo quando me concede, não por obras, a justificação pela fé, porque Jesus morreu na cruz em nosso lugar, para pagar pelos nossos pecados.

Tendo a paz com Deus estabelecida, abre-se o canal de relacionamento e de comunicação com o Pai Celestial. Em o nome de Jesus torna-se possível dialogar, pedir, interceder, suplicar, desabafar, lamentar e somos atendidos, não por nosso merecimento, mas por Graça, “… mas onde abundou o pecado, superabundou a Graça…” (Romanos 5:20).

A oração, a leitura da palavra de Deus e as ações movidas por fé são os principais recursos disponíveis para que a nossa comunhão seja restabelecida com Deus. Se pela sua palavra Deus fala ao homem, é pela oração com fé que o homem comunica-se com Deus. A oração é a forma estabelecida nas Escrituras para que o homem se comunique com Ele, em todos os momentos da vida, principalmente em momentos de crise.

Os personagens bíblicos sempre recorreram ao Senhor em oração e o fizeram nas mais diversas situações, em seus diferentes contextos, ao longo de mais de dois mil anos de história bíblica. O Senhor sempre os ouviu e os socorreu, e em todo tempo os amou. Orar é, portanto, a forma mais simples de buscarmos a intimidade do Senhor. Basta em atitude sincera dirigir-se a Ele, em o nome de Jesus, experimente!

Evite usar palavras rebuscadas. Basta abrir o coração, do seu jeito. Lembre-se que “Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo…” (Êxodo 33:11). Faça isso agora e verá que não é tão difícil quanto parece! Foque sua atenção. É só começar. Não deixe para depois! Que Ele venha ao seu encontro neste instante e o abençoe, rica e abundantemente! Que seja assim na tua vida amigo!

Brasília/DF, 21 de janeiro de 2011.

Rev. Augusto Pedra

Teólogo. Psicólogo. Psicoterapeuta. Pastor Evangélico e Vice-presidente da ICB(*) – Igreja Cristã de Brasília. Especialista em Psicanálise e Inteligência Multifocal na Reconstrução da Educação. Especialista em Teologia da Missão Urbana.