Aparência
RESENHA CRÍTICA DO ARTIGO APARÊNCIA: o que os padrões atuais dizem e as imagens retratam. Esse foi escrito em 03/5/2007, e o julgo atualíssimo em 26/3/2012.
Por Nilson Pereira de Moura – Bacharel em Teologia, Pastor da ICB.
A sociedade pós-moderna vive um processo de desespero e perda de significado. Poderia ser dito um período de falta de segurança e significado, gerando um “modus vivendis” de aparência. A perda de significado e segurança deu-se devido ao abandono dos paradigmas e modelos formados na fase a que chamamos modernidade “período industrial” pela pós-modernidade “pós-industrial”. Este fato tem levado a sociedade atual a buscar um padrão de beleza estética em detrimento da beleza do ser. A primeira somente como padrão físico mediante o culto do físico. As mulheres elegem o padrão esquelético, à moda Gisele Bündchen como padrão de beleza. Os homens por outro lado elegem o padrão “sarado”, à moda rambo anabolizado como seu padrão de beleza. A segunda beleza a ser buscada deve ser a beleza do ser que é muito mais importante para se ter o verdadeiro sentido de segurança e significado. Esta verdadeira beleza tem sido esquecida por muitos que vão à busca de uma ilusória beleza aparente. Nas palavras do apóstolo Pedro:
“A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, como cabelos trançados e jóias de ouro ou roupas finas. Ao contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza demonstrada num espírito dócil e tranquilo, o que é de grande valor para Deus” (1ª Pe 3:3-4).
A indústria cosmética investe pesado para vender seus produtos mágicos de embelezamento exterior e as academias fornecem os equipamentos para sarar os interessados. Há os que querem boa aparência e corpos sarados sem esforços saudáveis e necessários. Esses buscam os recursos das plásticas e lipoaspiração para atingirem uma “aparência perfeita”, outros buscam os coquetéis de drogas anabolizantes para terem os músculos perfeitos. A mídia também investe para vender um padrão falso de beleza perfeita.
Para melhor evidenciar a leitura acima trago ao texto ora escrito o artigo de David A. Powlison em forma de resumo sobre: Sua Aparência: o que os padrões atuais dizem e as imagens retratam segundo David A. Powlison:
“Uma das obsessões mais notáveis na nossa cultura é a busca da beleza física. E ainda: Nossa cultura nos cerca com vozes que falam sobre nossa aparência”.
Essa observação de David Powlison é uma realidade em nossa cultura pós-moderna, assistimos a todo instante e com insistência da mídia que homens e mulheres devem ser, ou melhor, que devem parecer saudáveis. A aparência é valorizada em detrimento do ser, o ser ético, o ser honesto, o ser justo e o ser amoroso não têm mais tanto valor, o que conta é o parecer ter sucesso. David Powlison disse:
“Nossa cultura nos cerca com vozes que falam sobre nossa aparência, o aspecto que devemos ter e os louvores e críticas que supostamente acompanham o sucesso ou fracasso. A mídia massificante sorrateiramente nos ilude com os mesmos padrões visuais”.
A mídia tem sido cruel a ponto de estigmatizar os que não se enquadram no modelo elaborado a partir de um falso padrão de ser. As pessoas têm confundido o parecer ter sucesso com uma vida de ser de sucesso. Não alcançar o padrão pré-determinado pela mídia é ser um verdadeiro fracassado.
A mentira da mídia, paga com o próprio dinheiro do consumidor, nos traz imagens de pessoas “antes” e “depois” de encontrar “verdadeiro” milagre somente visto no marketing comercial. Homens e mulheres não precisam mais de esforços para ser felizes e realizados na vida. Bastam apenas adquirir produtos que além de melhorar a aparência física trará sucesso e felicidade à vida, dando segurança e significado ao consumidor ansioso para se sentir aceito e valorizado na sociedade da aparência. David Powlison traz a lume um comercial que assistiu sobre um homem depressivo e sem sucesso por ser calvo e homem autoconfiante e de sucesso por ter adquirido e usado um produto milagroso. A imagem vendida é:
“se você tiver cabelos no alto da cabeça, você será bem sucedido e feliz, terá vida social duradoura e ganhará muito dinheiro”.
Nas palavras de Powlison as vozes e imagens são usadas pelos comerciais para “fisgar o coração”. A mídia tem o poder de convencer o ouvinte mediante apelo aos anseios do coração do homem. Vejamos segundo o autor referido em que consistem estes anseios:
“Anseios por popularidade, intimidade, felicidade, dinheiro, liberdade, a fonte da juventude. O apelo do comercial joga com a predisposição do coração caído para acreditar em “mentiras”.
Levando-nos a acreditar que temos necessidade de gratificar nossos desejos como uma real necessidade a ser preenchida por valores fúteis e mágicos. Fazendo-nos distanciar da verdadeira necessidade de nossa vida, a verdade de Deus. Essa verdade não pode ser substituída pelas mentiras do mercado. Powlison diz que:
“Idéias e padrões falsos sempre definem ou ofuscam as noções de bem e mal, sucesso e fracasso, valor e estigma. A mentira cria uma visão falsa de vida e de morte, de significado e de futilidade, de felicidade e de infelicidade”.
São esses os valores falsos que nos bombardeiam vinte quatro horas do dia para que sintamos seguros, valorizados e significantes na cultura da aparência. São apresentados cinco valores que definem e estigmatizam homens e mulheres (as mulheres são as maiores vítimas do sistema). O que define este sistema de valores:
“Você deve ser e parecer perfeita; se não, será maldita, fracassada e infeliz;
Você deve parecer ideal, aparência corporal ideal modelo Bárbie;
Você deve parecer com o padrão estipulado pela mídia;
Você deve parecer com um padrão racial dominante; se não será marginalizada;
Você deve sempre parecer, no caso das mulheres, terem sempre a idade de 15 a 40 anos”.
Roberto Shinyashiki em entrevista ISTOÉ On-line faz uma afirmação importante sobre o assunto, Istoé Oline – como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
“O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três as fraquezas. A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. E afirma ainda: “Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer…”.
Os valores falsos são transmitidos e inculcados de forma massacrante por vozes e imagens, pois o coração está desejoso e busca constantemente por satisfação. Assim, David Powlison afirma:
“Se você abraçar o sistema de valores, um dia você cairá em desgraça, não importa como. Ansiamos pelas bênçãos que prometem e temos suas ameaças; ela nos controla e, finalmente, nos matam. Valores padrões que nos escravizam”.
As mulheres em grande maioria são vítimas dos valores padronizados e estigmatizados pela aculturação do marketing midiático, se não atingir o padrão se sentirá fracassada. Na mesma lógica do sistema da aparência os homens também têm sido engolidos pelo culto da aparência como segurança e significado. A palavra de Deus nos alerta a não tornar o modelo da cultura o modelo do cristão quando afirma em Romanos 12.2:
“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transforme-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
A beleza que deve ser cultuada e desenvolvida é a beleza interior que é eterna. Deve-se buscar um valor padrão alternativo. A palavra reveladora de Deus nos alerta sobre o perigo de absolutizar os padrões falsos em detrimento dos verdadeiros. Absolutizar os valores que promovem a mentira é na realidade criar um deus falso. É necessário buscar a liberdade para adoração ao Deus verdadeiro, “belo”, “glorioso” e “admirável”, como bem registra Is 44:6-23 e Salmo 114 sobre os fazedores de deuses falsos e os verdadeiros adoradores que exaltam a beleza e a soberania de Deus.
Concluindo, depreende-se do texto ora analisado que há padrões falsos e verdadeiros para dar segurança, valor pessoal e significado ao ser humano. O padrão falso sistematizado pela mídia que impõe beleza física motivada pelo ter e parecer em detrimento do ser. Homens e mulheres escravizados pela ditadura da aparência sofrem para atingirem esse padrão ilusório. O verdadeiro padrão busca um “modus vivendis” do ser em conflito com o modelo fundamentado apenas na aparência. O verdadeiro padrão busca dar sentido à vida na busca da beleza interior que é eterna e deve-se a todo custo ser buscada. Deve-se resgatar a segurança e o significado para o ser humano a partir do que é duradouro e não do que é efêmero. Deve-se SER mais e parecer menos. Precisa-se resgatar o verdadeiro sentido da vida com retorno ao verdadeiro culto ao SER verdadeiro, belo, glorioso e admirável que é Deus.
LINDO E SUPER VERDADEIRO ESSE TEXTO! PARABÉNS! 🙂
Julia, graça e paz. Deus continue te abençoando.
Nilson Moura, pr.