Estudos no Livro de Colossenses (Parte 2)
ESTUDOS NO LIVRO DE COLOSSENSES (Parte 2)
Colossenses 1.21-2.1-5:
“Antes vocês estavam separados de Deus e, na mente de vocês, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês. Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação, desde que continuem alicerçados e firmes na fé, sem se afastarem da esperança do evangelho, que vocês ouviram e que tem sido proclamado a todos os que estão debaixo do céu. Esse é o evangelho do qual eu, Paulo, me tornei ministro. Agora me alegro em meus sofrimentos por vocês, e completo no meu corpo o que resta das aflições de Cristo, em favor do seu corpo, que é a igreja. Dele me tornei ministro de acordo com a responsabilidade “dispensação”, por Deus a mim atribuída, de apresentar-lhes plenamente a palavra de Deus, o mistério que esteve oculto durante épocas e gerações, mas que agora foi manifestado a seus santos “crentes/cristãos”. A ele quis Deus dar a conhecer entre os gentios a gloriosa riqueza deste ministério, que é Cristo em vocês, a esperança da glória. Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. Para isso eu me esforço, lutando conforme a sua força, que atua poderosamente em mim. Quero que vocês saibam quanto estou lutando por vocês, pelos os que estão em Laodicéia e por todos os que ainda não me conhecem pessoalmente. Esforço-me para que eles sejam fortalecidos em seu coração, estejam unidos em amor e alcancem toda a riqueza do pleno entendimento, a fim de conhecerem plenamente o mistério de Deus, a saber, Cristo. Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. Eu lhes digo isso para que ninguém os engane com argumentos que só parecem convincentes. Porque, embora esteja fisicamente longe de vocês, em espírito estou presente, e me alegro em ver como estão vivendo em ordem e como está firme a fé que vocês têm em Cristo”. (NVI)
No estudo anterior abordei as heresias que ameaçavam a igreja em Colossos e continuam a ameaçar a igreja de Jesus Cristo ainda hoje. Vimos também quem é Jesus Cristo, sua obra redentora e reconciliadora com Deus. Agora nessa perícope veremos como Paulo, o apóstolo, encarou seu chamado ao ministério cristão, apostolado e sua preocupação em revelar o mistério de Deus – Cristo. Também o quanto ele sofreu em trabalho, perseguição e oração pelos povos que não conhecem esse mistério, ou seja, Jesus Cristo e sua obra redentora e reconciliadora do pecador com Deus mediante sua morte na cruz. Para uns esse ato de Deus se tornou escândalo e loucura.
Em 1 Cor 1.18-25 há uma declaração de Paulo simplesmente fantástica a esse respeito, vejamos:
“Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão “perecendo”, morrendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus. Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e rejeitarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o erudito? Onde está o questionador desta era? Acaso não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou a Deus salvar aqueles que creem por meio da loucura da pregação. Os judeus pedem sinais miraculosos, e os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos a Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para os gentios, mas pra os que foram chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria humana, e a fraqueza de Deus é mais forte que a força do homem”. (NVI)
Esse conhecimento mencionado no texto acima, tanto o gnosticismo quanto o judaísmo da época de Paulo não compreenderam, pois o mistério de Deus que é Cristo e a salvação em Cristo, somente poderá ser conhecido pela revelação de Deus. É por iniciativa de Deus que conhecemos a Jesus Cristo, o redentor e o reconciliador do homem com Deus. Esse é o mistério de Deus – Cristo e a sua salvação.
Quero destacar duas verdades afirmadas no trecho de Cl 1.21-2.1-5 sobre o ministério de Paulo e que devem ser compreendidas e vivenciadas por todos os seguidores de Jesus Cristo.
A primeira verdade a destacar nos VV 24-29 é que os “sofrimentos de Cristo” na cruz foram completos e não há nada a acrescentar, entretanto, quando somos chamados a conhecer o mistério de Deus – Cristo, nós passamos a fazer parte do corpo de Cristo que é a sua igreja: A igreja visível e invisível. Quando Paulo fala que completa no seu corpo o que resta das aflições de Cristo, ele está assumindo sua responsabilidade de membro desse corpo. Sua responsabilidade é fazer com que seja conhecido o mistério de Deus que é Cristo e a salvação dos não judeus, como é dito no verso 27 – “A ele (Cristo) quis Deus dar a conhecer entre os gentios a gloriosa riqueza deste ministério, que é Cristo em vocês, a esperança da glória”. Paulo então assume diante de Deus o seu chamado – ele diz que foi feito ministro do evangelho. Ele foi escolhido para apostolado e não escolheu ser apostolo. Tendo a consciência do seu chamamento, ele proclama a Jesus Cristo, advertindo, ensinando com a sabedoria que vem de Deus para que possa apresentar “todo homem perfeito em Cristo”. Ele luta e se esforça para que Cristo seja conhecido. Ele luta não somente com suas próprias armas, mas com o poder, a força de Deus que atua nele poderosamente.
O mistério que esteve oculto agora é revelado e não é preciso ser gnóstico nem judeu para se ter esse conhecimento, pois é do interesse de Deus, este se revelar em Cristo. Esse conhecimento é revelado pela igreja que é o corpo de Cristo. Paulo afirma nos versos 25 e 26 que foi feito ministro da igreja, na NVI “me tornei” e na Almeida E.C “fui feito ministro”. Prefiro a tradução Almeida “fui feito ministro”, embora transcreva abaixo a tradução da NVI por ter uma maior clareza quando traduz “dispensação de Deus por responsabilidade por Deus a mim atribuída”:
“Dela me tornei ministro de acordo com a responsabilidade, por Deus a mim atribuída, de apresentar-lhes plenamente a palavra de Deus, o mistério que esteve oculto durante épocas e gerações, mas que agora foi manifestado aos seus santos”.
Trago para corroborar com a perícope outros textos que nos chamam a ter uma vida exemplar por causa de Cristo que nos deu exemplo a ser seguido, pois é da vontade de Deus que praticando o bem silenciemos os ignorantes e insensatos. Não é um sofrimento que seja consequência de nossos erros, mas um sofrimento que porventura venha em decorrência de uma vida ética, digna e de testemunho em favor do evangelho. Em 1 Pe. 2.11- 23 é dito:
“Amados, insisto em que, como estrangeiros e peregrinos no mundo, vocês se abstenham dos desejos carnais que guerreiam contra a alma. Vivam entre os pagãos de maneira exemplar para que, mesmo que eles os acusem de praticarem o mal, observem as boas obras que vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da sua intervenção. Por causa do Senhor, sujeitem-se a toda autoridade constituída entre os homens; seja ao rei, como autoridade suprema, seja aos governantes, como por ele enviados para punir os que praticam o mal e honrar os que praticam o bem. Pois é da vontade de Deus que, praticando o bem, vocês silenciem a ignorância dos insensatos. Vivam como pessoas livres, mas não usem a liberdade como desculpa para fazer o mal; vivam como servos de Deus. Tratem a todos com o devido respeito: amem os irmãos, temam a Deus e honrem o rei. Escravos, sujeitem-se a seus senhores com todo o respeito, não apenas aos bons e amáveis, mas também aos maus. Porque é louvável que, por motivo de sua consciência para com Deus, alguém suporte aflições sofrendo injustamente. Pois, que vantagem há em suportar acoites recebidos por terem cometido o mal? Mas se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é louvável diante de Deus. Para isso vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando-lhes exemplo, para que sigam os seus passos. ‘Ele não cometeu pecado algum, e nenhum engano foi encontrado em sua boca’. Quando insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça. Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a justiça; por suas feridas vocês foram curados. Pois vocês eram como ovelhas desgarradas, mas agora se converteram ao Pastor e Bispo de suas almas “vidas”. (NVI).
A segunda verdade é apresentada no cap. 2.1-5, a luta física de Paulo pela igreja é continuada pela luta espiritual para com os crentes colossenses, laodicensses e muitos e os demais que não o conheciam pessoalmente.
Qual era a luta de Paulo? O sofrimento de Paulo por Jesus Cristo e por sua Igreja – era um sofrimento por fora e um sofrimento por dentro, ou seja: foi perseguido pelos judeus e pelos gentios incrédulos ao ponto de ser levado à prisão em Roma. Sofria por dentro em espírito de oração para que todos chegassem ao verdadeiro conhecimento, à verdadeira “gnose”. O mistério de Deus em quem todos os tesouros do conhecimento estão escondidos “Nele (Cristo) estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento”. Ele ora em Cl 2.2-3 pelos gentios para que eles sejam:
- Fortalecidos, consolados em seu coração (v 2a) ;
- Unidos em amor (v 2b);
- Alcancem plenamente o mistério de Deus, a saber, Cristo (v 2c).
Os cristãos sendo fortalecidos, consolados, unidos em amor e conhecendo o mistério de Deus em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento, não serão enganados, porque estão vivendo em ordem e firmeza de fé (vv 3-5).
No capítulo 3.14-20 da carta aos cristãos de Éfeso, Paulo reafirma essa oração com mais detalhes de como ele sofria pelos cristãos gentios, ou seja, não judeus. É profunda sua oração:
“Por essa razão, ajoelho-me diante do Pai, do qual recebe o nome toda família nos céus e na terra. Oro pra que, com suas gloriosas riquezas, ele os fortaleça no íntimo do seu ser como poder, por meio do seu Espírito, para que Cristo habite no coração de vocês mediante a fé; e oro para que, estando arraigados e alicerçados em amor, vocês possam, juntamente com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que vocês sejam cheios de toda plenitude de Deus. Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós, a ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo sempre. Amém”.
Conclusão, quando conhecemos verdadeiramente a Jesus Cristo, o mistério de Deus revelado por meio dos evangelhos e dos escritos dos seus verdadeiros apóstolos não seremos enganados por falsos mestres com seus ensinamentos fundamentados em si mesmos e enganos pseudo-filosóficos esvaziados do pleno conhecimento da verdade que Jesus Cristo – escândalo para uns e loucura para outros, mas para nós que estamos sendo salvos é o poder e a sabedoria de Deus.
Aproveito a oportunidade, para citar o Pastor Silas Alves Falcão (in memória) que escreveu em 1957, o livro Meditações em Colossenses, publicado pela Casa Publicadora Batista (pág. 69):
“Cristo é tudo no cristianismo. É tudo na salvação do pecador. É tudo na sua santificação. É tudo no seu porvir. Colocar a Cristo no centro de toda pregação e de todo ensino cristão é dever e privilégio de cada obreiro do evangelho”.