Deus é Paciente
Série de Sermão “Deus é amor”: D E U S É P A C I E N T E – 1 Co. 13:5ª
Pastor Julio Borges Filho
INTRODUÇÃO:
– No sermão “Deus é amor” combatemos as falsas imagens de Deus à luz da suprema revelação cristã que Deus é um Pai de amor. Hoje examinaremos esta faceta do amor ou de Deus: a paciência. A afirmação paulina em 1 Coríntios 13 de que “o amor é paciente”, revela uma faceta da personalidade divina.
– Li, não sei onde, a história de um professor de ateísmo na antiga União Soviêtica provando que Deus não existe. Diante de um auditório ele desafiou: “Se você existe, Deus, pode me fulminar dentro de um minuto”. Houve um minuto de silêncio e logo após o professor afirmou: “Estão vendo? Deus não existe”. Esta hilária experiência do professor provocou num cristão presente o seguinte comentário: “Pobre homem!… Quer esgotar a paciência de Deus em um minuto.” Certo pastor arrancou muitos améns de sua congregação quando afirmou que, se continuarmos cometendo os mesmos erros, Deus vai perder a paciência conosco e nos dar uma lição que não esqueceremos tão cedo. Ambas as coisas são desoladores: a palavra do pastor e os améns alienados das pessoas.
– A criação do universo e do ser humano foi um exercício de grande paciência. Bilhões de anos… Administrar tudo isso tem exigido uma paciência infinita, especialmente com o complexo ser humano, mas o “amor é paciente”. O ato criativo exige paciência, e muita: o cientista, o poeta, o escritor (criação e transpiração), políticos, pais, gestação, etc.. Como seres criados à imagem e semelhança divina, somos seres relacionais. E toda relação também exige o exercício de paciência, e muita paciência. A impaciência gera estresse, ansiedade e problemas de saúde. Ela nos cega para a essência das coisas.
- I. DEUS É PACIENTE, TESTEMUNHA A BÍBLIA
- 1. O Salmo 103:8 e 9: “O Senhor é misericordioso e compassivo, longânimo e assaz benigno. Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira”.
- 2. O exemplo de Jesus Cristo – As tentações, o colégio apostólico, os líderes religiosos, o julgamento, a cruz, etc.
- 3. O Deus da paciência e da consolação – Rm 14:5
– Makrothumia (substantivo) e Makrothumein (verbo) são palavras caracteristicamente cristãs (para os gregos não era virtude alguma) – Descrevem o espírito perserverante que nunca se entrega; a atitude que se deve ter para com o próximo e para conosco mesmos; a grande característica de Deus – Rm 2:4 e 9:22. É a makrothumia de Deus que aguardou, nos dias de Noé, até que a arca fosse construída (1 Pe 3:20); que é responsável pela salvação dos homens (2 Ped 3:9 e 15. Se Deus fosse como nós há muito já teria desistido…
- II. A IRA DE DEUS
- 1. É o amor que nos condena – Agostinho disse que “o Deus que me criou sem eu querer, não me salvará se eu não quiser”.
- 2. É seu juízo contra o mal e a maldade
- 3. Mas é ira santa, sem mágoa: “o amor não se irrita”.
- III. O EXERCÍCIO DA PACIÊNCIA
- 1. Exige o controle da ansiedade. As ansiedades da vida segundo Paul Tillich (Livro: A coragem de ser):
– A ansiedade do destino e da morte;
– Ansiedade da vacuidade e insignificação
– A ansiedade da culpa e condenação
- 2. Exige autocontrole e capacidade de perdoar
– Tiago 1:16-18, 19-20; 5:7;2 Co 6:4; 1 Pedro 2:20.
– Lucas 18:18-22 – A imagem de um Deus impaciente e intolerante, cria uma comunidade doentia e cheia de máscaras. Não há limites para o perdão. Romanos 15:5 orienta: “Ora o Deus da paciência e da consolação vos conceda o esmo sentir de um para com os outros, segundo Cristo Jesus”. Darin Hunfford perguntou a grupo de cem pastores de diversas denominações: “Se você morresse hoje, fosse para o céu e, quando chegasse lá, encontrasse pessoas que tinham sido budistas, hinduístas, e até mesmo homossexuais caminhando ao lado de Jesus, como iria se sentir? A resposta foi unânime: eles ficariam irritados. Uma coisa é acreditarmos que tais pessoas podem ir para inferno por falta do conhecimento de Jesus, mas algo bem diferente é desejarmos que elas sejam mandadas para lá por não podermos conviver com elas.
– Romanos 12:12 – “Regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, e perseverantes na oração”
- 3. Exige a prática da esperança
– Esperança é crer que a qualquer momento o sobrenatural pode invadir nossa vida comum mudando tudo. O paralítico de Betesda atesta isso: ele não desistia… Abraão viveu da espera paciente da promessa – Hb 6:15
– É ter longanimidade = longo ânimo diante das provações da vida – João 16:33. Saber esperar: A música popular de Chico Buarque: Pedro pedreiro: Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã, parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem
De quem não tem vintém
Pedro pedreiro fica assim pensando
Assim pensando o tempo passa
E a gente vai ficando pra trás
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol
Esperando o trem
Esperando o aumento
Desde o ano passado
Para o mês que vem
– Em sumo, á a âncora da alma: “Se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos” – Rm 8:25. Rm. 15:4: “Tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”.
CONCLUSÃO:
– Deus é paciente, e esta Makrotumia deve estar em nós no dia a dia de nossa vida. Deus compartilha conosco a sua vida através de Jesus Cristo e da ação do Espírito Santo em nós.
– Nossa ira não deve durar pouco como recomenda Paulo: “Não ponha o sol sobre a vossa ira”. Como Jesus devemos nos indignar contra o mal, especialmente dentro da igreja, mas ser longânimos em perdoar diante dos pecados humanos como diz o hino: “Olhar com simpatia os erros do irmão/o meu errado irmão”.
– Saber esperar como o agricultou espera a colheita no tempo certo e não desistir nunca como Jacó no Vau do Jaboque que lutou com Deus até receber a bênção. Em nossa luta com Deus, Ele quer ser derrotado para nos abençoar. O próprio Jesus nos contou uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer: A parábola do juiz iníquo ou da viúva persistente. E lembremos Moisés. A Bíblia informa que “era o varão Moisés o homem mais manso na face da terra”. No entanto, por um momento de impaciência e precipitação, perdeu o direito de terminar a sua missão. Morreu antes do tempo e foi sepultado no lugar errado. Deus é paciente. Sejamos pacientes…