E A PALAVRA SE FEZ CARNE
Sermão natalino: “E A PALAVRA SE FEZ CARNE” João 1:1-14 Pastor Julio Borges Filho
INTRODUÇÃO:
– As religiões abraâmicas têm propostas diferentes: O Judaísmo diz: A Palavra se fez Lei, a Torah, tendo como mediador Moisés; O Islamismo afirma: A Palavra se fez Livro, o Alcorão, tendo como mediador o profeta Maomé; e o Cristianismo revoluciona dizendo: “A Palavra/O Verbo se fez carne em Jesus Cristo.
– Na história da igreja cristã estas três propostas se mesclam: O legalismo cristão faz da Palavra, leis… Os fundamentalistas defendem que a Palavra se fez Livro e idolatram a Bíblia proclamando sua inerrância… Mas o verdadeiro cristianismo retoma o tema joanino de que a Palavra de Deus se fez carne. Concentremo-nos no essencial: A Palavra se manifestou na encarnação do Filho de Deus – Hebreus 1:1 e 2.
– Tal afirmação é revolucionária e tem implicações profundas para nossa fé e para a humanidade. A encarnação do Verbo é o milagre dos milagres na história humana. Agostinho se referindo a ela afirmou: “Jesus Cristo como homem não tinha pai, e como Deus não tinha mãe”. O infinito torna-se finito, o onipresente torna-se presente, assume nossa carne mortal e está sujeito às leis e as injustiças dos homens e também suas dores.
- I. “NO PRINCÍPIO ERA O VERBO/A PALAVRA…” – Vrs 1 a 3
- 1. O texto nos transporta para o capítulo 1º de Gênesis – Diante do caos e do vazio, Deus cria e dar sentido a tudo com A Palavra. E disse Deus: “Haja luz, e houve luz”, e assim por diante. A Palavra plural criou o ser humano conforme a imagem e semelhança da Trindade Santa. Era a Palavra de Deus que pergunta ao homem: “Adão, onde estás?” Deus poderia não ter criado o homem sabendo que o homem poderia pecar? Acho que não ou não seria o Deus de amor. Ele se arriscou ao criar o homem. “Sem ele nada do que foi feito se fez”. Basta que olhemos para a cruz. A encarnação do verbo nos diz: Deus não desiste de nós.
- 2. A queda do homem – Se o homem é mal ajustado no mundo deve culpar-se a si mesmo. Deus não o fez assim, mas ele se fez assim ao abusar do seu livre arbítrio. A queda humana não é apenas um fenômeno do passado, mas uma realidade em cada pessoa que vive neste mundo. Quis ser aquém do que foi chamado a ser ao desejar ser igual a Deus. “Foram os homens, e não Deus que inventaram a tortura, os chicotes, as prisões, a escravidão, as armas, as baionetas e as bombas. A pobreza e o excesso de trabalho são produtos da avareza ou da estupidez humana e não um distorção da natureza” (C. S. Lewis). O veredicto paulino está diante de nós: “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Mas há uma saída porque se “em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” – 1 Co 15:22.
- II. “A VIDA ESTAVA NELE…” – Vrs 4-9
- 1. Em Jesus de Nazaré a vida se manifestou em sua plenitude – “Nele estão escondidos o segredo dos mistérios e da ciência”, afirma Paulo. Há uma vida eterna que Ele veio trazer ao mundo: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. Por isso a morte não poderia detê-lo. Ele esmagou a cabeça da serpente quando ressuscitou dentre os mortos.
- 2. “E a vida era a luz dos homens” – Ele veio como luz para nos iluminar no caminho de volta. “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida”.
- III. “…MAS O MUNDO NÃO O CONHECEU…” – Vrs 10 e 11
- 1. O planeta distante e confuso pelo mal – As propostas de Jesus chocavam a sociedade judaica de sua época (Alberto Nolan em “Jesus antes do cristianismo”: 1) O poder é para servir e jamais para oprimir ou mesmo se servir…; 2) A posição social é para todos e não apenas para os orgulhosos e preconceituosos; 3) As posses são para serem compartilhadas e não apenas para serem acumuladas egoisticamente ou usadas para o prazer egoísta; e 4) A solidariedade é para com todos os seres humanos sem distinção, e não apenas para os familiares e os da mesma raça. Por isso Ele foi julgado e crucificado. O mundo não o conheceu e os seus não o receberam.
- 2. O mundo será justamente julgado pela encarnação do Verbo – “Eu tive fome, e não mês deste de comer; tive sede, e não me deste de beber; sendo forasteiro, não mês hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não foste ver-me”…. “Em verdade vos digo que sempre que deixas de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer” – Mateus 25:34-46.
- IV. “…DEU-LHES O PODER DE SEREM FEITOS FILHOS DE DEUS…” – Vrs 12 e13
- 1. Filhos de Deus, de fato, em Cristo Jesus.
- 2. Uma nova humanidade redimida – Nascida não do esperma dos homens ou de anjos, mas de Deus. Nascidos como Jesus na ação do Espírito Santo.
- V. “E O VERBO SE FEZ CARNE…” – Vr 14
- 1. “E habitou entre nós cheio de graça e de verdade” – 1:14 = Gn 2:24
- 2. “E vimos a sua glória…”
CONCLUSÃO:
– É Natal!… Chega de consumismo. A hora é de partilhas das Boas Novas de Salvação por que o mundo continua o mesmo, mesmo com a encarnação da Palavra. A Palavra deve ser ouvida onde precisa ser, levando vida e luz para as pessoas em morte e trevas.
– É Natal!… O Verbo se fez carne dignificando nosso corpo e resgatando-nos à imagem e semelhança de Deus.
– É Natal!… Ouçamos os anjos cantando “Glória a Deus nas maiores alturas e paz na terra entre os homens a quem Ele quer bem”. Vivamos a alegria e simplicidade dos primeiros adoradores, os pastores de Belém, adoremos reverentemente como os magos do oriente trazendo o que temos de melhor; nossas próprias vidas.
– “E o Verbo se fez carne…” abrindo as portas da esperança de novo céu e nova terra nos quais habitam a justiça… Vivamos, pois, de acordo com esta verdade que afetou decisivamente nossas vidas.