A P A Z E S T E J A C O N V O S C O!
Série de sermões sobre “Paz para a cidade” (2)
“A P A Z E S T E J A C O N V O S C O !” – João 20:19-23
Julio Borges Filho
INTRODUÇAO
– Era a tarde do primeiro dia da semana, mais tarde, domingo, o Dia do Senhor… E as portas estavam trancadas, e razão era só uma: medo dos judeus… E Jesus veio entrou na casa saudando os seus discípulos: A paz esteja convosco! E alegria encheu seus corações.
– Aquela tarde era a tarde do dia mais alegre vitorioso da história humana… Mas os discípulos estavam derrotados e tristes dentro da casa de portas trancadas. E Jesus veio, “pondo no meio deles”, repetiu: A paz esteja convosco! E eles encontraram um novo sentido para suas vidas…
– Na vida há momentos que nós só nos lembramos da cruz, da dor, do sofrimento, dos infortúnios… Parece que todas as portas foram fechadas. E nos esquecemos que Jesus nos deixou a sua paz: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou…” E mais, deixamos de ver a presença do Cristo ressurreto em nosso meio saudando-nos: A paz esteja convosco! Que esta saudação pascal esteja bem viva em nós.
I. DUPLA SAUDAÇÃO
1. A saudação ordenária dos judeus
– Jz 19:20
– 2 Sm 18:28
2. A saudação dos discípulos
– Lucas 10:5 – Mensageiros da paz… Davam e tiravam a paz para os que não queriam. Possuíam a paz, mas a perderam quando se trancaram com medo. A paz precisa ser usada para ser possuída num exercício contínuo e cotidiano. Não devemos enterrá-la como servos negligentes. É para ser usada e transmitida.
– Na primeira saudação pascal, recuperam a alegria… Na segunda saudação, receberam a missão…
II. “A PAZ ESTEJA CONVOSCO!” – CURA INTERIOR
1. Começa com a oração fundamental
– Jesus no Getsêmane (Lucas 22:32-46) – A descrição de Lucas, que era médico, revela uma dor atroz. Sócrates tomou a sicuta (o venero), descreve Platão, calmamente. Jesus no Getsêmane angustiou-se. Qual a diferença entre os dois? Sócrates, como um estóico, acomodou-se à situação de morte. Jesus carrega o pecado do mundo inteiro. Toda a violência, angústia, sofrimento e dores do mundo caiu sobre Ele. Por isso a sua oração foi a fundamental: conformar-se com a vontade do Pai (“Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha vontade, mas a Tua seja feita!”). É como se o Filho de Deus se tornasse enfermo como homem ao levar sobre si todas as nossas enfermidades, e se curasse na vontade soberana de Deus. Por isso disse a seus discípulos: Levantai-vos!. Vigiai e orai para que não entreis em tentação”. A tentação principal é a acomodação e o medo que nos levam à derrota diante do inimigo. O Filho de Deus estava preparado para seu sofrimento vicário.
2. Continua com a vida em comum – A igreja como comunidade terapêutica onde há cura para as enfermidades interiores: perdão para os pecadores, comunhão para os solitários, alegria para os tristes, e a vivência do novo mandamento e da Lei da Mutualidade para todos.
III. “A PAZ ESTEJA CONVOSCO!” – A MISSÃO NO MUNDO
1. Somos enviados (missionários) ao mundo das necessidade humanas.
– Posições cristãs na história: 1ª) A posição monástica – O cristão não é do mundo e deve fugir do mundo para contemplar a face de Deus; 2ª) A posição do protestantismo tradicional – O cristão não do mundo mas está no mundo (monasticismo intra-mundo); 3ª) A posição liberal – O cristão está no mundo para salvar o mundo.
– Síntese: O cristão não é do mundo, mas está no mundo para salvar o mundo.
2. Somos continuadores da missão redentora de Jesus Cristo
– O processo de encarnação continua na história: a igreja é o corpo de Cristo.
– Nossa missão é moldada na missão de Cristo. Ele é a nossa identidade e nossa mensagem.
3. O método e o poder são os mesmos:
– o método de servir e de amar até os limites extremos.
– O poder do Espírito Santo – “…soprou sobre eles e lhes disse: Recebei o Espírito Santo”. Para o quarto evangelho o Pentecostes começou ali para os líderes da igreja. Deu-lhe o poder de perdoar e não perdoar, de salvar e condenar. Deu-lhes as chaves do céu e o poder de semear a paz.
CONCLUSÃO
– A paz esteja convosco! Como espalhá-la pela cidade se não a temos? Esta paz, que excede todo entendimento, é paz interior e comunitária. Inclui a luta por justiça social. É isso que significa em hebraico a palavra shalom = paz com justiça social. E para não perde-la, temos de compartilhá-la. É como o maná no deserto para os israelitas. Guardá-lo para o dia seguinte era perde-lo.
– A Oração de Francisco de Assis
Senhor, faze de mim instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Faze que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.
– Saudemo-nos uns aos outros duplamente como o fez o Cristo ressurreto: A paz esteja convosco!… E recebamos a cura interior. A paz esteja convosco!… E recebamos a missão: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”.