Um Bom Pastor
Sermão especial: Posse do Pr. José Carlos de Souza Santos na ICB em 30.11.2014
U M B O M P A S T O R – João 10:1-18
Julio Borges Filho
INTRODUÇÃO
– O pastor é a pessoa mais necessária ao mundo porque as pessoas estão dispersas e desesperadas, perdidas e em crise de identidade. Num dia chuvoso em Brasília dei carona a uma mulher e perguntei-lhe: “Para onde vai?” A resposta dela: “Para onde você me levar”. A pós-modernidade é portadora de boas novas científicas e tecnológicas, mas trouxe inquietação aos corações por causa da relativização de quase tudo. Este é um tempo especial na história humana. Urge, pois, o pastoreio de ovelhas-gente. Muitos se apresentam, mas poucos são os escolhidos.
– “A seara é grande, mas os obreiros são poucos… O mundo precisa de bons pastores… Para ser um bom pastor, além da vocação, há quatro exigências essenciais:
– Conhecer o seu tempo,
– Conhecer a si mesmo,
– Conhecer o seu rebanho e sua cidade,
– E, sobretudo, conhecer o Pastor dos pastores, o Bom Pastor.
– O texto de João 15:1-18 aponta-nos o exemplo supremo de Jesus, o Bom Pastor, e é um guia para quem deseja serví-LO como um pastor.
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UM BOM PASTOR É UM HOMEM DO SEU TEMPO, vrs 1-8.
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Sempre atualizado com a aldeia global e com a problemática de sua época. A parábola que inicia nosso texto é uma denúncia profética inspirada na vida do campo e aplicada na vida em sociedade. Jesus conhecia a época em que vivia. O conhecimento do pastor não o deve transformar em alguém arrogante, enfatuado, mas humilde transmitindo a Palavra de Deus de forma inteligível a todos.
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Capaz de perceber os sinais dos tempos. Jesus chama os falsos messias e os falsos líderes religiosos de sua época de ladrões e mercenários. Ele ironizou os ditadores dizendo que eles oprimiam o povo e se consideravam benfeitores, chama o rei Herodes de “raposa”, expulsa os banqueiros do templo, e chamou líderes religiosos de hipócritas e sepulcros caiados. Conhecia os sinais que o levariam à cruz. O pastor deve ser um profeta urbano capaz de entender os sinais de sua cidade e de sua época. Ele não é apenas um pastor na cidade, mas pastor da cidade.
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Com os pés na terra e os olhos fitos no céu. Há uma estátua em Nova Iorque que expressa as duas naturezas do homem: “Com a face voltada para o céu, vence a luta; com a face voltada para a terra, é vencido.” As raízes do pastor são para cima.
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CONHECE A SI MESMO – “Eu souvrs 9-14
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Conhece a sua finitude – Quando olhamos egoisticamente para nós mesmos, achamos que somos a medida de todas as coisas… Mas diante da grandeza do universo e da glória de Deus, descobrimos que nada somos. Exemplos bíblicos:
– Jó: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem, e por isso eu me arrependo no pó e na cinza”.
– Isaias, aos vinte anos, tem uma visão da santidade de Deus numa época de em Judá e Jerusalém e, em angústia existencial, exclama: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou um homem de lábios impuros e habito no meu de um povo de impuros lábios, e meus olhos viram o Rei, o Senhor do universo” – Is 6:5.
– Pedro, diante da pesca maravilhosa, grita: “Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador.”- Lucas 5:8.
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A identidade do pastor
– Livra-o da vaidade e da ilusão dos elogios, e ele aprende a não viver sob as perspectivas dos outros… Livra-o das tentações… E coloca-o como um ser humano especial revestindo-o de autêntica humildade. Duas tentações pastorais: Os elogios podem transformá-lo numa pessoa vaidosa e arrogante… E as murmurações podem fazê-lo perder a paciência como Moisés. A Bíblia afirma que Moisés era “o varão mais manso da face da terra”, mas diante da murmuração do povo ele falou irrefletidamente, tomou o lugar de Deus, e teve o seu ministério abreviado. O pastor nunca deve viver de acordo com as perspectivas dos outros.
– Críticas:
“Se tem os cabelos grisalhos é muito velho.
Se é jovem… não possui experiência necessária.
Se tem muitos filhos… é demais.
Se não tem filhos… nõ está dando bom exemplo.
Se sua esposa canta no coro… ela muito convencida e metida.
Se ela não canta no coro… não está interessada no trabalho do marido.
Se ele usa apontamentos no sermão… é medíocre. Se não usa… não tem profundidade.
Se fica em casa estudando, preparando-se… ele não visita e não quer se misturar com o povo. Se é visto nas ruas… deveria estar em casa preparando-se devidamente seus sermões.
Se visita uma família pobre… quer aparecer. Se visita uma família rica… é um bajulador.
Se fala muito… é cansativo. Se fala pouco… é bonachão.
Se visita muito… é inconveniente. Se visita pouco… é um bonachão.
Se faz apelos à igreja para ser dizimista, só fala em dinheiro. Se não faz apelos financeiros, não se interessa pela Causa.
Se quer as coisas em ordem é um ditador. Se não exige é muito bonzinho, um boneco.
Tudo que faz, sempre se acha outro que faria melhor” (Autor desconhecido).
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O poema de Dietrich Bonhoeffer:
“Quem sou eu?
Zombam de mim tais perguntas solitárias.
Seja eu quem for, Tu sabes, ó Deus,
Que sou Teu.”
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É UM HOMEM QUE AMA, vrs 15-18.
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Chamado para uma ação de amor – “Tu me amas? Apascenta minhas e o Uma ação paciente: ovelhas são criaturas imprudentes, murmuram muito. Moisés não cumpriu cabalmente se ministério porque, mesmo sendo o homem mais manso na face da terra, perdeu a paciência e falou irrefletidamente. Uma ação que procura e não desiste nunca de uma individual e comunitária… E, finalmente, uma ação de alegria... Um bom pastor conhece o seu rebanho. Sabe o nome de cada ovelha. Um bom pastor, como Jesus, dá a vida pelas ovelhas.
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Atende as necessidades do rebanho: de alimento, de comunhão, de proteção, de perdão, de alegria, de amor e de esperança. Tudo isso sem manipular ninguém. O v. 9 é profundo: “Eu sou a porta das ovelhas. Quem entrar por mim será salvo. Entrará e sairá e achará pastagem.”. A ação pastoral deve conduzir as ovelhas `plena liberdade. O mercenário busca os bens das ovelhas; o bom pastor busca o bem das ovelhas.
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Conhece as ovelhas e delas é conhecido. Nos livretos infantis “As aventuras de Suzy”, há uma história belíssima sobre o valor das crianças no Reino de Deus. Suzy aos cinco anos queria se batizar. O pai e o pastor achavam que era muito cedo para tanto. A viva menina deu uma lição preciosa a ambos. Auxiliando o pai no recolhimento ão deixado rebanho de ovelhas, ficou na porteira e não deixava os cabritos entrarem. O pai a repreendeu dizendo: “minha filha, os cordeirinhos também pertencem ao aprisco”. Ele e o pastor entenderam então que as crianças pertencem ao aprisco.
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TEM COMUNHÃO PLENA COM O BOM PASTOR, vrs 15-18
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Identificação com Jesus Cristo
– Vida devocional profunda para produzir sermões vivos de um homem vivo. Um veterano pastor em Pernambuco um dia me disse se referindo ao um pregador: “Quando o ouço pregando tenho vontade de não ser mais crente”. Homens mortos pregam sermões mortos, e sermões mortos matam. Jesus disse: “Eu sou o bom pastor… e vim para que tenham vida e vida em abundância”. Ele chamou um defunto à vida: “Lázaro, vem para fora”.
– Quando o pastor visita é Jesus que visita, quando aconselha é Jesus que aconselha, quando fala é Jesus quem fala, quando repreende, é Jesus quem repreende. A mulher sunamita que hospedava o profeta Eliseu disse pra seu marido: “Tenho observado que este homem que passa sempre por nós é santo homem de Deus”. A Palavra de Deus deve ser para o pastor um terreno firme, mais firme do que todas as certezas do mundo.
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Como Jesus é um servo que lava com alegria pés… Como Jesus ele ama e deve amar até o fim.
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“Tu me amas? Tu me amas? Tu me amas? – Apascenta as minhas ovelhas.” Amar a Jesus Cristo é amar as suas ovelhas. Um bom pastor vive debaixo deste imperativo de amor.
CONCLUSÃO
– Para tal ministério, quem é capaz? “A nossa capacidade vem de Deus”. É Ele quem nos diz: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”.
– Seu desafio é o de ser um bom pastor olhando sempre para O BOM PASTOR. E veio na plenitude dos tempos… Você vive em plena pós-modernidade e vive numa cidade moderna no coração do Brasil. Ele é, você está sendo, Ele ama, você está aprendendo a mar. E vivia em plena comunhão com o Pai embriagado por sua missão no mundo, você deve viver em plena comunhão com Ele..
– Um bom pastor sonho em não ser mais necessário porque assumiu a filosofia de ministério de João Batista: “Convém que Ele cresça e que eu diminua”. Um dia, prometeu-nos Jesus, isso será plena realidade: “Tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; então haverá um rebanho e um pastor”.
– QUE VOCÊ SEJA UM BOM PASTOR!…