ESQUECENDO O PASSADO RUMO AO FUTURO
Filipenses 3.1-21.
Por Nilson Pereira de Moura, Bacharel em Teologia e Pastor na ICB (28/12/2014).
Texto Base: Fp 3.12-16
Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcança-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus. Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e, se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus lhes esclarecerá. Tão-somente vivamos de acordo com o que já alcançamos.
A ICB em 2014 completou 25 anos, já fez muito, mas poderia ter feito muito mais. Temos a tendência de ficarmos olhando para o passado, para o que fizemos ou deixamos de fazer. É como se estivéssemos sempre olhando no retrovisor e não vendo a paisagem à frente pelo para-brisa. O texto lido fala disso, do que fizemos, do que erámos. Paulo fala do que ele foi. Ele era hebreu irrepreensível (Fp 3.4-6) em oposição aos judaizantes que vangloriavam na circuncisão “carne” e nas tradições (Fp 3.1-3). Paulo se viu livre da circuncisão e tradições quando conheceu Jesus, o Cristo (Fp 3.8).
Ele não ficou preso ao seu passado de segurança e de poder. Ele saiu da sua zona de conforto por causa de Cristo, ele considerou seu passado “esterco” “estrume” para poder ganhar a Cristo e ser encontrado N’ele para a ressurreição e participação nos seus sofrimentos. Paulo tinha visão do futuro em Cristo. (Fp 3.7-11).
Podemos passar a ter os mesmos sentimentos e ficar olhando para retrovisor do carro da ICB vendo e revendo o que ela foi e o que ela é. A membresia da ICB poderá fitar os olhos no futuro, tendo o passado como aprendizado e fundamento, mas não como algo acabado. Se quisermos fazer a diferença precisamos sonhar grande. Sonhar para os próximos 25 ou até mesmo para os próximos 50 anos.
Em relação ao passado Paulo compara sua vida a vida de um atleta que fitava seu olhar no prêmio e não ficava olhando para trás para ver o caminho percorrido nem os seus adversários que vinham no seu calcanhar. Eles fixavam o olhar para frente e no prêmio ao terminarem a corrida.
Paulo diz que ainda não alcançou a vitória, mas prossegue para o alvo da salvação, da ressurreição entre os mortos (Fp. 3.12-16), ele escreve:
Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcança-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus. Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e, se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus lhes esclarecerá. Tão-somente vivamos de acordo com o que já alcançamos.
Em um dos sermões feitos pelo Pr. José Carlos Santos, tentamos responder a pergunta: “qual a igreja que queremos ser” quando cada um/uma tentou dar sua resposta a partir do seu “ethos” cultural, social e religioso. Algumas respostas naquela ocasião foram se não me falha a memória:
– uma igreja acolhedora – (acolher para ficar no que está ou para transformação de vida?).
– uma igreja aberta ao diálogo inter-religioso – (diálogo que respeita os diferentes, não necessariamente, para ser igual);
– uma igreja ecumênica e inclusiva (ser ecumênico e inclusivo, não quer dizer ser sincrético. Precisamos ter identidade, assim como tem identidade todas as manifestações religiosas que se dizem ecumênicas, p. ex.: a igreja católica, a luterana, algumas igrejas presbiterianas, a anglicana e outras), eu as admiro, pois todas elas têm uma identidade forte. Em uma entrevista do Henri Sobel ao Jô Soares em resposta a uma pergunta sobre a relação religiosa entre as muitas religiões no Brasil ele respondeu: “que isso não era o problema para a comunidade israelita, pois eles têm uma identidade, o judaísmo”.
Hoje quero lançar outra pergunta: “qual igreja Jesus quer que sejamos?” Creio que a Igreja do Senhor deve estar estruturada naquilo que Jesus quer para Ela e não naquilo que achamos que ela deve ser. Em Mateus 16.13-20 temos o que Jesus pensava da sua igreja e da resistência que ela teria em relação ao mundo, ao inferno, pois é a igreja que derruba as portas do inferno e não o inferno que amedronta a igreja:
Chegando Jesus à região de Cesaréia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: Quem os outros dizem que o Filho do Homem é? Eles responderam: alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, Jeremias ou um dos profetas. E vocês? Perguntou ele. Quem vocês dizem que eu sou? Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Respondeu Jesus: Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus. E eu lhe digo que você é Pedro, e sobre está pedra edificarei minha igreja, e as portas do Hades (do inferno, da sepultura, da morte, das profundezas) não poderão vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino dos céus, e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus. Então advertiu a seus discípulos que não contassem a ninguém que ele era o Cristo “Ungido”.
É a verdadeira igreja que liga e desliga dos céus (somos todos chamados anunciar a reconciliação do mundo com os céus por meio de Jesus Cristo). Nós somos apenas instrumento. A igreja de Jerusalém tinha três líderes fortes: Tiago, o irmão do Senhor, Pedro e João. Tiago, o líder não era o apóstolo irmão de João, pois Tiago o irmão de João fora decapitado por Herodes Antipas (Atos 12.1-3):
Naquela mesma ocasião, o rei Herodes decidiu maltratar alguns da igreja; e mantou ao fio da espada Tiago, irmão de João. Vendo que isso agradava os judeus, prossegui, mandando prender também Pedro (…)
Quero apontar algumas pistas para responder a pergunta: qual igreja Jesus quer que sejamos?
Em Marcos 1.15|| Mateus 4.17 || Lucas 4.14-19 || João 1.29,35
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Uma igreja de arrependidos e crentes nas boas novas;
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Uma igreja de arrependidos que vejam a proximidade do Reino de Deus;
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Uma igreja de pessoas livres pelo poder de Deus e que vejam Jesus como o cumprimento da lei e dos profetas;
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Uma igreja que vejam Jesus como o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo;
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Uma igreja que é composta por amigos da cruz de Cristo (Fp 3.18);
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Uma igreja que ama como Cristo amou (João 13.34-35);
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Uma igreja que se preocupa do com os que faltam no corpo (João 17.20-26).
A igreja que quer agradar o mundo acaba assumindo a sua forma. Ela está perdida porque satisfaz a um falso deus – que conduz para a perdição (Fp 3.19). Ela é oposição à verdadeira igreja do Senhor Jesus Cristo – que conduz à vitória e manifesta a glória de Jesus e dos seus seguidores como está escrito em Fp 3.20-21:
A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Pelo poder que o capacita a colocar todas as coisas debaixo do seu domínio, ele transformará os nossos corpos humilhados, tornando-os semelhantes ao seu corpo glorioso.
Para o próximo ano 2015 desejo que a ICB prossiga para o alvo, alcançando sua missão e fazendo novos discípulos de Cristo, conforme seu comissionamento em Mateus 28.16-20.
Os onze discípulos foram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes indicará. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda autoridade nos céus e na terra”. Portanto, vão (indo) façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos.
Que a ICB também prossiga para o alvo que ela foi chamada e comissionada. Esquecendo-se das coisas que ficaram para trás e olhando para o futuro com a maturidade já alcançada como está em Fp 3.13-16:
Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus. Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e, se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus lhes esclarecerá. Tão-somente vivamos de acordo com que já alcançamos.
Conclusão – O desafio que temos para 2015 é responder e realizar a resposta da igreja que Jesus quer que sejamos. Uma igreja que quer espelhar a face de Jesus Cristo para o mundo, destruindo as ações, as obras do inferno, reconstruindo e transformando vidas de trevas em luz. Vamos sonhar grande. Vamos sonhar juntos para os próximos vinte cinco ou quem sabe para próximos cinquenta anos a igreja que Jesus sonhou que ela fosse. Certo poeta disse: “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha juntos é realidade”.