A CEIA DO SENHOR: UM ATO DE AMOR
Por Nilson Pereira de Moura, Bacharel em Teologia e Pastor na ICB. (1º/2/2015)
Quero começar o sermão desta noite fazendo a leitura de Efésios 3.14-21 (1).
Por essa razão, dobro meus joelhos perante o Pai, de quem toda família nos céus e na terra recebe o nome, para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais interiormente fortalecidos com poder pelo seu Espírito. E que Cristo habite pela fé em vosso coração, a fim de que, arraigados e fundamentados em amor, vos seja possível compreender, juntamente com todos os santos, a largura, o comprimento, a altura e a profundidade desse amor, e assim conhecer esse amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais preenchidos até a plenitude de Deus. Àquele que é poderoso para fazer bem todas as coisas, além do que pedimos ou pensamos, pelo poder que age em nós, a ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém.
Essa perícope faz sentido quando lida a luz de Efésios 1.3-14, quando Paulo faz referência às bênçãos destinadas a Israel nos versos (4-12) e quando fala do processo de inclusão dos gentios nessas bênçãos espirituais nos versos (13-14). Observe que, nos versos de 4-12 ele usa o pronome pessoal “nós” a primeira pessoa do plural e nos versos 13-14 ele usa o pronome “vós” a segunda pessoa do plural. As bênçãos destinadas aos Israelitas são agora destinadas a nós que recebemos a Jesus, o Cristo. O que estou dizendo é que os versículos 4-12 são específicos a Israel e os versos 13-14 dizem respeito ao processo de inclusão dos gentios na família de Deus. Então diz respeito a todos nós. Quais são as bênçãos destinadas a Israel? Elas são seis:
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A Eleição de Israel antes da fundação do mundo (1.4);
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A predestinação para “sermos” filhos adotivos por meio de Cristo (1.5);
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A redenção, o perdão dos pecados pelo sangue de Cristo (1.7-8);
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A revelação do “mistério” que em Cristo tudo converge (1.9-10);
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A eleição que se torna “herança” por determinação de Deus (1.11-12);
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O chamado dos “gentios” a participar da salvação em Cristo (1.13-14).
Estas bênçãos destinadas ao Israel antigo, agora também são nossas, ou seja, “os gentios”, os não judeus, dos receberem o evangelho como palavra da verdade e dos que “forem selados com o Espírito Santo da promessa” (v13). Esse selo é a garantia da nossa herança para a redenção da propriedade de Deus, “para o louvor da sua glória”. (1.14). Esse tema da inclusão é desenvolvido por Paulo no capítulo 2.11-22:
Portanto, lembrai-vos de que, no passado, vós, gentios por natureza, chamados incircuncisão pelos que se chamam circuncisão, feita por mão de homens, estáveis naquele tempo sem Cristo, separados da comunidade de Israel, estranhos às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, viestes para perto pelo sangue de Cristo, pois ele é a nossa paz. De ambos os povos fez um só e, derrubando a parede de separação, em seu corpo desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos contidos em ordenanças, para em si mesmo criar dos dois um novo homem, fazendo assim a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um só corpo, tendo por ela destruído a inimizade. E vindo ele, proclamou a paz para vós que estáveis longe e também para os que estavam perto; pois por meio dele ambos temos acesso ao Pai no mesmo Espírito. Assim, não sois mais estrangeiros, nem imigrantes; pelo contrário, sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra de esquina. Nele, o edifício inteiro, bem ajustado cresce para ser templo santo do Senhor, no qual também vós, juntos, sois edificados para morada de Deus no Espírito Santo.
Por que Deus fez tudo isso? Ele já tinha um povo de propriedade exclusiva sua. Ele o fez porque ama toda a humanidade que ele criou para ter comunhão eterna com ele, mas que caiu em desgraça por causa do pecado. Em Romanos (3.23-26) é dito:
Porque todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus ofereceu como sacrifício propiciatório, por meio da fé, pelo seu sangue, para demonstração da sua justiça. Na sua paciência, Deus deixou de punir os pecados anteriormente cometidos; para demonstração da sua justiça no tempo presente, para que ele seja justo e também justificador daquele que tem fé em Jesus.
Em resumo, a justificação do ser humano é somente pela graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo. Esse foi o processo que Deus usou para de dois povos fazer um só corpo – o Corpo de Cristo. A sua Igreja.
Em João 3.16-18 ele escreve sobre a qualidade e não sobre a quantidade do amor de Deus por todos nós, ele disse:
Porque Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por meio dele. Quem nele crê não é condenado; mas quem não crê, já está condenado, pois não crê nome do Filho unigênito de Deus.
A qualidade desse amor somente poderá ser compreendida em “largura, comprimento, altura e profundidade” por meio de Jesus Cristo. Ele mesmo disse em 14.6 “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém chega ao Pai, a não ser por mim”. Não há outro “pontífice”, ou seja, não há outro construtor de pontes; somente Jesus Cristo é quem constrói a verdadeira ponte entre nós e Deus. Ele fez isto em prova de amor ao Pai e do amor por nós.
Voltando ao texto inicial de Efésios 3.14-21, destacando agora os versos (16-19), Paulo faz sua segunda oração em favor dos efésios, (a primeira oração ele faz em Ef 1.15-23), pedindo que Deus lhes desse: “espírito de sabedoria e revelação no conhecimento dele, de Deus”. Aqui na segunda oração ele pede que eles sejam “fortalecidos com poder pelo Espírito Santo” e “que Cristo habitasse pela fé no coração deles”, com a finalidade de “arraigados e fundamentados em amor” pudessem compreender o que Deus fez por eles e também por nós gentios que cremos. Ele ora:
E que Cristo habite pela fé em vosso coração, a fim de que, arraigados e fundamentados em amor, vos seja possível compreender, juntamente com todos os santos, a largura, o comprimento, a altura e a profundidade desse amor, e assim conhecer esse amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais preenchidos até a plenitude de Deus.
É por causa desse amor imensurável que Jesus, o Cristo, aceitou fazer uma nova Aliança com todo àquele que o aceita como Senhor e Salvador. A nova Aliança é feita com novos elementos, não mais com sangue alheio, o seja, sangue de animais por força da lei, nem por sacrifícios, mas pelo o “sangue do Cordeiro que tira o pecado do mundo”. João, o maior dos Profetas disse: “Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” – (Jo 1.29,36). Assim, antes da sua morte, Jesus, o Cristo, firma uma nova Páscoa, uma nova Aliança com os seus discípulos. Em Lucas 22.14-20 é registrado esse momento solene:
Chagada a hora, Jesus se pôs à mesa com os apóstolos. E lhes disse: Tenho desejado muito comer esta Páscoa convosco, antes do meu sofrimento; pois vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tendo recebido um cálice e dado graças, disse: tomai-o e reparti-o entre vós; porque vos digo que a partir de agora não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus. Tomando o pão e tendo dado graças, partiu-o e o entregou a eles, dizendo: Isto é o meu corpo dado em favor de vós; fazei isto em memória de mim. Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança em meu sangue, derramado em favor de vós.
Em conclusão, a nova Aliança é feita em Cristo e por Cristo. A nova Aliança, não é feita por Confúcio, não é feita em Buda, não é feita pelos Orixás, não é feita em Kardec, não é feita por anjos, não é feita em Gandy, nem por Papa nenhum ou por qualquer outra autoridade humana. Ela é consumada na Cruz em Jesus e por Jesus, o Ungido de Deus, o Cristo. Ele disse ao Pai, em João 19.30 “Está consumado”. É Nele que a Aliança é feita. É Nele que a Aliança tem respaldo. É preciso deixar a bobagem de ficar buscando espiritualidade que não esteja fundamentada em Jesus Cristo.
A Ceia do Senhor deve ser uma resposta ao ato do amor imensurável de Deus realizado em Cristo Jesus em favor de todos, mas especialmente, por àqueles que o recebe como Senhor e Salvador. Deve ser um momento de contrição, mas também de grande alegria e festa. Celebrando as bênçãos agora destinadas a nós cremos no amor de Deus e no sacrifício de Jesus na cruz. Cruz de morte para Ele, mas de vida para nós que cremos Nele. Faço finalmente, a oração de Paulo, o apóstolo:
E que Cristo habite pela fé em vosso coração, a fim de que, arraigados e fundamentados em amor, vos seja possível compreender, juntamente com todos os santos, a largura, o comprimento, a altura e a profundidade desse amor, e assim conhecer esse amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais preenchidos até a plenitude de Deus.
O desafio é que compreendamos a dimensão desse amor em “largura, comprimento, altura e profundidade”. Esse ato amor de Cristo, que excede todo entendimento. Amém.
(*) Todos os textos extraídos são Bíblia Almeida Século 21. Vida Nova, 2ª EVA.