A REVOLUÇÃO DO NATAL
Julio Borges Filho
Há o Natal cultural, o comercial, o romântico, o cristão tradicional. Muitos natais, mas a dimensão revolucionária do Natal é esquecida. Vamos relembrá-la.
Jesus não teve teto para nascer entre os homens e buscou abrigo entre os animais. Seu primeiro berço foi um cocho onde os animais comiam, uma manjedoura. Como isso o Natal de Jesus abraça os sem teto e sem terra e denuncia a falta de justiça social provocada pelo acúmulo de bens de alguns. E mais: abraça os animais e toda a criação sujeitos à vaidade dos homens.
Seus primeiros adoradores foram os pastores de Belém que, estarrecidos e embevecidos, foram convidados por um anjo a visitarem o Salvador e ouviram a primeira cantata de Natal feita por um coral anjos enaltecendo a Deus e proclamando paz na terra entre os homens a quem Ele ama. Tais pastores eram homens simples, ignorantes e analfabetos e, por isso mesmo, desprezados pelas elites econômicas e religiosas. Assim o Natal de Jesus passa por cima das vias diplomáticas e inclui os excluídos.
Ricos magos vieram do oriente convidados por uma misteriosa estrela e, após cansativa viagem, adoraram o menino Jesus dando-lhe presentes principescos. O Natal dá boas vindas aos estrangeiros de outras religiões e aos cientistas, e nos convida para a tolerância religiosa, cultural e nacional abrindo nossas mentes e corações.
E, finalmente, por causa da sangrenta e desumana perseguição de Herodes, o Grande, o menino Jesus teve de fugir com seus pais para o Egito, e com isso abraça os migrantes de todo mundo em todas as épocas. A terra da liberdade que devia manar leite e mel agora é a terra da opressão, e a terra da opressão torna-se terra da liberdade.
Ficaram de fora do primeiro Natal a elite religiosa, econômica e política de Jerusalém, a hospedaria de Belém, os reis e governantes do mundo, os orgulhosos e preconceituosos, mas todos foram e são convidados ao arrependimento e a entrarem na economia e na política do Reino de Deus onde habita a justiça verdadeira. O Natal exalta os humildes e humilha os exaltados com ensinou Jesus. Vivê-lo revoluciona tudo e todos porque ele exige mudança de mente, de coração e de vida.