Artigos

MEUS PRESIDENTES DO BRASIL

MEUS PRESIDENTES DO BRASIL

                                                                                                          Julio Borges Filho

Desde que tomei consciência do Brasil e do mundo, vários presidente passaram pela minha vida. Eis minhas impressões deles:

  1. Getúlio Vargas – Era criança quando ele se suicidou e o Brasil ficou de luto. Meu pai comentou triste após ouvir a notícia na rádio Mayrink Veiga lá em Curimatá-PI. Não o conheci sua fase de ditador, mas foi o presidente que criou a Petrobrás para os brasileiros e a legislação trabalhista com o salário mínimo que beneficiou os trabalhadores. Foi muito popular e bem lembrado.

  2. De Café Filho não me lembro de quase nada.

  3. Juscelino Kubitschek foi marcante pela construção de Brasília e pelo desenvolvimento do Centro Oeste. A capital ficou mais próxima de todos os estados. Era muito popular, boêmio e simples. Seu lema era interessante: 50 anos em 5. Sua morte num acidente automobilístico foi suspeita em pleno regime militar quando articulava uma Frente Ampla e Democrática.

  4. Jânio Quadros tinha minha simpatia de adolescente por causa de sua vassoura contra a corrupção e contra a espada do General Henrique Teixeira Lott. Era excêntrico, governava com bilhetes, sabia manipular a imprensa, falava bem português, tinha censo de humor, autoritário, um nacionalista que condecorou Che Guevara pela sua defesa da AL. Sua renúncia, reclamando de forças ocultas, decepcionou a todos.

  5. João Goulart era simpático, popular, indeciso, mas uma excelente pessoa humana. Era um vice-presidente eleito. Quase não tomou posse com a renúncia de Jânio porque tinha oposição dos militares e estava em visita à China, mas graças a Campanha pela Legalidade de Leonel Brizola, conseguiu negociar o parlamentarismo com Santiago Dantas e Tancredo Neves com primeiros ministros. Ganhou depois o plesbicito que derrubou o parlamentarismo, queria fazer as reformas de base, mas foi deposto pelo golpe militar de 1964 apoiado pelo governo americano, tendo depois uma morte sem esclarecimentos. Suspeita-se tenha sido envenenado pelos militares do Projeto Condor das ditaduras latino-americanas num hotel em Buenos Aires.

  6. Os presidentes da ditadura militar – 1) Marechal Castelo Branco, baixinho, era bem-intencionado e prometeu democratizar o Brasil após o seu mandato. Lembro-me dele em Recife num desfile com a Rainha Elizabeth em visita ao Brasil. Teve morte trágica num acidente aéreo na companhia da escritora Rachel de Queiroz. 2) General Costa e Silva era o mais obtuso dos ditadores. Muitas piadas foram feitas com ele, mas foi ele que nos trouxe o AI-5 cerceando as liberdades individuais e institucional.  3) General Garrastazu Médici, gaúcho de boa dicção, foi o mais truculento dos ditadores com o lema do sesquicentenário da independência do Brasil: “Brasil, ame-o ou deixe”. Tive um irmão, do PC do B, que quase morreu com tamanha perseguição. Multiplicaram os exilados políticos, a censura e a tortura. 4) General Ernesto Geisel, gaúcho, luterano, disciplinou a ditadura e consolidou Brasília como a capital dos brasileiros porque não gostava de viajar. Promoveu a abertura lenta, gradual e progressiva. Era um homem austero, mas tolerou a tortura.  E, finalmente, 6) General João Batista Figueiredo, rude, mas destemido. Consolidou a abertura democrática promovendo a eleição indireta para um presidente civil, e negou-se, com a morte de Tancredo Neves, o presidente eleito indiretamente, a passar a faixa presidencial a José Sarney, vice de Tancredo.

  7. José Sarney, maranhense, culto, excelente orador, enfrentou turbulências como o primeiro presidente civil após a ditadura, como muitas greves e inflação descontrolada, mas teve o mérito de consolidar a democracia brasileira com eleições diretas por ser um político hábil.

  8. Fernando Collor, alagoano, elegante e de boa dicção, elegeu-se com um partido inexpressivo e com um vice austero (Itamar Franco) porque se notabilizou, como governador de Alagoas, como Caçador de Marajás (altos salários). Derrotou Lula num debate manipulado pelo JN da Globo. Lançou o Plano Collor que confiscou as contas bancários dos brasileiros, mas fracassou. Renunciou, mas, mesmo assim, sofreu impeachment devido sua ligação com PC Farias que tinha sido seu tesoureiro na campanha. Introduziu o liberalismo econômico no Brasil. E, pasmem: por causa de uma fiat Elba.

  9. Itamar Franco, mineiro, austero, fez um bom governo após a renúncia de Collor. Estabilizou a economia com o Plano Real. Divorciado, notabilizou-se por fofocas as mais diversas com mulheres.

  10. Fernando Henrique Cardoso, um intelectual paulista, consolidou o Plano Real. coordenado por ele com Ministro da Fazenda de Itamar Franco. Graças a isso foi eleito derrotando Lula e muitos outros candidatos. Com a campanha para sua reeleição, comprou deputados e senadores, e terminou o mandato impopular. Promoveu várias privatizações como as da Vale do Rio Doce, das telecomunicações, e da indústria siderúrgica nacional. Com ele o Brasil tinha um presidente respeitado pela sua cultura.

  11. Luís Inácio Lula da Silva, pernambucano, metalúrgico e fundador do PT, sem diploma universitário, foi o presidente mais popular da história do Brasil deixando a presidência com 85% de aprovação. Humanizou o capitalismo com seus programas Fome Zero e Bolsa Família que tirou mais de 40 mil brasileiros da pobreza. Foi o primeiro presidente com sensibilidade social por ter sofrido na carne como migrante nordestino em São Paulo. Teve uma política externa altiva e destacou-se no cenário mundial, inclusive, tendo sido aclamado no Fórum Mundial de Davos como Cidadão do Mundo. É um gênio político. Enfrentou o processo do “Mensalão” no STF, sofreu desgastes, mas reergueu-se sendo reeleito. Atualmente está preso pela funesta Lava Jato orquestrada, ao que tudo indica, pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos. A Operação construiu processos sem provas de um Triplex em Guarujá e de um Sítio em Atibaia por ter procuradores e juízes falando a mesma linguagem.  Condenado às pressas na Segunda Instância, foi impedido de candidatar-se no TSE, mesmo com o parecer positivo da ONU, no ano passado facilitando a eleição de nosso atual presidente. Continua, mesmo assim, o político mais popular do Brasil.

  12. Dilma Rousseff, mineira, honesta, sem muito jogo de cintura político, foi a primeira mulher eleita presidente graças ao apoio de Lula. Fez um bom primeiro mandado mantendo e ampliando as políticas públicas, criou o “Minha Casa Minha Vida”, “Luz para todos”, e criou mecanismo de transparência e combate à corrupção. Num segundo mandato derrotou Aécio Neves que, com a ajuda do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, infernizou seu governo, e sofreu impeachment num Golpe Parlamentar promovido pela elite econômica brasileira, mas preservou seus direitos civis.

  13. Michel Temer, vice de Dilma, chegou à presidência com o impeachment no qual teve papel ativo com o seu PMDB. Tornou-se subserviente aos EUA com sua política externa fraca. O Ministério Público Federal pediu permissão para processá-lo por um escândalo no Palácio Jaburu onde foi gravado por Joesley Batista, mas a Câmara dos Deputados negou todos os pedidos. Praticou o neoliberalismo na economia favorecendo os ricos com sua Reforma Trabalhista. Após deixar a presidência, foi preso duas vezes indevidamente, mas conseguiu habeas corpos. Era um homem educado que dificilmente deixará de ser preso novamente.

  14. Jair Bolsonaro, o atual presidente de extrema-direita, eleito numa eleição marcada por Fake News (mentiras) nas Redes Sociais, barata na prestação de contas, mas caríssima levando-se em conta a contribuição, via caixa 3, de empresas e a Lava Jato que fez campanha clara a favor dele. Rude, truculento, despreparado e incompetente para governar por lhe faltar dois atributos essenciais: humildade e grandeza. Um atentado com faca em Juiz de Fora em plena campanha eleitoral, mal explicado até hoje, ajudou-me muito porque tornou-se desculpa para não participar em debates. Sem pensamento próprio, mas guiado pelo seu guru Olavo de Carvalho, não tem noção do importante cargo que ocupa que implica ser presidente para todos e não apenas para sua facção política. Conseguiu juntar, porém, três forças que são nitroglicerina pura: militares, judiciário e religião, com especial destaque para os evangélicos fundamentalistas e neopentecostais com sua fome de poder e riqueza.

    De todos os presidentes que conheci, é o pior, mesmo incluindo os da ditadura militar. Desrespeita o meio ambiente, a educação superior, não tem sensibilidade social, incentiva o uso de armas, desrespeito às minorias, etc. É um predador, e a parte mais sensata de seu governo, por incrível que pareça, são os generais, incluindo o seu vice, General Mourão. Veja algumas alternativas para sairmos do impasse: 1) A melhor saída seria sua renúncia porque, com sua incontinência verbal, a de seus filhos e a de seu guru, perde apoios, evita diálogo, e fomenta uma política externa subserviente aos EUA, o que nos envergonha; 2) a anulação de sua chapa no TSE, o que nos levaria a um nova eleição; 3) O impeachment pelo Congresso porque o escândalo envolvendo seu filho mais velho, Flávio, hoje senador, é uma bomba que nem o aliado e seu ministro da justiça, Sérgio Moro, pode controlar, e, se explodir, pode atingir o presidente desmoralizando-o. E estamos apenas com poucos meses de seu governo. Tenho que esperança de que, com os erros, abra um pouco a sua mente fechada e melhore compartilhando poder para sua sobrevivência política..

Bem, aí estão as minhas impressões rápidas sobre os presidentes do Brasil que passaram por minha vida porque “tudo passa sobre a terra”, escreveu José de Alencar.

Júlio Borges de Macedo Filho

PASTOR JULIO BORGES DE MACEDO FILHO Piauiense de Curimatá, 72 anos com 48 de pastorado, filho de Julio Borges de Macedo e Arquimínia Guerra de Macedo, é o sétimo filho de uma família de onze irmãos. Casou-se, há 48 anos no dia de sua ordenação ao ministério pastoral, com a professora Gislene Rodrigues Lemos de Macedo e tiveram quatro filhos: Juliene, Jusiel (falecido), Julinho e Julian. Agora Deus lhe deu a primeira neta chamada Sarah, de apenas 8 anos. Concluiu o curso de Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, em Recife. Formou-se em 1969 e foi ordenado ao ministério pastoral no dia 22 de fevereiro do mesmo ano. Pastoreou as seguintes igrejas: Igreja Batista do Rio Largo – AL (1969 a 1972), Primeira Igreja Evangélica Batista de Teresina – PI (1972 a 1978), Primeira Igreja Batista de Ilhéus – BA (1978 a 1979), Terceira Igreja Batista do Plano Piloto – Brasília (1979 a 1989), Igreja Batista Noroeste de Brasília (interinamente em 1985), Primeira Igreja Batista de Curimatá – PI (interinamente em 2000), e desde 1989, a Igreja Cristã de Brasília. Tomou a iniciativa para a organização das seguintes igrejas: Primeira Igreja Batista de Picos –PI, Igreja Batista do Lago Norte – Brasília, Igreja Batista Noroeste de Brasília (hoje, Igreja Batista Viva Esperança), e a Igreja Cristã de Brasília. Ordenou cerca de 20 pastores e uma pastora, consagrou dezenas de diáconos e diaconisas por onde passou, e celebrou mais de 500 casamentos. É considerando no Distrito Federal um pastor de pastores. Líder denominacional foi presidente da Convenção Batista Alagoana, da Convenção Batista do DF (três vezes), do Conselho de Pastores Evangélicos dos DF (duas vezes); participou de vários organismos batistas como o Conselho de Planejamento e Coordenação da Convenção Batista Brasileira, das juntas administrativas do Seminário Teológico Batista Equatorial e do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil; e por 20 anos foi professor da Faculdade Teológica Batista de Brasília ensinando as seguintes disciplinas: Estudos de problemas brasileiros, ética cristã, teologia pastoral, teologia contemporânea, ministério urbano, teologia bíblica do Antigo Testamento, e homilética. Como teólogo produziu muitos artigos, teses, e palestras nos mais diferentes lugares, e participou de muitos congressos, seminários, fóruns, retiros, entre eles o Congresso Internacional Lousane II realizado em Manila, Filipinas em 1989. Foi orador de várias assembléias convencionais, e pregou em muitos congressos e igrejas por todo o Brasil. Como poeta e escritor já gestou e publicou cinco livros (Missão da Igreja e responsabilidade social, Voando nas asas da fé, Um sonho coberto de rosas, Suave perfume, e Uma grande mulher), tem quatro prontos para publicação, e está grávidos de mais dez livros que espera escrever e publicar nos próximos oito anos. Na área política assessorou deputado Wasny de Roure, por muitos anos, tanta na CLDF como na Câmara dos Deputados; assessorou por pouco tempo os deputados distritais Peniel Pacheco e Arlete Sampaio; o Ministro da Educação, Cristovam Buarque, como chefe da Assessoria Parlamentar do MEC, e depois assessor parlamentar do Senador Cristovam Buarque. Nesta área produziu muitos escritos sobre os evangélicos e a política, fez inúmeras palestras, promoveu muitos seminários, e foi fundador e coordenador de vários fóruns, entre eles o Fórum Político Religioso do PT, o Fórum Religioso de Diálogo com GDF, o Fórum Cristão do PT Chegou a Brasília em junho de 1969 e, desde então, a elegeu como sua cidade do coração. Agora, aposentado, deseja dedicar-se a apenas duas atividades essenciais: pastorear graciosamente a Igreja Cristã de Brasília e Brasília, e escrever apaixonadamente. Sua grande ênfase ministerial tem sido o amor cristão, a graça maravilhosa de Deus revelada em Jesus Cristo, a responsabilidade social das igrejas e dos cristãos, e o ministério urbano da igreja.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *