REFLEXÕES DESPERTADAS PELA POSSE DE BIDEN E KAMALA
REFLEXÕES DESPERTADAS PELA POSSE DE BIDEN E KAMALA
Julio Borges Filho
Assisti emocionado pela TV a posse de Joe Biden e Kamala Harris como presidente e vice, respectivamente, dos EUA. A posse se revestiu de símbolos e beleza, especialmente porque a figura indigesta de Donald Trump não apareceu. Este, personalista e autoritário, nunca admitiu ficar em segundo plano e, por isso, deixou tristes recordações. O momento histórico provocou em mim algumas reflexões.
- O cerimonial é uma tradição americana com a entrada de autoridades pelas escadarias do Capitólio. Os ex-presidentes Clinton, Bush e Obama estavam lá. Faltaram apenas o soberbo Trump e o grande Carter que, com 96 anos, não pode participar. A Suprema Corte estava em peso assim como parlamentares de ambos os partidos que sempre disputam a presidência. Estava também a figura civilizada de Mark Pense, vice de Trump. E todos de máscaras. A civilização está de volta nos EUA e saíram a ignorância, o negacionismo e a barbárie.
- A dupla que vai dirigir os Estados Unidos nos próximos quatro anos em si são uma mensagem: Biden, homem branco, católico e idoso; Kamala, mulher negra, batista e jovem, e ambos políticos. Cânticos históricos foram entoados por Lady Gaga, Jeniffer Lopez e Gath Brooks. Uma poetisa negra, Amanda Gorman de apenas 22 anos, declamou um lindo poema dela. A cerimônia ter sido simbólica até nas vestes dos convidados. As orações foram profundamente cristãs, tanto a Prece da Posse, feita por um padre católico, quanto a oração final feita por um pastor metodista. A banda militar, bela e simples, comandava tudo, e até os condutores foram impecáveis. Uma ministra negra da Suprema Corte tomou o juramento de Kamala que colocou a mão direita sobre duas bíblias da família, e o presidente da Corte tomou o juramento do novo presidente Joe Baden que colocou a mão direita numa velha bíblia histórica. Há tradições que devem ser mantidas num país profundamente religioso.
- O discurso do novo presidente foi simples, humilde e conciliador chocando-se com a empáfia, o orgulho e o ódio do predecessor. Citou a Bíblia, citou Santo Agostinho, e nos deixou frases históricas. Pensei comigo sobre o contraste entre um líder democrata e um líder autoritário. O democrata está aberto ao diálogo e à conciliação; o autoritário não gosta de pergunta incômodas de jornalistas e quer impor a sua vontade. O democrata dá valor à palavra, à verdade, e governa para o bem de todos; o autoritário faz da mentira uma arma política, governa para a sua facção, não é confiável e usar o poder para se servir. O democrata não manipula o povo; o autoritário quer seguidores submissos que creem em suas palavras como verdade. O democrata respeita a constituição de seus país; o autoritário, se tiver oportunidade, dá um golpe. O democrata vê nos seus opositores adversários que merecem respeito; o autoritário vê os opositores como inimigos que precisam ser aniquilados. O primeiro é autêntico, respeita a vida a diversidade humana e a ciência; o segundo é perverso, negacionista e cultua a morte e o ódio. Sim, tudo isso, porque um é democrata e o outro é fascista.
- E, finalmente, a figura simpática e carismática da primeira vice-presidente mulher, Kamala Harris, me diz que ela será uma forte candidata à sucessão de Joe Biden. Ele, já como 78 anos, não tentará a reeleição. E então teremos a primeira presidenta da grande nação americana. Seria um avanço civilizatório porque o mundo seria bem melhor se dirigido pelas mulheres.
Que Deus abençoe a nova dupla presidencial dos EUA!… E que aqui no Brasil onde Trump fez um discípulo, líderes democráticos e simples surjam tirando do caos e trevas em que caímos.