UM SER HUMANO ESPECIAL
UM SER HUMANO ESPECIAL
Em memória do Pastor José Florêncio Rodrigues Jr
Filho de um grande pastor, nasceu em 06 de fevereiro de 1939 e nos deixou agora no dia 15.04.2021, aos 82 anos, vítima da COVID, deixando em todos que o conheceram imensa saudade. Vários amigos que me telefonaram, seus ex-alunos, choraram de emoção. Eu o conheci antes do casamento com minha irmã Lair, e assisti o casamento deles celebrado pela saudoso Pastor Merval Rosa na capela do SEC. Gostava de ouvi-lo na pequenina Igreja de Iputinga, em Recife, pregando sermões de 20 minutos exatos numa homilética perfeita e didática, Vi seus cinco filhos crescerem (Ana Heloísa, José Neto, Silviane, João Adson e Julio Carlyle). Suas preleções como capelão no Colégio Americano Batista eram memoráveis, e suas aulas no Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil eram cuidadosamente preparadas. Quando eu fui presidente do Grêmio Acadêmico Salomão Ginsburg, no seminário, ele foi o seu conselheiro. Eu o via em primeiro lugar como cunhado, depois como professor e conselheiro e, finalmente, como preciosa ovelha em dois pastorados. Mas, acima de tudo, como um ser humano especial.
Currículo invejável: pastor de várias igrejas, capelão do Colégio Americano Batista, professor no STBNB, capelão e depois diretor do Colégio Americano Batista, professor da Universidade Federal do Piauí com doutorado na área de Educação nos EUA, professor da Universidade de Brasília e da Universidade Católica de Brasília. Um mestre, um bom escritor, e como cristão passou por várias fases em sua vida. Esteve presente na minha vida ajudando-me numa crise existencial na juventude, foi co-celebrante do meu casamente com Gil, participou da minha ordenação ao pastorado, e depois, foi minha ovelha em dois pastorados: na Primeira igreja Batista de Teresina e na Terceira Igreja Batista do Plano Piloto. Confessou-me várias vezes que só conheceu só dois bons pastores: seu pai e eu, o que me deixou imensamente feliz.
A partida de Juninho, como todos os que o amávamos o conhecíamos, deixa uma lacuna imensa, não apenas em seus familiares, mas em todos os que o conheceram. Como ser humano tinha suas falhas e esquisitices superadas pelas suas virtudes e dons. E eram muitos os seus dons: mestre, músico, pastor com o dom da simpatia, solidariedade humana, etc. Preocupado com vítimas de pedófilos, preparou-se, não apenas para dar assistência a famílias onde havia uma criança abusada, mas também fazia palestras em igrejas e congressos sobre o assunto, e mais: assistia com carinho pessoas com doenças terminais. Após servir por muitos anos igrejas tradicionais batistas, cansou-se delas. Procurava igrejas pequenas nos cidades satélites onde pudesse ajudar e escreveu um livro demolidor: “Desconstruindo a Igreja” onde defende o retorno da alegria dos lares contra a institucionalização dos templos.
Metódico, preparou a mais de dez anos o seu funeral com algumas condições: seu corpo seria cremado, o oficiante seria eu e, no meu impedimento, o Pastor Josias Alves da Costa, a cerimônia seria só de textos bíblicos com apenas um solo por Gislene, minha esposa, do Salmo 23 na versão do Padre Gelineau, e, finalmente, nada de palavrório elogiosos, sermões, testemunhos, etc. A cerimonia aconteceu hoje, 16.04.2021, às 10:30 horas, no Cemitério Jardim Metropolitano em Val Paraíso-GO, exatamente como ele desejou com a presença dos dois pastores oficiantes, de Lair, sua primeira esposa em cujo casamento de 40 anos nasceram os 5 filhos e 11 netos; de Iara, sua atual esposa e companheira com seus filhos; dos os filhos Ana Helóisa, José Neto e Julio Carlyle e sua esposa Carolina, e cerca de mais 20 pessoas, excedendo assim o protocolo da pandemia de 10 apenas. Os demais filhos que moram nos Estados Unidos (Silviane e João Adson, com o genro Martin e a nora Mariana) assistiram tudo pela internet. Imagino que seus irmãos, muitos netos, amigos, parentes, e Marjorie, esposa de José Neto, também assistiram. Eis os textos bíblicos da celebração com a participação dos filhos: Salmo 90, 1 Pedro 1:3, Salmo 67, Salmo 121, Lucas 1:46-55, Apocalipse 3:20; 22:1-5, João 11:25 e 26, o canto da salmo 23 e Judas 24 e 25. Em seguida, emocionados, vimos o caixão sendo posto para a cremação.
Sim, um ser humano especial cuja recepção em Glória poderia ser assim: Jesus Cristo, de pé, recepcionando-o, tendo seu grande pai, pastor José Florêncio Rodrigues ao lado, e o sorriso e o abraço apertado de seu sobrinho Jusiel, agora como seu irmão. Bem, ele deixou de sofrer, suas faltas e pecados foram perdoados na cruz de Cristo, e suas muitas obras estarão para sempre como ele. É isso o que nos diz a bem-aventurança dos mortos numa voz do céu, portanto, verdadeira: “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das sua fadigas, pois as suas obras os acompanham.” – Apocalipse 14:23.
Brasília, 16.04.2021
Julio Borges Filho
Tive o prazer de conhecê-lo e ser acolhido como aluno desse estelar professor.