GUERRA PELA ETERNIDADE
GUERRA PELA ETERNIDADE
Julio Borges Filho
Acabei de ler o livro GUERRA PELA ETERNIDADE de Benjamin R. Teitelbaum sobre o retorno ao tradicionalismo e a ascensão da direita populista. Ele analisa a influência dos ideólogos Steve Bannon, Olavo de Carvalho e Aleksandr Dugin no crescimento da direita radical no plano internacional. O americano foi o guru de Trump nos EUA, o brasileiro é o guru de Bolsonaro e da extrema direita no Brasil, e o russo é o guru de Putin na Rússia. Os três se inspiram no pensador francês convertido ao islamismo René Guénom e o no barão italiano Julius Evola que defendem uma história em ciclo que vai da idade do ouro, prata, bronze e sombria. A de ouro é a dos sacerdotes, a de prata é a dos guerreiros, a de bronze é a dos comerciantes, e a sombria e a dos escravos.
Dugin é o mais consistente e culto dos três porque defende um mundo baseado em culturas e é apaixonado pela revolução xiita no Iran sobre a qual escreveu um ensaio. Bannon está a serviço da império americano e da cultura cristã conservadora branca, e Olavo de Carvalho é apaixonado pelo esoterismo e pela cultura cristã conservadora branca do interior do sul dos EUA, e mora desde 2005 no estado americano da Virginia. Tiveram sucesso nos EUA com Trump, na Rússia com Putin, no Brasil com Bolsonaro, na Hungria e na Polônia usando um linguajar cristão conservador e uma agenda de combate ao aborto e à chamada ideologia de gênero que discrimina os homossexuais, e o ódio à esquerda que eles xingam de “comunistas”.. A ideologia de gênero é uma criação de Bannon para incentivar intolerância religiosa e a exclusão dos gays. Em comum a todos eles está o tradicionalismo que rejeita a modernidade e querem retroceder ao mundo antes do iluminismo. Usam, o negacionismo como arma política porque uma mentira repetida muitas vezes vira uma verdade para muitos (o extremo do negacionismo é o movimento terraplanista). Outras armas é o ódio aos adversários que, para eles, são inimigos a serem destruídos, e o uso da religião para conquistar corações e mentes. Combatem o movimento feminista, o movimento negro, os direitos humanos e organismos internacionais modernos, as ONGS que lutam pelo meio ambiente; são contra a globalização, etc. Em suma, é a guerra pela eternidade expressa nas culturas religiosas e, para tanto, tecem teorias conspiratórias porque precisam de inimigos para sobreviverem.. Pregam, tanto Bannon quanto Olavo, a destruição das estruturas de estado modernas como a política de defesa do meio ambiente, os sindicatos, as universidades porque acham que são frutos do marxismo e da modernidade, e combatem o emergente império chinês. Elogiam os governos autoritários de direita, portanto, o fascismo e o nazismo.
Vale a pena esclarecer que cultura religiosa cristã conservadora branca tem pouco a ver com Jesus Cristo e seu evangelho e tem sido usada como instrumento de dominação e opressão. Foi a cultura religiosa tradicionalista judaica que se opôs duramente a Jesus e o levou à morte. Muito do cristianismo ocidental tem pouco a ver com Jesus que usou um outro caminho: o do amor, da justiça, da defesa dos excluídos e do serviço sem jamais excluir ninguém. Mas tem a ver com Cristo o movimento negro liderado por Martin Luther King Jr e todos os movimentos de inclusão social e de defesa do meio ambiente no mundo. Daí jamais se comparar os filósofos da Guerra pela Eternidade com um pensador de nível de Noam Cromski que combate todas as formas de imperialismo político, econômico e religioso que excluem bilhões e luta pela justiça social e pela defesa da mãe terra, não com armas, mas com conhecimento e militância. Por isso estou fazendo um curso dele sobre COMO PARAR O RELÓGIO DO JUIZO FINAL. Bem, mas isso é um outro assunto para breve. Aqui expus suscintamente o que extraí do livro de Benjamin R. Teitelbaum GUERRA PELA ETERNIDADE porque nos tem afetado com um rastro de destruição, morte e mentira nunca visto na história recente do Brasil e do mundo e, para os evangélicos, é bom observar a doutrinação de pastores pela direita norte-americana. Tenho observado a mudança de estratégia nos últimos anos para preservar o domínio do neoliberalismo americano na América Latina que levam nossas riquezas. Usaram os militares, depois a justiça e agora a religião. É triste, mas é verdade.