MEUS 78 ANOS EM POESIAS
MEUS 78 ANOS EM POESIAS
(Julio Macedo Filho)
QUEM SOU EU AFINAL?
Mistério do meu coração,
insondáveis profundezas do meu ser:
uma vontade imensa de viver,
uma vontade louca de morrer.
Quem sou eu afinal?
Aquele que eu penso ser assim,
ou o que os outros pensam de mim?
Sou um cemitério ou um jardim?
Em mim há dor e alegria,
muitos sonhos e muita ilusão.
Sou romântico triste de coração,
sou dominado por uma paixão.
Quem sou eu afinal?
Sou o que Deus quer que eu seja,
e onde e como eu esteja
Ele me ama e me deseja.
TEMPO PRA VIVER
Só quero isso:
Tempo para estar contigo,
tempo pra curtir a vida,
tempo para amar,
tempo para sonhar,
tempo pra viajar,
tempo pra cantar Tua beleza,
tempo pra amar a natureza,
tempo pra viver!…
LIVRE, AMOROSO E LEVE
Se morresse morreria feliz:
livre, amoroso e leve.
Por que não sou feliz agora
e a tristeza minh´alma devora?
Ah, eu estou triste pelo que não fiz,
E o que fiz já não me serve.
Tira-me, meu Deus, este peso
que me prende e me esmaga.
Dá-me de Jesus a natureza –
o amor, a alegria, a leveza..
Torna meu espírito bem aceso
com a Chama que não se apaga.
Ah, eu quero voar de novo,
de novo sonhar com meu povo,
gerando filhos vivos e raros
que voem sem nenhum amparo
rumo à pureza da neve.
Quero a boa leveza viver
e, quando afinal morrer,
que seja livre, amoroso e leve.
AMAR ETERNAMENTE
Sou fascinado pelo amor,
mas, por isso, tenho sofrido.
E se mais tivesse vivido,
mais sofreria essa dor.
Sofrer por amor é prazer
que não se pode explicar.
Sofre-se muito por amar.
Amar é ter coragem de ser.
Se mil vidas eu tivesse,
ainda que dor houvesse
eu amaria para sempre.
Ama-se porque Deus ama
e colocou em nós tal chama
de amar eternamente.
V O A N D O
Nesta tardinha dourada,
sinto que o tudo não é nada
e que o nada não existe.
O que existe é a beleza,
mesmo cercada da tristeza
da alma que está triste.
O sol-ouro se põe tristemente,
a saudade no coração de gente
não tem vontade de partir.
É que aqui é bom e belo,
e, mesmo sem o sol amarelo,
se tem vontade de existir.
Ah, minha cidade querida,
como é bom viver a vida
no Calçadão da Asa Norte!…
Aqui a brisa sopra bem leve,
e, mesmo longe da neve,
viver aqui é ter muita sorte.
Carros passam e o lago dorme,
nuvens param cinzas, disformes,
e eu sentado e leve sonhando..
Que pare o tempo e sopre o vento
para que a alma e o pensamento
criem asas para o Eterno voando.
Brasília, 26 de novembro de 2022