A REDENÇÃO: A HISTÓRIA REAL DE BONHOEFFER – O filme
Assisti emocionado, ao lado de minha esposa que derramava lágrimas, o belo filme sobre Dietrich Bonhoeffer, o pastor e teólogo alemão que resistiu corajosamente ao nazismo na segunda guerra mundial e que, por isso mesmo, foi enforcado semanas antes do suicídio de Hitler e a um menos antes do fim da guerra. Como o filme é atual no atual momento história em que a extrema direita manipula igrejas e cristãos com mensagem de ódio e intolerância!…
O jovem e promissor pastor luterano lutou contra a opressão nazista dentro da igreja que estava quase que totalmente se rendendo a Hitler ao ponto de retirar os símbolos cristãos dos templos e substitui-los pela suástica nazista, e mais: imprimindo uma bíblia nazista com Hitler na capa e acrescentando mais dois mandamentos aos dez mosaicos, um de submissão ao fuhrer e o outro exaltando a raça ariana. Além de lutar dentro e fora da Alemanha contra a idolatria nazista, Bonhoeffer dirigiu um seminário clandestino e, como cristão, conspirou para eliminar o mal que matava em massa os judeus e opositores do regime. Assim participou de uma conspiração para matar Hitler. Viveu apenas 38 anos, foi preso e enforcado, mas deixou um legado com seu exemplo e com seus livros que revolucionou a teologia e o mundo. É um herói e mártir e Hitler um vilão da história.
Bonhoeffer é interpretado pelo ator Jonas Dossler no filme com direção de Todd Komernicki e com distribuição da Paris Filme. Um pacifista que sonhava trabalhar com Gandhi enfrentou o dilema de usar da violência para combater o mal e assim salvar a humanidade da opressão. A um oficial nazista que o prender zombando de um pastor preso por se unir a uma conspiração para cometer um assassinado, Bonhoeffer responde: “O que você faria se visse um monstro matando criancinhas?” O oficial emudeceu. Eu, um pacifista convicto, não posso condená-lo especialmente depois que conhecemos o rastro de crueldade e desumanidade do nazismo. Sua autenticidade no seguir a Jesus Cristo, sua coragem profética e seus livros (“O Discipulado”, “Vida em Comum”, e “Resistência e Submissão”.) muito me influenciaram como pastor e como cristão.
Vale a pena assistir o filme que leva-nos à uma profunda reflexão sobre a superficialidade do cristianismo ocidental que transformou igrejas em instrumentos manipulávels a serviço de políticos extremistas, intolerantes e desumanos.
Brasília, 27 de dezembro de 2024
Julio Borges de Macedo Filho