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BOLSONARO E B O L S O N A R I S M O

BOLSONARO E B O L S O N A R I S M O

                                                                                                           Julio Borges Filho

Em 2018, em plena campanha eleitoral, publiquei um texto sobre o perigo de se eleger Bolsonaro para a presidência da República brasileira. Agora, em meio a uma página sombria da história do Brasil e no início desta nova campanha, escrevo para alertar de novo e como um testemunho histórico que viveu em pleno anos de chumbo onde direitos eram violentados e a tortura imperava.

No Brasil as seitas político-religiosas aparecem e somem rapidamente, porque falsas, como nos ensinou o sábio Gamaliel. Foi assim com a podre lavajatismo e será assim com o fruto dela: o bolsonarismo. Este terá uma duração maior porque se alicerça no nazismo e no fascismo  e na péssima filosofia de Olavo de Carvalho. Aliás os ideólogos da extrema direita hoje são Duncan, o russo, que orienta Putin; Steve Bannom, o americano, que inspira Trump, e  o finado Olavo de Carvalho que fez a cabeça de Bolsonaro, embora tenha dito que este nunca leu um livro dele.
O livro Guerra pela Eternidade nos traz uma síntese do pensamento deles.  Segue, a seguir, as principais característica de Bolsonaro e do Bolsonarismo.

                                               Negacionismo

Negar sempre e sempre até que a mentira se transforme é uma pós-verdade. Muitos negam até que a terra seja redonda. Nada de assumir responsabilidade, pois o líder não erra. O erro é dos outros. Nega-se a pandemia da Covid e, quando a afirma é para imaginar teorias da conspiração, nega-se a vacina contra a Covid, nega-se a eficácia das vacinas e receita-se remédios ineficazes, nega-se o uso de máscara como eficaz, nega-se as rachadinhas que pai filho praticaram construindo patrimônio com dinheiro público, nega-se o que está diante de nós no noticiário diário. Também o atual presidente e seus seguidores jamais se defendem ou assumem culpas, mas rebatem as acusações com ataques raivosos. Ao adeptos, chamados “gado”, são “Chatíssimos, burríssimos, parecedíssimos, enjoadíssimos…” –  teria dito Nietzsche.

                               A mentira como arma política 

Espalhar mentiras (Fake News) é uma arte que o bolsonarismo, seguindo seu mestre e líderes, desenvolveu e que ingênuos e cegos seguidores difundem. O  evento com os embaixadores de 40 países para combater a urna eletrônica e o judiciário foi o ápice da mentira e uma vergonha para o Brasil no mundo. O Gabinete do Ódio, chefiado por um dos filhos do presidente, funcionava no Palácio do Planalto e com verbas públicas espalhando toda sorte de mentira. E se preparem: apesar da vigilância do TSE e das Redes Sociais, vem aí nesta campanha muita mentira. Estão até praticando um crime chamado de “deepfake” falseando vozes de artistas e jornalistas para publicar notícias falsas como aconteceu com a cantora Daniela Mercury e com a jornalista Renata Vasconcelos do JN da Globo. Deveriam usar o lema: E conhecereis a mentira e a mentira vos escravizará.”

                               Manipulação religiosa cristã 

O bolsonarismo, assim como o trumpismo nos EUA, consegue manipular bem o conservadorismo religioso cristão, mais especificamente o evangélico, com discursos moralistas contra o aborto e com a maior de todas as Fake News:  a chamada ideologia de gênero. Não tocam no divórcio porque o líder é campeão nisso e as igrejas estão repletas de divorciados. Os gays sofrem muita perseguição e também as religiões de origem africanas. A intolerância religiosa é incentivada. Não bastasse isso, derrama-se dinheiro público com perdão de dívidas de igrejas e pastores empresariais e com patrocínios e publicidade para líderes gananciosos, e usa-se muito o nome de Deus em vão, além de versos da Bíblia como as belíssimas palavras de Jesus “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, fazendo o contrário ao espalhar mentiras. Bolsonaro chegou a dizer na  triste Marcha para Jesus, que Jesus, se vivesse hoje, andaria com uma pistola na cintura. Alguns pastores já o obedecem nisso. O nome do diabo é usado de boca cheia para atacar os adversários. O evangélico bolsonarista ama muito o diabo porque fala mais dele do que do próprio Deus ou Jesus Cristo.
Alerta: olhe com desconfiança para políticos que vivem falando no nome de Deus para instrumentalizar a fé, e desconfie de pastores que ungem candidatos como escolhidos por Deus. Razão tinha C.S. Lewis: “De todos os homens maus, os maus e religiosos são os piores”. Há falsos pastores que trocam de Messias, trocando Jesus por Jair ao ponto de negar a comunhão da Ceia do Senhor a quem votar em Lula. O que me espanta é muita gente boa seguindo esse caminho de trevas que divide igrejas e famílias semeando a inimizade.

                                       Preconceituoso

Os preconceitos são alimentados com o cultivo da superioridade branca e o fundamentalismo cristão alcançando os negros, religiões afro, índios, gays e marginalizados da sociedade. O ódio racial é alimentado assim como a homofobia e a misoginia.  A maior evidência disso foi ter indicado um negro que pensa como branco para a Fundação Palmares, e o modo depreciativo como o presidente trata os quilombolas pesando-os com arrobas.

                                  Masculinidade tóxica  

O líder, que chamam de “mito” (um amigo o cunhou de “minto”), cerca-se de homens nas motociatas  levando um na garupa de sua moto,  nas praias e de discursos machistas com ofensas a mulheres e se solidariza com homens que exploram e até matam mulheres. Quando deputado ofendeu a uma deputada adversária dizendo que só não a estupraria porque ela era feia. São homens que não gostam de mulheres e as consideram objetos sexuais importantes para a procriação e submissão. O feminismo, que conseguiu muitas conquistas para a mulher, é combatido e desprezado por eles, porque dá vez e voz às mulheres. O aumento de feminicídio no Brasil só aumentou com isso. Acho que só pelo status social e por ser pai de sua filha é que sua atual esposa o suporta e ainda faz campanha para ele..

                            Cultura da violência e do ódio  

O símbolo da seita é a “arminha” contra os inimigos. Os adversários políticos são vistos como inimigos a serem eliminados. A difusão de armas de fogo é sem precedente no Brasil com milhares de clubes de tiro. Os inimigos são “os comunistas” que defendem a justiça social, os ambientalistas que defendem o meio ambiente, etc. Os milicianos, mesmo os envolvidos no assassinato de Marielle, são amigos e aliados. O presidente elogia torturadores e a ditadura militar e prega morte de milhares que não pensam como ele. A polícia é orientada para matar pobre e preto como o lema: “bandido bom é bandido morto”. Tal necropolítica é mãe do ódio e do fanatismo religioso que odeia. O Gabinete do ódio ilustra tudo. O discurso de ódio do presidente semeia violência e violentos de todo tipo. O movimento neonazista cresceu assustadoramente no Brasil nos últimos anos.

                                               Corrupção

A ideologia bolsonarista prega que primeiro é preciso destruir para depois construir. Daí a ofensiva destrutiva sobre o Ibama, o Instituto Chico Mendes, a Funai, abrindo portas para o tráfico e a violência na Amazônia  que saqueiam reservas indígenas. E segue: O Itamarati é usado para deteriorar nossas relações exteriores colocando o Brasil com pária internacional, a educação superior que, segundo eles,  é um antro de socialistas, ateus e modernistas, o meio ambiente, a ciência e tecnologia, etc, deixando para os futuros governos uma herança maldita de destruição. E o pior: o governo atual é o mais corrupto da história do Brasil. Basta olhar para o vergonhoso orçamento secreto que gasta bilhões sem transparência corrompendo o Congresso e o processo eleitoral, a corrupção na CODEVASP, no MEC, no Ministério da Saúde, no Ministério do Meio Ambiente, no cartão corporativo presidencial, e até nas Forças Armadas com supersalários de militares aliados (até dinheiro do Bolsa Família foi desviado para o exército).. O Centrão do presidente da Câmara Federal cobra caro para livrar o presidente do impeachment. Esta corrupção institucional é aliada dos mineradores contra os índios, e dos que destroem florestas em nome da ganância. Inventaram agora até “segredo por cem anos” para não revelar os gastos escandalosos com o cartão corporativo presidencial, etc. E, o mais grave: lança 70 bilhões de dinheiro público para comprar votos dos pobres, caminhoneiros e taxistas. E nem falei da mãe de toda a corrupção: as rachadinhas.

                                               Insensibilidade social

A sensibilidade social é a marca de um bom governo. O que vimos neste governo foi uma insensibilidade social em tudo. Na pandemia o presidente tinha dificuldade de se solidarizar com as famílias dos mortos, O seu “E daí” foi sua marca. Imitava perversamente pessoas sem ar, eliminava os CPFs com alegria como se fosse uma piada, nunca visitou um hospital ou uma favela, sente desprezo pelos índios que estão enfrentando fome, doenças e constantes ameaças de mineradores armados em suas reservas, quer colocar o MST como uma organização terrorista, despreza os quilombolas, etc. Seus apoiadores saem às ruas só para clamar contra as instituições democráticas e para pedir a volta da ditadura sob seu chefe, um homem que não sabe governar nem a si mesmo. Seu ministro da economia segue no mesmo tom comentando que pessoas pobres não deviam andar de avião, que os planos de saúde fazem um serviço melhor que o SUS, enquanto verbas para este e outros setores sociais são cortadas deixando a população pobre à míngua. Assim a miséria e a fome voltaram com força nas ruas, nos campos, chegando a mais de 30 milhões de brasileiros. Só agora o atual presidente lembra-se dos pobres no desejo de comprar seus votos.

                                                      Autoritarismo

Inspirado no fascismo Bolsonaro já cometeu muitos crimes contra a democracia para desviar a atenção de seu fracasso como governante. Ameaças de golpe militar proclamando-o como ditador o que seria um desastre total. Empresários bolsonaristas pregam abertamente o golpe se ele perder a eleição. Ameaça a imprensa ofendendo jornalistas e, principalmente, jornalistas mulheres. Só coloca ministros subservientes, quer controlar o Ministério Público, a Polícia Federal e joga seus fanáticos seguidores contra os demais poderes. É como se ele tivesse levantado a tampa da fossa de muitos corações revelando o que há de pior neles. Alguns dos seus seguidores são violentos e armados.

Bem, como dizia o sábio conselho de Gamaliel, vai passar porque não tem sua origem em Deus. Só pelas características acima logo se pode perceber isso. É uma seita anticristã porque nada tem a ver com o Evangelho pregado por Jesus de Nazaré. Jesus ensinou “o sim, sim e o não, não”, a transparência, que a mentira tem origem no pai da mentira e não em Deus que é fonte de toda verdade; condenou a manipulação religiosa dos escribas e fariseus, combateu todos os preconceitos, defendeu a mulher contra uma sociedade machista, nunca pregou a violência e o ódio, mas que devemos orar pelos que nos maltratam e perseguem e amar nossos inimigos imitando o Pai Celeste; amou a natureza e a construção de um novo mundo baseado no amor e na fraternidade humana; evangelizou os pobres fazendo-os sujeito do Reino de Deus, combateu o autoritarismo e a opressão de sua época e ensinou que o poder é para servir e nunca para oprimir e para corrupção dizendo que o verdadeiro líder é o que serve os outros. E mais: combateu os corruptos de sua época com um chicote nas mãos expulsando-os do templo, e foi duríssimo com os hipócritas religiosos de sua época..

Por isso, ninguém seja enganado. O homem que preside o Brasil é um despreparado para o cargo que ocupa, chega a ser desumano e perverso, e nada tem de cristão. Derrotá-lo logo no primeiro turno é tarefa de todo brasileiro e brasileira de boa vontade que não deseja ver de volta a ditadura. E aí a seita bolsonarista teria pouca duração sem o poder que a alimenta e a sustenta e Bolsonaro voltaria ao seu tamanho real.

Júlio Borges de Macedo Filho

PASTOR JULIO BORGES DE MACEDO FILHO Piauiense de Curimatá, 72 anos com 48 de pastorado, filho de Julio Borges de Macedo e Arquimínia Guerra de Macedo, é o sétimo filho de uma família de onze irmãos. Casou-se, há 48 anos no dia de sua ordenação ao ministério pastoral, com a professora Gislene Rodrigues Lemos de Macedo e tiveram quatro filhos: Juliene, Jusiel (falecido), Julinho e Julian. Agora Deus lhe deu a primeira neta chamada Sarah, de apenas 8 anos. Concluiu o curso de Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, em Recife. Formou-se em 1969 e foi ordenado ao ministério pastoral no dia 22 de fevereiro do mesmo ano. Pastoreou as seguintes igrejas: Igreja Batista do Rio Largo – AL (1969 a 1972), Primeira Igreja Evangélica Batista de Teresina – PI (1972 a 1978), Primeira Igreja Batista de Ilhéus – BA (1978 a 1979), Terceira Igreja Batista do Plano Piloto – Brasília (1979 a 1989), Igreja Batista Noroeste de Brasília (interinamente em 1985), Primeira Igreja Batista de Curimatá – PI (interinamente em 2000), e desde 1989, a Igreja Cristã de Brasília. Tomou a iniciativa para a organização das seguintes igrejas: Primeira Igreja Batista de Picos –PI, Igreja Batista do Lago Norte – Brasília, Igreja Batista Noroeste de Brasília (hoje, Igreja Batista Viva Esperança), e a Igreja Cristã de Brasília. Ordenou cerca de 20 pastores e uma pastora, consagrou dezenas de diáconos e diaconisas por onde passou, e celebrou mais de 500 casamentos. É considerando no Distrito Federal um pastor de pastores. Líder denominacional foi presidente da Convenção Batista Alagoana, da Convenção Batista do DF (três vezes), do Conselho de Pastores Evangélicos dos DF (duas vezes); participou de vários organismos batistas como o Conselho de Planejamento e Coordenação da Convenção Batista Brasileira, das juntas administrativas do Seminário Teológico Batista Equatorial e do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil; e por 20 anos foi professor da Faculdade Teológica Batista de Brasília ensinando as seguintes disciplinas: Estudos de problemas brasileiros, ética cristã, teologia pastoral, teologia contemporânea, ministério urbano, teologia bíblica do Antigo Testamento, e homilética. Como teólogo produziu muitos artigos, teses, e palestras nos mais diferentes lugares, e participou de muitos congressos, seminários, fóruns, retiros, entre eles o Congresso Internacional Lousane II realizado em Manila, Filipinas em 1989. Foi orador de várias assembléias convencionais, e pregou em muitos congressos e igrejas por todo o Brasil. Como poeta e escritor já gestou e publicou cinco livros (Missão da Igreja e responsabilidade social, Voando nas asas da fé, Um sonho coberto de rosas, Suave perfume, e Uma grande mulher), tem quatro prontos para publicação, e está grávidos de mais dez livros que espera escrever e publicar nos próximos oito anos. Na área política assessorou deputado Wasny de Roure, por muitos anos, tanta na CLDF como na Câmara dos Deputados; assessorou por pouco tempo os deputados distritais Peniel Pacheco e Arlete Sampaio; o Ministro da Educação, Cristovam Buarque, como chefe da Assessoria Parlamentar do MEC, e depois assessor parlamentar do Senador Cristovam Buarque. Nesta área produziu muitos escritos sobre os evangélicos e a política, fez inúmeras palestras, promoveu muitos seminários, e foi fundador e coordenador de vários fóruns, entre eles o Fórum Político Religioso do PT, o Fórum Religioso de Diálogo com GDF, o Fórum Cristão do PT Chegou a Brasília em junho de 1969 e, desde então, a elegeu como sua cidade do coração. Agora, aposentado, deseja dedicar-se a apenas duas atividades essenciais: pastorear graciosamente a Igreja Cristã de Brasília e Brasília, e escrever apaixonadamente. Sua grande ênfase ministerial tem sido o amor cristão, a graça maravilhosa de Deus revelada em Jesus Cristo, a responsabilidade social das igrejas e dos cristãos, e o ministério urbano da igreja.

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