Coringa – O filme
C O R I N G A – O filme
Julio Borges Filho
Coringa ia passar em branco, mas, incentivado por uma amiga e por um amigo, convenci minha esposa a assisti-lo comigo. Ela não gosta de filmes violentos e dramáticos, mas gostou do filme assim como eu. Impactante e transgressor. Esta é a melhor definição desse suspense psicológico americano do diretor Todd Phillips com Joaquim Phoenix interpretando magnificamente Coringa e contando com excelentes atores como o veterano e sempre bom Robert De Niro.
Arthur Freck, o Coringa, era um homem bom, mas atormentado. Sofre de um problema neurológico que o faz gargalhar em momentos inapropriados. Em busca de um sentido para sua vida, escolhe ser um palhaço porque queria fazer os outros rirem. Ao descobrir o segredo de sua vida de rejeição, termina usando de violência para se defender e mata três rapazes da elite de Gothan City num trem que abusava de uma moça e que lhe deram uma surra. E isso provocou uma revolta da população oprimida da cidade que ver no palhaço um justiceiro. É a revolta das vítimas do sistema que privilegia os ricos e cancela programas sociais dos pobres. Assim Coringa desmascara a moralidade e a hipocrisia da cidade. Os homens de bem são mesmo de bem, ou são sepulcros caiados? Os governantes e o sistema político e econômico são confiáveis? Assim o mal sistêmico é denunciado e provoca a revolta das vítimas que culmina quando Coringa mata o grande humorista da cidade (Robert De Niro) em pleno show. Joaquim Phoenix, por ter tido uma vida atormentada (filho de uma família de hippies de uma seita de evangelizadores, “Filhos de Deus”, que perambulou pelos EUA e América Latina, passou fome na infância, perdeu a virgindade aos 4 anos, perdeu seu irmão mais velho, o celebrado ator River Phoenix, morto por overdose, tornou-se alcoólatra, etc) interpreta bem o atormentado Coringa que coloca, de modo subentendido, Batman (Bruce Wayne) como o herói apenas da elite. Sim, porque a história é escrita com a versão dos vencedores. E, o que é mais curioso, Bruce Wayne é irmão do Coringa por parte de pai.
O filme é fruto da violenta sociedade americana, mas pode se adaptar à nossa realidade onde a injustiça social provocada pela iníqua distribuição de renda fazem milhões de vítima e provoca a violência dos fracos. A economia é boa quando os ricos enriquecem com toda sua ganância pelo lucro. Boa seria se semeasse justiça social com boa educação, boa saúde, habitação, saneamento e segurança para todos, criando a solidariedade, A revolta das vítimas vem quando o mal triunfa. Só o amor de Deus revelado na cruz de Cristo pode fazer justiça para as vítimas e recuperar a dignidade dos opressores com justo juízo.
Recomendo Coringa como um filme impactante e transgressor que pode nos acordar para a dura e cruel realidade.