Deus e a Ciência
Por Nilson Pereira de Moura, Bacharel em Teologia pela FTBB e Pastor da Igreja Cristã de Brasília – ICB.
Este artigo surgiu de uma conversa com meu amigo Luis Eduardo (Dudu) de um texto que o mesmo compartilhou comigo sobre “a partícula de Deus – O Bóson de Higgs” ou “o campo de Higgs”. Segue o meu entendimento sobre Deus e a ciência.
É importantíssimo toda pesquisa científica. Porque traz importante contribuição para ampliar a cosmovisão, ou seja, a visão do cosmos. As ciências exatas e as ciências humanas são cooperativas em suas descobertas, embora não sejam relacionais. Elas cooperam por suas inovações e avanços no conhecimento. Se quero descobrir ou acreditar na existência de Deus não será a ciência que me fará descortinar esse mistério. As vastas áreas do conhecimento apenas reforçarão a minha fé na existência do Ser Supremo criador de tudo que existe. As ciências não criam nada, somente descobrem o que já existe, da menor partícula ao universo, nada existe por si só – Deus planejou e criou tudo, então, apenas descobrimos o que ele fez. Ex.: a cura do câncer, a cura da Sida (AIDS) não é invenção humana, é uma descoberta humana, apenas isso. Pois, o princípio ativo já estava criado por Aquele que muitos não querem admitir existência – Deus.
A teologia não tem a última palavra, (embora Deus a tenha) assim como nenhum outro campo do saber pode dizer que o tem. A teologia apenas tenta sistematizar um discurso sobre o Sagrado, o Ser que nominamos em nossa língua como Deus. Esse mesmo Deus é autorrevelativo, isto é, Ele se revela aos homens de várias formas e maneiras. Tanto na teologia natural e quanto na teologia especial. Explico:
1) Na teologia natural Deus se revela em sua criação, basta observar a imensidão do universo com suas galáxias e seus aglomerados de bilhões de estrelas e outros objetos que compõe o cosmos e também sua forma dinâmica e sincrônica de relações, como por exemplo, nosso planeta azul chamado terra, tão diverso nos seres criados, do menor até o maior ser, a coroa da criação. O ser humano, a expressão da imagem e semelhança de Deus (personalidade, vontade, desejo, relacionamento e espiritualidade) são atributos de Deus comunicados aos seres humanos.
Os autores e escritores bíblicos mediante o observar da teologia natural manifestam em forma de poesia o entendimento que tinham a respeito do Ser tão Supremo criador de tudo que existe nos céus e na terra. O salmo 19,1-7 declara de forma magnífica:
“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras de suas mãos. Um dia declara isso a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Sem discurso, nem palavras; não se ouve a sua voz. Mas sua voz se faz ouvir por toda a terra, e suas palavras, até os confins do mundo. Ali pôs uma tenda para o sol, que como um noivo sai do seu aposento, e como herói se alegra a percorrer o seu caminho. Sai de uma extremidade dos céus e percorre até a outra extremidade; nada se esconde do seu calor. A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos simples”.
O salmista, expressa, seu espanto e encanto sobre a sua cosmovisão dos céus “universo”. Já o salmo 24,1-2, o poeta e cantor fala da dimensão e da sua compreensão da terra como propriedade do Senhor Deus. Observe:
“Ao Senhor pertencem a terra e tudo o que nele existe, o mundo e os que nele habitam. Porque ele a estabeleceu sobre os mares e firmou-a sobre as correntes”.
No livro das origens da criação (Gênesis 1,1-13) o autor diz que tudo foi criado por Deus “elohim” quando escreve:
“… No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia, e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas. Disse Deus: Haja luz. E houve luz. Deus viu que a luz era boa; e fez separação entre a luz e às trevas e Deus chamou à luz dia, e às trevas, noite. E foram-se a tarde e a manhã, o primeiro dia. E disse Deus: Haja um firmamento no meio das águas, que faça separação entre águas e águas. E Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam debaixo do firmamento das que estavam por cima dele. E assim foi. E ao firmamento Deus chamou céu. E foram-se a tarde e a manhã, o segundo dia. E disse Deus: Ajuntem-se num só lugar as águas que estão debaixo do céu, e apareça o continente. E assim foi. E ao continente Deus chamou terra, e ao ajuntamento das águas, mares. E Deus viu que isso era bom. E disse Deus: Produza a terra os vegetais: plantas que dêem semente e árvores frutíferas que, segundo suas espécies, dêem fruto que contenha a sua semente, segundo suas espécies. E Deus viu que isso era bom. E foram-se a tarde e a manhã, o terceiro dia…”.
O texto sobre a criação se estende até o verso 31, apenas usei o começo para apontar que tudo que existe desde o universo até as mínimas coisas foram criadas por Deus. A leitura pode ser continuada para melhor compreensão do texto e seu contexto em Gênesis 1,1-31. Finalizo este tópico da teologia natural com uma música e poesia contemporânea – Grandioso És Tu:
“Senhor, meu Deus
Quando eu maravilhado
Contemplo a tua imensa criação
O céu e a terra e os vastos oceanos
Fico a pensar em Tua perfeição
Então minha alma canta a Ti, Senhor
“Grandioso és Tu!”, “Grandioso és Tu!”
Então minha alma canta a Ti, Senhor
“Grandioso és Tu”, “Grandioso és Tu”
Quando eu medito
Em teu amor tão grande
Que ofereceu teu Filho sobre o altar
Maravilhado e agradecido venho
Também a minha vida te ofertar
Então minha alma canta a Ti…
E quando enfim,
Jesus vier em glória
E ao lar celeste Então me transportar
Adorarei, prostrado e para sempre:
“Grandioso és Tu, meu Deus!”,
Hei de cantar”.
2) Na teologia especial Deus realiza um ato, ao qual chamo de revelação especial, é o ato de revelar-se na pessoa encarnada de Seu filho Jesus Cristo com objetivo de relacionar com o ser humano criado sua imagem e semelhança, revela-se como Senhor, Salvador e Redentor da humanidade. Os autores inspirados pelo Espírito Santo, assim compreenderam, a partir de sua cosmovisão. Entenderam também que essa revelação como um ato inspirado de Deus sobre revelação especial em Jesus Cristo, como está em João 1,1-5:
“… No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito existiria. A vida estava nele e era a luz dos homens; a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela…”.
Ainda, no mesmo Evangelho é afirmado:
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, pleno de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai” (Jo 1,14).
O verbo de Deus vindo revelar-se pleno de graça, verdade e glória do Pai. O apóstolo Paulo percebe a grandeza de Deus em Cristo quando afirma no livro de Colossenses 1,15-17, que Jesus é a imagem e o primogênito de toda a criação e N’ele tudo foi criado:
“Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito sobre toda criação; porque Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam poderes; tudo foi criado por Ele e para Ele. Ele existe antes de todas as coisas, e Nele tudo subsiste”.
O escritor do livro de Hebreus (1,1-4) acrescenta que Deus se revela na história por meio de seus profetas e por meio do seu próprio Filho Jesus, quando diz que:
“No passado, por meio dos profetas, Deus falou aos pais muitas vezes e de muitas maneiras; nestes últimos dias, porém, Ele nos falou pelo Filho, a quem designou herdeiro de todas as coisas e por meio de quem também fez o universo. Ele é o resplendor da sua glória e representação exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder e tendo feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas, tornando-se superior aos anjos, a ponto de herdar um nome mais excelente do que eles”.
Tudo o que Deus quer que eu conheça D’ele, ele já revelou no processo de auto-revelação por meio da criatura e por meio do seu próprio Filho. Portanto, não posso conhecer a Deus pela ciência, essa apenas faz descobertas que confirma os pressupostos da teologia natural e da teologia especial de Deus. A teologia especial revela que Jesus Cristo é o Senhor da história, da vida e que todas as coisas somente existem por seu ato criador juntamente com o Pai, o Deus Criador. A teologia natural manifesta por meio da natureza criada que Deus é o motor inicial de toda a criação. As teologias e as ciências podem cooperar para confirmar a existência de Deus e não ser antagônicas nessa busca pelo “misterium” que está fora e dentro de cada ser humano criado.
Concluo esse breve texto sobre Deus, ciência e teologia natural e teologia especial com a letra de uma música que expressa bem o amor de Deus por cada um de nós crendo ou não no seu poder criador e redentor da humanidade e do universo – Nas Estrelas vejo, a Sua mão:
“Nas estrelas vejo, a Sua mão
E no vento eu ouço a Sua voz
Deus domina sobre terra e mar
O que Ele é prá mim.
Eu sei o sentido do Natal
Pois na história tem o seu lugar,
Cristo veio para nos salvar,
Mas o que Ele é prá mim,
Até que um dia o Seu amor senti
A sua imensa graça eu recebi
Descobri que Deus não vive
Longe lá no céu,
Sem se importar comigo,
Mas agora ao meu lado está
Cada dia eu sinto o seu cuidar,
Ajudando-me a caminhar
Tudo Ele é prá mim”.
A teologia e as ciências estão cooperando mutuamente para que Deus seja conhecido pelo seu poder, soberania, majestade, sabedoria, misericórdia e graça salvadora. Ele está se revelando em cada ato criado – então não são conflitantes, porque Deus quer se revelar à humanidade de forma natural, ou seja, na natureza e de forma especial, em Jesus Cristo.
Bibliografia:
Bíblia Sagrada – Almeida Século 21
Bíblia NVI
Caro Nilson,
Parabéns pelo texto.
Realmente a ciência e a religião estão caminhando sempre na direção do encontro para o conhecimento do Deus Pai e Criador.
Entendendo que tudo parte dEle não haverá porque não aproximar a ciência da religião, entendo a religião no seu verdadeiro sentido, o religar de cada um de nós com o Pai, embora Ele nunca tenha se desligado de nós, inclusive dos que hoje pela graça dEle pode dedicar-se ao meio científico e nos beneficiar com o progresso que é bom para todos.
Abraço,
Antonio
Antonio, grato pela leitura e comentário.
Nilson Moura