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EM BUSCA DE UMA SAÍDA

     EM BUSCA DE UMA SAÍDA

Julio Borges Filho

1 Confesso que, como Carlos Drummond de Andrade, “sou cocho na vida” mesmo sendo destro. E isso desde a minha adolescência e, agora, estou velho para mudar. Mas, por amor ao meu país, tentarei fazer uma análise isenta e imparcial, mesmo com o meu esquerdismo aparecendo meio vermelho nas entrelinhas.

2 A crise do Brasil é sistémica. Nossos sistemas de poder estão quase falidos, mas podem se recuperar se houver grandeza/humildade. A política (poder executivo e legislativo) está desacreditada e corrompida, mas sem ela não há saída porque ela é, em essência, a busca do bem comum e da democracia. A justiça (poder judiciário e procuradorias) está em cheque desde que começou a se politizar e buscar o poder, aplausos e não apurando e punindo sua própria corrupção e abusos, mas precisamos dela para julgar imparcialmente porque somos seres falhos. A economia é essencial, mas dominada por um capitalismo egoísta que usa e abusa do Estado (quase a metade do Congresso é formada por empresários), porque não quer correr riscos, aprofunda as desigualdades sociais e semeia a miséria e a corrupção. Sim, porque “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”, como pontificou o Apóstolo Paulo. A comunicação imparcial é fundamental à democracia, mas dominada por um oligopólio, como a nossa mídia, é usada para manipular informações, promover golpes e destruição de biografias, além de alienar o povo (temos de olhar com desconfiança as notícias e comentários). A religião é uma força primária que liberta o ser humano e o humaniza, mas adulterada, como está em muitas igrejas que amam o poder e o dinheiro, é instrumento de dominação e manipulação. Com essa falência sistémica o Brasil está dividido e caminha a passos largos para o fascismo. Qual a saída dessa crise moral e institucional?

3 Longe de nós a ditadura militar, a ditadura judiciária ou a continuidade do atual governo. A primeira nos foi amarga, a segunda, em curso, é indigesta e fascista, e a terceira opção é corrupta e impopular e seria mais um golpe dentro do golpe. Só o governo do povo, pelo povo e para o povo nos interessa. Estamos cansados de escândalos na política e de procuradores e juízes pregando na televisão ocupando o vácuo de poder causado por denúncias graves. A saída é um grande acordo político nacional.

4 Li um excelente artigo do Senador Cristovam Buarque em que ele pede grandeza. Concordo com ele. Grandeza/humildade do atual presidente, no qual ninguém votou e rejeitado por quase todos os brasileiros, para uma renúncia diante da falta de legitimidade; e grandeza/humildade dos políticos, quase todos denunciados, para construir um governo de união nacional. Atualmente a esquerda quer diretas já, a direita eleição indireta pelo Congresso Nacional. O governador do Maranhão, Flávio Dino, tem razão a propor que as principais lideranças que nos restam, Lula e FHC/PT e PSDB, se sentam à mesa para procurarem uma saída para a crise A polarização destes dois partidos é a principal causa da divisão dos brasileiros. A saída, seja qual for, precisa ser negociada politicamente. Duas são as mais viáveis: Eleição indireta, só se for negociada e com nomes fora do atual Congresso, para um mandato tampão ou a antecipação das eleições de 2018 para este ano. O novo Congresso seria também uma Assembléia Nacional Constituinte assessorada pelo melhor de nossa sociedade para construir um pacto nacional justo e equilibrado que trouxesse justiça, democracia, paz e pleno equilíbrio entre os poderes da República. Nossa atual constituição está quase que totalmente mutilada. Uma emenda constitucional para eleições diretas é o legítimo processo democrático. As elites temem, porém, que Lula volte triunfante nos braços do povo. Têm medo das urnas. Estejamos atentos e vigilantes..

5 Vou mais além porque creio que homens, e não instituições, são métodos de Deus para transformar a história. No caso da primeira alternativa acima, um nome que me vêm à mente é o de Nelson Jobim. Acho que ele teria apoio político dos principais partidos, do STF, e até dos militares para um governo de união nacional. Se não, outro nome que tenha a mesma credibilidade. Estamos cansados de guerra, de golpes, de divisão entre brasileiros, de violência policial, de shows midiáticos e, agora, também de massacres de camponeses e índios. Queremos justiça, paz social e desenvolvimento humano dentro do estado de direito. Tudo, no entanto, é muito difícil exigindo grandeza e humildade de todos. É o que penso no momento e não posso me omitir nesta hora triste do Brasil em que vivemos porque “sem profecia o povo se corrompe”.

                                                                                                   Brasília, maio de 2017

Júlio Borges de Macedo Filho

PASTOR JULIO BORGES DE MACEDO FILHO Piauiense de Curimatá, 72 anos com 48 de pastorado, filho de Julio Borges de Macedo e Arquimínia Guerra de Macedo, é o sétimo filho de uma família de onze irmãos. Casou-se, há 48 anos no dia de sua ordenação ao ministério pastoral, com a professora Gislene Rodrigues Lemos de Macedo e tiveram quatro filhos: Juliene, Jusiel (falecido), Julinho e Julian. Agora Deus lhe deu a primeira neta chamada Sarah, de apenas 8 anos. Concluiu o curso de Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, em Recife. Formou-se em 1969 e foi ordenado ao ministério pastoral no dia 22 de fevereiro do mesmo ano. Pastoreou as seguintes igrejas: Igreja Batista do Rio Largo – AL (1969 a 1972), Primeira Igreja Evangélica Batista de Teresina – PI (1972 a 1978), Primeira Igreja Batista de Ilhéus – BA (1978 a 1979), Terceira Igreja Batista do Plano Piloto – Brasília (1979 a 1989), Igreja Batista Noroeste de Brasília (interinamente em 1985), Primeira Igreja Batista de Curimatá – PI (interinamente em 2000), e desde 1989, a Igreja Cristã de Brasília. Tomou a iniciativa para a organização das seguintes igrejas: Primeira Igreja Batista de Picos –PI, Igreja Batista do Lago Norte – Brasília, Igreja Batista Noroeste de Brasília (hoje, Igreja Batista Viva Esperança), e a Igreja Cristã de Brasília. Ordenou cerca de 20 pastores e uma pastora, consagrou dezenas de diáconos e diaconisas por onde passou, e celebrou mais de 500 casamentos. É considerando no Distrito Federal um pastor de pastores. Líder denominacional foi presidente da Convenção Batista Alagoana, da Convenção Batista do DF (três vezes), do Conselho de Pastores Evangélicos dos DF (duas vezes); participou de vários organismos batistas como o Conselho de Planejamento e Coordenação da Convenção Batista Brasileira, das juntas administrativas do Seminário Teológico Batista Equatorial e do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil; e por 20 anos foi professor da Faculdade Teológica Batista de Brasília ensinando as seguintes disciplinas: Estudos de problemas brasileiros, ética cristã, teologia pastoral, teologia contemporânea, ministério urbano, teologia bíblica do Antigo Testamento, e homilética. Como teólogo produziu muitos artigos, teses, e palestras nos mais diferentes lugares, e participou de muitos congressos, seminários, fóruns, retiros, entre eles o Congresso Internacional Lousane II realizado em Manila, Filipinas em 1989. Foi orador de várias assembléias convencionais, e pregou em muitos congressos e igrejas por todo o Brasil. Como poeta e escritor já gestou e publicou cinco livros (Missão da Igreja e responsabilidade social, Voando nas asas da fé, Um sonho coberto de rosas, Suave perfume, e Uma grande mulher), tem quatro prontos para publicação, e está grávidos de mais dez livros que espera escrever e publicar nos próximos oito anos. Na área política assessorou deputado Wasny de Roure, por muitos anos, tanta na CLDF como na Câmara dos Deputados; assessorou por pouco tempo os deputados distritais Peniel Pacheco e Arlete Sampaio; o Ministro da Educação, Cristovam Buarque, como chefe da Assessoria Parlamentar do MEC, e depois assessor parlamentar do Senador Cristovam Buarque. Nesta área produziu muitos escritos sobre os evangélicos e a política, fez inúmeras palestras, promoveu muitos seminários, e foi fundador e coordenador de vários fóruns, entre eles o Fórum Político Religioso do PT, o Fórum Religioso de Diálogo com GDF, o Fórum Cristão do PT Chegou a Brasília em junho de 1969 e, desde então, a elegeu como sua cidade do coração. Agora, aposentado, deseja dedicar-se a apenas duas atividades essenciais: pastorear graciosamente a Igreja Cristã de Brasília e Brasília, e escrever apaixonadamente. Sua grande ênfase ministerial tem sido o amor cristão, a graça maravilhosa de Deus revelada em Jesus Cristo, a responsabilidade social das igrejas e dos cristãos, e o ministério urbano da igreja.

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