Artigos

ESTUDO NO LIVRO DE COLOSSENSES (Parte 3)

Colossenses 2.6-23:

Portanto, assim como vocês receberam Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele, enraizados e edificados nele, firmados na fé, como foram ensinados, transbordando de gratidão. Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo. Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude. Nele também vocês foram circuncidados, não com uma circuncisão feita por mãos humanas, mas com a circuncisão feita por Cristo, que é o despojar do corpo da carne. Isso aconteceu quando vocês foram sepultados, com ele no batismo, e com ele foram ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de divida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz. Portanto, não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa ou à celebração das luas novas ou dos dias de sábado. Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade (o corpo), porém, encontra-se em Cristo. Não permitam que ninguém que tenha prazer numa falsa humildade e na adoração de anjos os impeça de alcançar o prêmio. Tal pessoa conta detalhadamente suas visões, e sua mente carnal a torna orgulhosa. Trata-se de alguém que não está unido à Cabeça, a partir da qual todo o corpo, sustentado e unido por seus ligamentos e juntas, efetua o crescimento dado por Deus. Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo, por que, como se ainda pertencessem a ele, vocês se submetem a regras: não manuseie! Não prove! Não toque? Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos de humanos. Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne. (NVI).

 

Até aqui o apóstolo Paulo vem tratando basicamente da apresentação de Jesus Cristo como o Filho amado de Deus, o Deus invisível, o Primogênito de toda a criação, o Criador de todas as coisas. O que é antes de todas as coisas e que tudo subsiste por ele e para ele e que Ele é a Cabeça do seu corpo – que é a Igreja. Ele é primogênito dentre os mortos, ele é a primazia e a preeminência de Deus. Ele é plenitude de Deus, ou seja, de que ele é Deus.

 

Ele é o Mistério de Deus que traz salvação a todo pecador, e que contra esse pecador existia uma caderneta de poupança de pecado que o Senhor rasgou, assim, cancelando a dívida e, nos concedendo a graça do perdão a preço de cruz (Cl 2.13-14).

 

Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz.

 

Enfim, Ele é o promotor da paz e da reconciliação consigo mesmo de todas as coisas nos céus e na terra (Cl 1.19-20 e 22).

 

Pois foi do agrado de Deus que nele habitase toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão nos céus, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz (…….). Mas agora ele (Deus) os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação.

 

Agora conhecedor desse “mistério” que é Cristo Jesus somente nos resta recebê-lo, pois foi da iniciativa de Deus em Cristo nos receber primeiro pela morte de cruz.

 

Daqui até o final do livro é tratado da prática, da vivência da vida cristã, ou seja, ortopraxia correta.  A perícope começa com uma conclusão do que o autor vem tratando. (Cl 2.6): “Portanto”, assim como vocês receberam Cristo Jesus, o Senhor:

 

  1. Continuem a viver nele – andai nele (v6a)
  2. Tendo sido enraizados e tendo sido edificados nele (v7a);
  3. Sendo confirmados na fé, como foram ensinados, transbordando de gratidão “eucaristia = ação de graças” (v7b).

Conhecendo a Jesus Cristo e nele estando firmados, poderão aparecer falsos “gurus” e falsos “mestres” com suas sutilezas filosóficas, mas não conseguirão remover da fé os verdadeiros crentes. O apóstolo preocupado com os ascetas gnósticos e os neojudaizantes, alerta a Igreja contra o perigo desses falsos mestres, no versículo 8 é dito:

 

Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo.

 

Parece que Paulo tem em mente o ensino de nosso Senhor Jesus Cristo quando seus discípulos perguntam sobre os sinais da sua segunda vinda e do fim dos tempos, em Mateus 24.4-5: “Respondeu Jesus: Cuidado, que ninguém os engane. Pois muito virão em meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Cristo!’ e enganarão a muitos”. Assim devemos sempre ter em mente que falsos mestres aparecerão dentro da própria Igreja do Senhor para tentar desvirtuar e enganar os menos atentos.

 

Os mestres gnósticos e os mestres judaizantes negavam a Deidade, a Divindade de Cristo, ou seja, sua encarnação, morte e ressurreição como já vimos na primeira parte deste estudo, quando o livro do pastor Hernandes Dias Lopes e que rememora agora, eles diziam:

 

Se a matéria é essencialmente má e Jesus Cristo é o Filho de Deus, então este não teve um corpo de carne e ossos, diziam. Jesus era uma espécie de fantasma espiritual. Eles chagavam a afirmar que, quando Jesus caminhava na praia, não deixava rastro na areia. Desta forma, os gnósticos negavam tanto a divindade quanto a humanidade de Cristo.

 

Então, Paulo para combater a heresia da negação da encarnação de Cristo afirma neste texto uma das teologias mais caras ao cristianismo e ao protestantismo, qual seja Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Os versículos (9-10) afirmam a respeito do Senhor Jesus:

 

Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude.

 

A defesa teológica presente no texto é a de que Cristo é Deus encarnado, a tradução melhor seria “Deidade” e não apenas “Divindade”, pois Paulo usa a palavra “Teotetos” e não “Teoiótes”. A palavra grega “Teotetos” expressa a qualidade, o estado de ser Deus. A palavra “Teoiótes” expressa a qualidade de ser divino, ou seja, ser semelhante a Deus. Assim, prefiro a primeira tradução, pois constata-se mais correta. Cristo é a Deidade. Cristo é Deus. Deus em Cristo e Cristo em nós – é o mistério revelado.

 

O assunto que vem sendo tratado no capítulo 2.6-10 parece receber uma interrupção abrupta nos versos de 11-12. Mas, na realidade, Paulo junta dois temas que ele vem combatendo: o ascetismo do gnosticismo e o legalismo da judaização da igreja. Aqui vejo que tanto judeus e como não judeus em Cristo receberam uma nova circuncisão, a circuncisão de Jesus Cristo que não é mais um sinal na carne e sim um sinal no coração. Essa nova circuncisão é expressa pelo batismo como ato iniciatório da morte para vida em Cristo pelo poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos (v11).

 

Nele também vocês foram circuncidados, não com uma circuncisão feita por mãos humanas, mas com a circuncisão feita por Cristo, que o despojar do corpo da carne. Isso aconteceu quando vocês foram sepultados com ele no batismo, e com ele foram ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.

 

Agora é apresentado nos versículos 13 a 15 como Deus fez em Cristo essa união entre todos os povos, incluindo os “gnósticos e judaizantes”:

 

Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de divida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo publico, triunfando sobre eles na cruz.

 

Esse foi o preço pago pelo pagamento da dívida que tínhamos com Deus. Ele nos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida. Faz-nos lembrar de Isaias 53.1-12, do qual destaco os versos 4-5:

 

Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças; contudo nós o consideramos castigado por Deus, por Deus atingido e afligido. Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.

 

Conclusão – Diante do que Deus fez em Cristo em nosso favor Paulo conclui que o cerimonialismo era apenas sombra das coisas futuras e agora com a vinda de Cristo não serve para mais nada, a não ser para ser lembrado da nossa situação de condenados. Os versículos 16-23 tratam desse cerimonialismo exacerbado e do verdadeiro crescimento em Cristo:

 

Portanto, não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa ou à celebração das luas novas ou dos dias de sábado. Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo. Não permitam que ninguém que tenha prazer numa falsa humildade e na adoração de anjos os impeça de alcançar o prêmio. Tal pessoa conta detalhadamente suas visões, e sua mente carnal a torna orgulhosa. Trata-se de alguém que não está unido à Cabeça, a partir da qual todo o corpo, sustentado e unido por seus ligamentos e juntas, efetua o crescimento dado por Deus. Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo, por que, como se ainda pertencessem a ele, vocês se submetem a regras: não manuseie! Não prove! Não toque? Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos de humanos. Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne.

 

Em nossos dias temos também enfrentado topo tipo de heresias neognósticas e neojudaizantes nas diversas denominações e religiões, tanto orientais quanto ocidentais, ambas esvaziadas dos ensinos de Jesus Cristo. Diante disso devemos reafirmar as doutrinas de Cristo e de seus verdadeiros apóstolos. Quero finalizar trazendo (in memoria) as palavras do Pastor Silas Alves Falcão – em seu livro Meditações em Colossenses (pág.100):

 

O Cristão não precisa de poderes angélicos, porque Cristo é a suprema autoridade. Ninguém no céu ou na terra tem mais poder do que ele. Todos os seres, inclusive os anjos, lhe obedecem. “Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome… (Fil. 2:9). tudo foi criado por meio dele e para ele” (Col 1:16). Cristo é o Senhor. Não precisamos de mediação de anjos nem de outros poderes. Se estivermos cheios de sua plenitude, inevitàvelmente teremos de reconhecer o seu senhorio, e alegremente nos submetermos a ele. Deixemos irmãos, que ele tome as rédeas de nossa vida, e que a sua vontade se cumpra em nós. Quanto mais escravos dele nós formos, tanto mais livres seremos.

Nilson Pereira de Moura

Nilson Pereira de Moura nasceu em 1957 na cidade de Posse-GO. É casado há 25 anos e pai de três filhos. É bacharel em Teologia, com concentração em Ministério Pastoral, pela Faculdade Teológica Batista de Brasília – FTBB (1999). Ordenado ao Ministério Pastoral pela Igreja Cristã de Brasília, em 09 de dezembro de 2001, em Concílio presidido pelo Pastor Júlio Borges de Macedo Filho. Foi posteriormente aprovado em Concílio Especial de reconhecimento de exame realizado pela ICB pela Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, em 22 de setembro de 2009. Pastoreou como membro do Colegiado de Pastores na Igreja Batista do Jardim Paquetá, na cidade de Planaltina de Goiás, no período de março de 2008 até 13 de novembro de 2010, período que julga de extrema relevância para o seu Ministério Pastoral. Após essa experiência gratificante retornou à Primeira Igreja Batista de Sobradinho-DF (PIBS), onde ocorreu sua conversão em dezembro de 1980 e batismo em 23 de agosto de 1981. Permaneceu como pastor membro na PIBS de 14 de novembro de 2010 até 19 de julho de 2011, quando resolveu retornar à equipe pastoral da Igreja Cristã de Brasília em 24 de julho de 2011, onde foi recebido com grande alegria e unanimidade. É muito grato a Deus pela experiência adquirida na caminhada cristã. Em 18 de agosto de 2013 foi recebido como membro efetivo na Primeira Igreja Batista de Sobradinho – PIBS/DF. No dia 30 de novembro de 2014 retornou à Equipe Pastoral da ICB de copastor. Em 19 de abril de 2015 por aclamação, retornou a PIBS, na qualidade de membro efetivo. Servidor público federal, aposentado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, onde ingressou em 03 de janeiro de 1979. Atuou na Área de Gestão de Pessoas da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda-SPE/MF, e na Secretaria de Patrimônio da União do Ministério do Planejamento – SPU/MP, no assessoramento técnico da ASTEC, em gestão de Pessoas. Posteriormente, exerceu a função de parecerista na Secretaria de Recursos Humanos – SRH/MP, tendo encerrado a sua participação no MPR na Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão, onde exerceu os cargos de Assistente, Assessor Técnico e Chefe de Divisão por vários anos. Encerrou sua carreira no IPEA ocupando a atribuição de Auditor substituto, na Auditoria Interna do órgão. Em paralelo, exerceu o cargo de Diretor de Administração e Finanças da Associação dos Funcionários do IPEA-AFIPEA, cargo pelo qual foi eleito para o Biênio 2011/12, acumulando também o cargo de Secretário-Executivo da AFIPEA-SINDICAL. Cargos exercidos até 30 de maio de 2013.

Um comentário sobre “ESTUDO NO LIVRO DE COLOSSENSES (Parte 3)

  • gosto muito desse livro porque me ensina muito da palavra de Deus nosso senhor e a cada dia procuro fazer tudo que seja da sua vontade!!! amém

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *