Artigos

ESTUDO NO LIVRO DE COLOSSENSES (Parte 4)

Por Nilson Pereira de Moura – Bacharel em Teologia e Pastor da ICB

Colossenses 3.1-17:

 

Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas. Pois vocês morreram, e agora a sua vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a sua vida, for manifestado, então vocês também serão manifestados com ele em glória. Assim, façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês: a imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos maus e a ganância, que é idolatria. É por causa dessas coisas que vem a ira de Deus sobre os que vivem na desobediência, as quais vocês praticaram no passado, quando costumavam viver nelas. Mas agora, abandonem todas estas coisas: a ira, indignação, maldade, maledicência e linguagem indecente no falar. Não mintam uns aos outros, visto que vocês já se despiram do velho homem com suas práticas e se revestiram do novo, o qual está sendo renovado em conhecimento, à imagem do seu Criador. Nessa nova vida já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre, mas Cristo é tudo em todos. Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou. Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito. Que a paz de Cristo seja o juiz em seu coração, visto que vocês foram chamados para viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos. Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração. Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai (NVI).

 

Esta é a quarta parte dos estudos que venho fazendo no livro de colossenses, portanto, o pensamento vem sendo tratado de forma sequencial. O apóstolo Paulo, como no verso 6 do capitulo 2, faz uma segunda conclusão, no versículo referido é dito que, “como vocês receberam a Cristo viva nele…” e neste texto ele conclui que, “Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo procure as coisa que são do alto…” como ressuscitado se ele estava escrevendo aos crentes vivos, é preciso entender a mente do apóstolo – ele diz em (Cl 2.12 e 20): “isso aconteceu quando vocês foram sepultados com ele (Cristo) no batismo, e com ele (Cristo) foram ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos…” e também “Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo, por que, como se ainda pertencessem a ele, vocês se submetem a regras…. O contexto imediato fala da circuncisão do coração e não da carne. Mas, agora, para falar da nova vida em Cristo, Paulo retoma o tema da morte e da ressurreição que temos em Cristo.

 

Assim, ele chama atenção para onde deve ser direcionado o pensamento do cristão que realmente entendeu o que a morte de cruz e a ressurreição de Jesus Cristo significaram para aqueles crentes e o que significa para nós hoje.

 

O texto lido é um chamado a viver em Cristo uma nova vida com novos valores, antes estávamos mortos e em dívidas com Deus vivendo segundo os pensamentos mundanos, mas agora Deus em Cristo nos resgatou e perdoou conforme já foi estudo nos textos anteriores onde os gnósticos ascéticos e judaizantes diziam ser necessário ter o conhecimento dos mistérios ocultos e à prática dos rituais da lei e das tradições para a alcançar a salvação, entretanto, o apóstolo diz que a morte e a ressurreição de Cristo superou tudo isso quando ele pagou o preço pela salvação do pecador em dívida, é o que está posto em (Cl. 2.13-15):

 

Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e, tendo despojado os poderes e autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz.

 

A conversão a Cristo é o abandono da velha vida para viver uma nova vida em Cristo, é o abandono da falsa religiosidade fundamentada em ordenanças e crenças filosóficas para uma vida fundada em Cristo, ou seja, “não pertencemos mais ao mundo, mas a Cristo”. Os versículos de 1 a 4 diz:

 

Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas. Pois vocês morreram, e agora a sua vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a sua vida, for manifestado, então vocês também serão manifestados com ele em glória.

 

O que Paulo está afirmando é que Cristo morreu em nosso lugar, ou seja, uma morte substitutiva e que nós morremos com Cristo, isto é, que nós nos identificamos com Cristo na sua morte e na sua ressurreição, em Gálatas 2.20, é dito: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. Para os gnósticos a salvação estava oculta na gnose, para Paulo a nossa salvação está escondida em Cristo e que será revelada quando ele for manifestado em glória.

 

Portanto, como estamos mortos para as coisas terrenas e vivos para as coisas de Deus devemos despojar-nos da velha natureza corrompida pelo pecado. Esse morrer se dá quando abandonamos o velho viver. É o que está dito em 3.5-10:

 

Assim, façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês: a imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos maus e a ganância, que é idolatria. É por causa dessas coisas que vem a ira de Deus sobre os que vivem na desobediência, as quais vocês praticaram no passado, quando costumavam viver nelas. Mas agora, abandonem todas estas coisas: a ira, indignação, maldade, maledicência e linguagem indecente no falar. Não mintam uns aos outros, visto que vocês já se despiram do velho homem com suas práticas e se revestiram do novo, o qual está sendo renovado em conhecimento, à imagem do seu Criador.

 

A velha natureza pode ser identificada em uma pessoa não convertida a Jesus Cristo por aquilo que ele faz e diz. Por isso, ele deve fazer morrer sua velha natureza carregada de imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos maus e a ganância “avareza”, que é idolatria. Além do morrer para velha natureza, ele deve ainda abandonar em sua nova vida a ira, a indignação, a maldade, a maledicência, a linguagem indecente e a mentira.  Essa nova pessoa esta sendo renovada em conhecimento e na imagem do seu Criador. Na carta aos Romanos, Paulo diz que o propósito de Deus para a vida do Cristão é de que ele se torne na imagem do seu Filho – (Romanos 8.28-30):

 

Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com seu propósito. Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem do seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também os glorificou.

 

Esse é o propósito do nosso chamado, nos tornar a imagem de Jesus Cristo. Ele nos chamou, predestinou, justificou e glorificou. Esse texto é corroborado com a carta de 1ª de João capitulo 3.1-3:

 

Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu: sermos chamados filhos de Deus, o que de fato somos! Por isso o mundo não nos conhece, porque não o conheceu. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é. Todo aquele que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro.

 

Além do mais, nessa nova vida não há espaço para distinção entre pessoas, pois Cristo eliminou toda discriminação racial, religiosa, cultural e social em Cristo Jesus, é o que está dito no versículo 11: “Nessa nova vida já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre, porque Cristo é tudo e está em todos”. (bárbaro não tinha cultura grega e o cita não fazia parte do império romano). Na carta aos efésios é escrito que Jesus destruiu a inimizade entre judeus e não judeus (capítulo 2.14-18):

 

Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando em seu corpo a Lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade. Ele veio e anunciou paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto, pois por meio dele tantos nós como vocês temos acesso ao Pai, por um só Espirito.

 

Essa é a verdadeira conversão em Jesus Cristo. A velha vida era conduzida pelos desejos humanos, pela velha natureza com suas intrigas e guerras. Agora deve ser conduzida pela nova natureza, a natureza de Cristo. Uma vida transformada, revestida de novas virtudes. Vejamos como (vv 12-17):

 

Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou. Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o ele perfeito. Que paz de Cristo seja o juiz em seu coração, visto que vocês foram chamados para viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos. Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração. Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai.

 

No lugar das paixões humanas, uma natureza santificada em Cristo, revestidas de compaixão, bondade, humildade, mansidão, paciência e muito amor que é o vínculo, o elo da perfeição. No lugar de maledicência e do falar indecente, torpe e mau cheiroso, passe a habitar em nós a palavra de Cristo com toda sabedoria e cânticos espirituais de gratidão a Deus. Essa deve ser a vida do povo escolhidos de Deus que vivem em um só corpo – o corpo de Cristo que sua Igreja.

 

Conclusão – Depreende do texto estudado que há um chamamento à conversão e à santificação em Cristo, a vida precisa de uma mudança radical de valores, ou seja, os que viviam na imoralidade, impureza, paixão, desejos maus e a ganância/avareza, que é idolatria e os que viviam em ira, indignação, maldade, maledicência e linguagem indecente e em mentiras devem se despir da velha natureza e se revestir de uma nova vida, a qual está sendo renovada em conhecimento, à imagem do seu Criador. Cristo nos substitui na morte de cruz,  nós devemos nos identificar com ele na sua morte e na sua ressurreição pelo batismo nas águas.

 

Por último, quero terminar esta mensagem usando ainda, outro texto do apóstolo Paulo que está em (1ª Cor 5.17-21):

 

Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! Tudo isso provem de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação. Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus. Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus.

Nilson Pereira de Moura

Nilson Pereira de Moura nasceu em 1957 na cidade de Posse-GO. É casado há 25 anos e pai de três filhos. É bacharel em Teologia, com concentração em Ministério Pastoral, pela Faculdade Teológica Batista de Brasília – FTBB (1999). Ordenado ao Ministério Pastoral pela Igreja Cristã de Brasília, em 09 de dezembro de 2001, em Concílio presidido pelo Pastor Júlio Borges de Macedo Filho. Foi posteriormente aprovado em Concílio Especial de reconhecimento de exame realizado pela ICB pela Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, em 22 de setembro de 2009. Pastoreou como membro do Colegiado de Pastores na Igreja Batista do Jardim Paquetá, na cidade de Planaltina de Goiás, no período de março de 2008 até 13 de novembro de 2010, período que julga de extrema relevância para o seu Ministério Pastoral. Após essa experiência gratificante retornou à Primeira Igreja Batista de Sobradinho-DF (PIBS), onde ocorreu sua conversão em dezembro de 1980 e batismo em 23 de agosto de 1981. Permaneceu como pastor membro na PIBS de 14 de novembro de 2010 até 19 de julho de 2011, quando resolveu retornar à equipe pastoral da Igreja Cristã de Brasília em 24 de julho de 2011, onde foi recebido com grande alegria e unanimidade. É muito grato a Deus pela experiência adquirida na caminhada cristã. Em 18 de agosto de 2013 foi recebido como membro efetivo na Primeira Igreja Batista de Sobradinho – PIBS/DF. No dia 30 de novembro de 2014 retornou à Equipe Pastoral da ICB de copastor. Em 19 de abril de 2015 por aclamação, retornou a PIBS, na qualidade de membro efetivo. Servidor público federal, aposentado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, onde ingressou em 03 de janeiro de 1979. Atuou na Área de Gestão de Pessoas da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda-SPE/MF, e na Secretaria de Patrimônio da União do Ministério do Planejamento – SPU/MP, no assessoramento técnico da ASTEC, em gestão de Pessoas. Posteriormente, exerceu a função de parecerista na Secretaria de Recursos Humanos – SRH/MP, tendo encerrado a sua participação no MPR na Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão, onde exerceu os cargos de Assistente, Assessor Técnico e Chefe de Divisão por vários anos. Encerrou sua carreira no IPEA ocupando a atribuição de Auditor substituto, na Auditoria Interna do órgão. Em paralelo, exerceu o cargo de Diretor de Administração e Finanças da Associação dos Funcionários do IPEA-AFIPEA, cargo pelo qual foi eleito para o Biênio 2011/12, acumulando também o cargo de Secretário-Executivo da AFIPEA-SINDICAL. Cargos exercidos até 30 de maio de 2013.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *