Graça e Solidariedade
GRAÇA E SOLIDARIEDADE
Pastor Julio Borges filho
Parabenizo a IBNazareh por dedicar este mês ao combate do preconceito racial que, aqui no Brasil, é mais contra os negros. E nada mais ofensivo ao Evangelho do que o preconceito porque a “A graça de Deus é o elemento constitutivo do Evangelho cristão. Tirada a graça não haveria Evangelho nenhum – portanto, tudo que é característico da fé cristã é essencialmente relacionado com o conceito da graça de Deus (Boorne) É por isso que o Apóstolo Pedro recomenda: ”Crescei na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele seja a glória, tanto agora, como no dia eterno” – 2 Pedro 3:18. Nós devemos amar porque que Deus nos amou primeiro. E graça é amor imerecido.
O que eu mais admiro em Deus é o seu amor revelado em Jesus Cristo porque esse é o seu verdadeiro poder. O Deus todo poderoso vem do paganismo, o Deus gracioso é revelação cristã. Por isso podemos cantar com o poeta: “O reino da graça o mundo invadiu, e minha desgraça em Cristo sumiu” (Tarsis Wallace). E a desgraça que some como crescemos em Cristo é o ódio e o egoísmo que segrega. A falta de solidariedade. Alcançados pela graça devemos ser graciosos mudando a nossa maneira de olhar os outros.
A questão da solidariedade era central na época de Jesus assim como hoje. Para o judeu a solidariedade deveria ser para outro judeu. Daí a pergunta do intérprete a da lei a Jesus: “Quem é o meu próximo?”. Em resposta Jesus contou a parábola do Bom Samaritano (Lucas 10:25-37). O sacerdote e o levita, religiosos judeus, passaram de largo diante do homem assaltado e ferido em sua dignidade no caminho que desce de Jerusalém para Jericó, a estrada sangrenta. O samaritano, o mestiço e herege, parou, socorreu o homem ferido, e pagou a sua dívida. E pergunta Jesus ao interessado intérprete da lei: “Qual deste três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores?” E ele respondeu: “O que usou de misericórdia para com ele. E Jesus: “Vai e procede de igual modo.” Na estrada da vida a pergunta deve ser: “De quem eu sou o próximo?” Eu sou o próximo de qualquer pessoa ferida e necessitada que atravessa o meu caminho. A abertura para todos, e não o paroquialismo, foi a postura de Jesus. Ele é o Bom Samaritano que nos curou, deu-se por nós, e restaurou a nossa dignidade de Filhos de Deus. Do Deus amoroso que não discrimina ninguém, mas manda o sol e a chuva sobre justos e injustos.
Portanto, o imperativo petrino está diante de nós: “Crescei na graça e no conhecimento do Senhor Jesus Cristo. E isso significa alargar o nosso coração, ser como Ele, amorosos e solidários sem jamais discriminar ninguém e, de um modo especial, ser solidários com as causas que incluem as pessoas.
(Para a classe Santuário da IBNazareth, em Salvador, no dia 15.11.2020)