M E U N O M E É GAL – cinebiografia
M E U N O M E É GAL – cinebiografia
Julio Borges Filho
Assisti nesta segunda 16.10.2023 no cine cultura Liberty Mall, juntamente com minha esposa, a bela cinebiografia de Gal Costa, minha cantora preferida. Não se trata de uma biografia completa da grande cantora, mas de seus anos iniciais quando saiu de Salvador para o Rio ao encontro de seus amigos Caetano Veloso, Bethânia e Gilberto Gil nos idos de 1966 bem no início da ditadura militar no Brasil, e do início do movimento tropicalista com uma turma de baianos talentosos. Ali estavam, além de Caetano, Gil, Bethânia, Gal, Tom Zé, uma paulista (Rita Lee), uma carioca (Nara Leão), e um piauiense (Torquato Neto). O filme nos emocionou até às lágrimas porque a subversão e a rebeldia de jovens artistas foram mais fortes que a força bruta militar.
Gal Costa foi encarnada no filme por Sophie Charlotte, sem dúvida, a mais bela e talentosa atriz atual do Brasil. Com toda sua meiguice a beleza exibe uma Gal tímida, linda e com uma voz angelical. Chega a cantar algumas músicas e não só duplar. O ator Rodrigo Lélis encarna um Caetano jovem, talentoso e rebelde que é a alma gêmea de Gal. Camila Márdila é Dedé Gadelha, amiga e orientadora de Gal e esposa de Caetano. Dandara Ferreira é Maria Bethânia que trilha uma carreira independente. Dan Ferreira vive Gilberto Gil com toda sua coragem e talento. Chica Carelli é Mariah, a grande mãe de Gal Costa que a criou sem ajuda do pai que a cantora não conheceu. Luís Lobianco interpreta o empresário Guilherme Araújo que apostou e investiu nos jovens artistas, e o faz com humor e coragem. Com este elenco principal surgem cenas belíssimas de amizade e carinho. A primeira que destaco é Caetano detratando um produtor musical que recusou Gal por achar que ela não tinha carisma. Ele rompe com ele e diz que que Gal é a melhor cantora brasileira segundo João Gilberto.. A segunda é a escolha do nome de Gal Costa por Guilherme Araújo com muito humor.
A terceira é de Gal de ressaca em crise existencial após um show em que ela, revoltada com a ditadura que espancou Gil, canta “é preciso ser atento e forte”, de Caetano, feita especialmente para ela, dando toda a sua energia ao interpretá-la. Gilberto Gil vai ao seu quarto, toma-a nos braços e a leva pro chuveiro onde toma banho com ela com roupa e tudo em lágrimas e dizendo: “Você nasceu pra cantar”, e assim tira-a da crise. A quarta é quando a mãe de Gal pergunta se ela quer ver uma foto do pai. Ela diz que não precisa porque elas venceram juntas. A última é quando Caetano e Gil são presos e depois exilados em Londres e, de lá, mandam um vídeo de Caetano cantando “London, Landon”. Gal corre para tela e abraça as imagens dos amigos como se fossem verdadeiros irmãos.
Saí leve do cinema, assim como Gil, porque fomos tocados em nossas almas de poeta e música, respectivamente. Quem é fã de Gal Costa ou de Sophie Charlotte não deve perder tão belo filme que defende uma tese: a brutalidade passa e seus promotores são vilões da história, mas os artistas representam a vanguarda de humanidade e de sua luta libertária.