O Sonho de Jesus Cristo para sua Igreja
O projeto original de Jesus para sua Igreja – João 17
Julio Borges de Macedo Filho
João 17 é, talvez, o capítulo mais importante da Bíblia. É a oração de Jesus pelos seus discípulos de todas as épocas e lugares feita num momento dramático: entre a instituição da Ceia do Senhor e o Getsêmane. É a oração no centro do universo – Pai, é chagada a hora… – na qual Jesus sonha com sua igreja, continuadora de sua obra redentora no mundo.
Este capítulo serve como um espelho para toda igreja de Jesus Cristo. É sempre bom uma igreja avaliar-se à luz deste espelho santo para descobrir onde está falhando e onde está acertando, e corrigir em oração a caminhada. O que importa é que ela permaneça fiel ao sonho de Jesus que a desenhou em doze características essenciais.
1. Adoração – vrs. 1b, 4 e 5
Glorificar a Deus e gozá-lo para sempre é fim último do ser humano. O único que fez isso plenamente foi Jesus: Eu glofiquei-te na terra, consumando a obra que tu me confiaste para fazer. Buscar, pois, a glória de Deus é essencial à igreja. E isso tem a ver com a adoração. Adorar a Deus é tê-lo como prioritário na vida, é estar enamorado da beleza de sua santidade. A palavra grega que expressa isso é doxa donde vem a palavra doxologia. Doxa fala da beleza de Deus. Isso expressa o evangelista João (1:14) sobre o milagre da encarnação de Jesus Cristo. E mais: o apóstolo Paulo escreveu que de glória em glória (2 Co 3:18) nós vamos nos transformando à imagem na imagem de Jesus. Ser semelhante a Cristo, eis a tradução clara de glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.
2. Conhecimento de Deus – vrs. 2 e 3
Eis a perfeita definição de vida eterna:: Que te conheçam , o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. O verbo conhecer na cultura hebráica é usado para as relações íntimas entre um homem e uma mulher. Conhecer a Deus e a Jesus Cristo é ter intimidade com eles. É deixar-se envolver pela Trindade Santa. E isso restaura a dignidade humana provocando o novo nascimento. A Igreja de Cristo é composta de pessoas regeneradas que conhecem a Deus. Jesus disse que quem crê nele, do seu interior fluirão rios de água vida.
3. Fé em Jesus Cristo – v. 8
A fé em Jesus Cristo como fundador e pedra angular da igreja é essencial. Esta confissão é central no evangelho: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo – Mateus 16:13-19. A igreja é formada por pessoas que, como Pedro, fazem esta confissão crucial. A condição essencial para o batismo cristão é esta confissão ( Atos 8:36-38). As duas ordenanças, o batismo e a Ceia do Senhor, estão centradas na fé em Jesus Cristo. Os atos salvíficos de Jesus Cristo constituem a fé e o sentido da vida da igreja: encarnação, morte na cruz, ressurreição, ascensão, pentecostes, e segunda vida.
4. Guardiã de Palavra – v. 6
Despenseira da Palavra de Deus. A igreja é a comunidade da Palavra. Através da história muitas heresias penetraram na igreja, mas a sã doutrina tem prevalecido. A palavra a nós confiada é um tesouro. Hoje a igreja é desafiada a viver a
Palavra evitando os excessos: o fundamentalismo e o liberalismo. A ortodoxia deve produzir uma boa ortopraxia.
5. Não do mundo, mas no mundo – vrs. 11, 14-16
As palavras de Jesus “eles não são do mundo…” têm inspirado os cristãos através dos séculos. Podemos resumir em três posições fundamentais:
1ª) A posição monástica: o cristão não é do mundo e deve fugir do mundo para contemplar a face de Deus.
2ª) A posição do protestantismo tradicional: o cristão não é do mundo, mas está no mundo.
3ª) A posição liberal: o cristão está no mundo para salvar o mundo.
Síntese correta: o cristão não do mundo, mas está no mundo para salvar o mundo.
6. Alegria – V. 13
A alegria é a alegria de Jesus Cristo e transcende as alegrias deste mundo. É a alegria que está nós mesmo nos momentos de tristeza. É a alegria da ressurreição sem a qual não haveria igreja. A cena, descrita pelo evangelista João, dos discípulos de portas trancadas (João 20:19-23) ilustra muito bem uma igreja sem identidade, medrosa e sem perspectivas e, ao mesmo tempo, mostra a alegria no Cristo ressurreto que deu sentido a tudo.
7. Santidade e veracidade – v. 17 e 19
Santidade e veracidade andam juntas e são marcas essenciais da igreja de Cristo. O Apóstolo Paulo escreveu que a primeira peça da armadura de Deus na luta cristã é o cinturão da verdade (Efésios 6:10-18). Alguém disse humoradamente que sem o cinto as calças caem. A verdade, aqui revelada como a Palavra de Deus, é que opera a santidade (Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado). Ilustração: a esposa crente do mecânico. Santidade, referida a nós, não significa perfeição moral, mas que fomos separado por Deus e para Deus e temos a vocação de um dia sermos semelhantes a Cristo (1 João 3:2). Há quatro pessoas que transformam o mundo: os heróis, os mártires, os gênios e os santos. “Sede santos…”, eis o imperativo desafiador dos cristãos.
8. Missão no mundo – v.18
A missão da igreja no mundo é moldada na missão de Jesus Cristo. Isso é muito claro na teologia joanina. A grande comissão, segundo João, é esta: Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio (João 20:21b). Nossas tentações são as mesmas (Mateus 4:1-11 Lucas 4:1-13); a forma da missão é a mesma, a forma de servo (Marcos 10:35-45); e os fins da missão são os mesmos. A defesa da vida é a missão primordial da Igreja (Mateus 16:18; João 10:10). As propostas da Igreja devem ser as propostas de Jesus:
– Solidariedade – abertura para todos contra o bairrismo ou paroquialismo;
– Posição – a humildade contra o orgulho humano (idolatria de si mesmo);
– Poder – é para servir contra a proposta maligna de dominação e corrupção;
– Posses – repartir contra a proposta em vigor de acumulação egoísta.
O sonho de Jesus para sua Igreja – 3
9. Evangelização – v. 20
A proclamação do Evangelho no mundo é, em primeiro lugar, a confrontação da Palavra de Deus com o pecado humano. Prega-se com a vida e com a palavra. Sem o testemunho da vida o testemunho da palavra não tem valor, e sem o testemunho da palavra o testemunho da vida não tem explicação. Evangelização e responsabilidade social andam juntas. Devemos, pois, evangelizar humanizando e humanizar evangelizando. O objetivo claro da evangelização é a restauração de dignidade humana em Cristo – Lucas 19:10.
10. Unidade – v. 21-23
A unidade aqui é a unidade na Trindade Santa, portanto, participação na vida divina nos três níveis: a verticalidade do Pai, a horizontalidade do Filho, e a profundidade do Espírito Santo. É também unidade na diversidade respeitando a diferença cultural, racial, sexual, nacional, etc. do outro, seguindo um sublime lema: Aquele que nos une é maior do que aquilo que nos divide. A brigas internas da igreja é, geralmente, por causa da luta pelo poder – Lucas 22:24-27. O objetivo da unidade é para que o mundo creia… A Igreja é apresentada aqui como uma maquete do Reino de Deus para o mundo. Ilustração: O sonho de João Wesley.
11. Esperança – v. 24
Jesus sonhou com uma igreja horizonal (horizonalidade = ver além do horizonte. Palavra inventada pelo saudoso Pastor Darci Dusilek). A nossa visão do mundo não pode ser imediatista ou materialista, mas esperançosa de novos céus e nova terra. Ilustração: O teste de Tomé e as palavras do Cristo ressurreto: porque me viste creste? Bem-aventurados os que não viram e creram. Paulo arremata: A esperança que se vê não é esperança. A capacidade de sonhar é um dom do Espírito Santo. Esperança é a capacidade de viver a realidade do Reino mesmo numa situação de negação. Devemos esperar contra toda esperança. Russel Shed, em recente entrevista, afirmou sobre a teologia da prosperidade: se você quer prosperidade, peça a Deus um câncer.
12. Amor – v. 26
A Igreja deve ser movida pelo amor de Deus. Se este amor não está em nós Deus também não está em nós. Ilustração: O pastor anglicano e seu arcebispo. O novo mandamento é o mandamento da Igreja cristã: Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros – João 13:34 r 35. É o sinal do cristão e da comunidade cristã, e o maior testemunho diante de um mundo dividido e violento. Duas coisas caracterizavam o cristianismo primitivo: profunda vida moral e amor uns pelos outros (Vede como eles se amam!, exclamavam os de fora). Este é o poder atrativo da igreja. A primeira carta do Apóstolo João é, por isso, uma carta essencial à igreja por tratar de três assuntos centrais: Quem é Jesus Cristo, como deve andar o cristão no mundo, e o relacionamento entre os irmãos.
Tem a Igreja sido isso hoje? Essas marcas podem ser vislumbrada neste espelho? É possível colocar tudo o que Jesus sonhou nesta oração em prática? Claro que sim porque isso foi concretizado na história da primeira igreja cristã. Atos 2 a 5 fala da igreja em Jerusalém como exemplar para todas as outras através dos séculos. E, para concluir, uma constatação que nos envolve pessoalmente: Se estas marcas não forem reais para mim mão podem ser reais na vida da minha igreja.
Hoje tenho certeza, a Igreja é o maior projeto de Jesus, e a até que Ele volte para buscá-la, teremos a completa convocação aqueles que o querem como único Deus, porque somos mais que vencedores somente em Cristo. É maravilhoso pertencer a Igreja de Cristo, sendo cristao na historia de Cristo, e por Ele, somente. Não adeptos ao cristianismo solidificado na historia dos homens, mas na certeza de estarmos vivendo o que Deus sonhou pra nós. Templo do Espirito Santo. Um abraço a todos da ICB e parabéns.
Que lindo esse estudo…estou pregando em uma grande campanha 2013 meus sonhos realizados…e o espirito Santo me levou hoje em oração a meditar que primeiro pra que Deus realize nossos sonhos temos que realizar os sonhos de Jesus…. gostei do esboço vou adicionar ao meu sermão…. continue assim…. inspirando sempre
Um grande prazer tê-la aqui, querida pastora. Use o esboço à vontade. Pertence a Deus e à sua igreja;