O TRIUNFO DO AMOR
O TRIUNFO DO AMOR
Julio Borges Filho
Comemorei meu 7 de setembro em casa, longe das manifestações pró ou contra o governo. E minha filha me comunicou logo cedo, em profunda dor, que sua gatinha, Sabrinha, tinha morrido. Simplesmente a abracei expressando meus sentimentos e dizendo a ela: “Ela morreu feliz porque você muito a amou e cuidou dela como uma filha nos últimos meses”. E pensei comigo, orgulhoso de minha grande e linda filha Juliene: “Enquanto milhares estáo pedindo no Dia da Pátria a volta da ditadura e da força sob o comando de alguém que nem sabe governar a si mesmo, Deus está se manifestando num ato de amor sublime e maravilhoso. É assim que ele é: Amor.”
Onde está Deus nas manifestações de hoje? Nos que gritam em atos antidemocráticos contra a mais alta corte do Brasil e poder moderador da República, nos que querem a volta do AI-5 e com ele a volta da tortura e da supressão de direitos fundamentais e, contando para isso com os saduceus de hoje? Não seria isso o grito de “Solta-nos Barrabás” ou “crucifica-o, crucifica-o?” Não. Vejo Deus no grito das excluídas e dos oprimidos que acontece em mais 200 cidades, nos que sofrem a perda de entes queridos, e nos pequenos e grandes gestos de profundo amor como o da minha filha com sua carinhosa gatinha.
Não temos quase nada a comemorar diante da inflação acelerada, o preço dos combustíveis e do gás de cozinha, na volta à miséria e fome, na destruição das florestas, na invasão das terras dos índios e dos quilombolas pelos ricos fazendeiros e mineiros, na vergonhosa concentração de riqueza nas mãos de poucos enquanto milhões de brasileiros passam necessidades de toda ordem, na discriminação de negros, mulheres e minorias, no negacionismo e irresponsabilidade diante da pandemia do coronavírus. Por isso, diante do clamor da boiada da classe média e rica pedindo a ditadura para nos tirar do foco e do caos do desgoverno em que vivemos, não gastei tempo orando a Deus. Fiz apenas duas orações: “Livra-nos do mal” e a oração de Jesus na cruz do Calvário: “Pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Foi assim Ele triunfou sobre os principados e potestades dizendo que o único poder que não se corrompe é o poder do amor..
Só o amor, a justiça e a verdade triunfarão no final. O ódio, a mentira, a força bruta, a discriminação e a insensibilidade social não terão a última palavra.