PETRÓPOLIS, UMA CIDADE ENCANTADA
PETRÓPOLIS, UMA CIDADE ENCANTADA
Julio Borges Filho
Já tinha passado por Petrópolis duas vezes, mas muito rapidamente. Agora vim a esta bela cidade para visitar meu caçula e família e comemorar os 15 anos de minha neta. Eles moram numa das avenidas centrais chamada Roberto Silveira. Estou no sétimo dia dos dezoitos que passarei aqui com minha esposa, e confesso: Estou encantado com a cidade de Pedro (Petrus, latim, com polis, grego). A homenagem é para os imperadores Dom Pedro I e Dom Pedro II que amavam o lugar, e este último a fez capital do império porque se mudava com toda a corte durante o verão para Petrópolis.
A cidade fica a 68 quilômetros do Rio de Janeiro no topo da Serra da Estrela que faz parte do conjunto montanhoso da Serra dos Órgãos, subsetor da Serra do Mar.. Tem cerca 279 mil habitantes sendo a mais populosa das cidades serranas, clima ameno, tranquila, sendo a cidade mais segura do estado do Rio de Janeiro e a sexta mais segura do Brasil. Foi a segunda cidade planejada do Brasil já que Recife foi a primeira planejada pelos holandeses. Júlio Frederico Koeler planejou o centro história que é a cidade imperial e usou sabiamente a exuberante natureza com os rios e morros. Os rios são colocados no meio das avenidas com margens embelezadas de árvores e canteiros de flores conservando a pura de suas águas e encantando a cidade juntamente com a preservação da mata atlântica dos morros e parques. As passarelas sobre os rios são românticas. A catedral São Pedro de Alcântara, de arquitetura francesa, fica em frente à Avenida Koeler com o rio no centro produzindo uma vista majestosa. Nesta avenida estão palácios belíssimos com suas palmeiras imperiais e seus jardins. Na época de Natal e Ano Novo a cidade se enfeita de luzes e beleza qual uma noiva. É destino turístico bem procurado.
Aqui tudo é história. Os moradores originais da região eram os índios Coroados. Depois, com a colonização portuguesa e a descoberta de ouro em Minas Gerais, chegaram os não-indígenas e uma colônia de imigrantes alemães. Por isso a presença luterana é forte com sua bela catedral da Igreja Evangélica de Confissão Luterana que completou 150 anos na Avenida Ipiranga. O gosto da cidade por cerveja denota também isso., Bem no centro há a fábrica da Bohemia e aqui se produz muitas cervejas artesanais. Por causa desta colônia alemã D. Pedro II assinou decreto em 16 de março de 1843 criando um povoado e a construção do palácio verão concluído em 1947. Há no centro uma charmosa rua paralela à rua do Imperador rememorando esta data. Em 1857, por decreto imperial, o povoado foi elevado à condição de cidade com a criação do município de Petrópolis. Foi criada também a Estrada de Ferro Leopoldina pelo Barão de Mauá. Dos 49 verões de D. Pedro II, ele passou 40 em Petrópolis e às vezes demorava seis meses. Por isso a maioria dos representantes diplomáticos estrangeiros moravam na cidade. Por causa de sua relevância história há muitos museus na cidade. Já visitamos dois: O Museu de Cera e o de Porcelana. Este último funciona na casa que foi do Marechal Rondon. No período republicano Petrópolis, por causa da revolta armada na cidade do Rio, tornou-se a capital do estado (1894 e 1902). Um dos nossos presidentes, Hermes da Fonseca, casou aqui no Palácio Rio Negro com a petropolitana Nair de Teffé (1914). Aqui foram assinados decretos importantes como o Tratado de Petrópolis que incorporou o Acre ao Brasil (1903), e a Declaração de Guerra contra os países do Eixo (1931-1945). O sanitarista Oswaldo Cruz foi nomeado o primeiro prefeito por Getúlio Vargas que gostava de veranear na cidade. Aqui também, para nosso desgosto, estava a Casa da Morte, um dos centros de tortura da ditadura militar na década de 1970, e em 2022 a maior chuvarada da história que matou dezenas de pessoas.
As praças centrais são todas históricas e belas como a Praça da Liberdade e a Praça do Imperador. Acho que estou conhecendo a Petrópolis Imperial, mas não terei tempo para conhecer a Petrópolis Real, os bairros do povão. Os 15 anos de minha neta serão comemorados num belíssimo e famoso restaurante no topo de um morro. Há muita gente nas ruas e nas praças. Aliás, as ruas, avenidas e praças são limpas e não vi nenhum lixo lançado nos rios e, curiosamente, ainda não vi nenhum mendigo.
Sem dúvida, Petrópolis é uma cidade encantada, e quem mora aqui não quer sair.
Petrópolis, 04 de janeiro de 2024