POR QUE MINHAS AMIGAS CHORAM? – O filme
POR QUE MINHAS AMIGAS CHORAM? – O filme
Julio Borges Filho
Um amigo meu me recomendou assistir no Cine Brasília, no dia 22 de novembro de 2018, o filme cubano “Por que minhas amigas choram?” da diretora Magda González Grau. Fui em solidariedade aos médicos cubanos que fizeram um grande bem a milhões de brasileiros, inclusive, erradicando a mortalidade infantil de alguns municípios nordestinos, e que agora, vítimas do destempero verbal do fraco presidente eleito, retornam a Cuba. Cheguei meia hora antes, tempo de participar do bom coquetel oferecido pela Embaixada cubana. A cuba livre que bebi pela primeira vez me conquistou.
Antes do filme o público pediu Lula Livre e aplaudiu os médicos cubanos. A diretora Magna Grau fez um belo discurso escrito em português que conquistou a todos. O bom filme foi aplaudido de pé pelo auditório no final.
O filme é sobre o reencontro de quatro amigas que, na adolescência, estudaram juntas e moravam no mesmo alojamento do colégio. Sônia, a anfitriã, é branca e aparenta estar bem com a vida; Iara, branca também, é ativista política, a mais simpática de todas e a mais humana e prestativa; Carmem, uma mulata, era a mais sofrida de todas e precisou ser convencida pela mãe para ir ao encontro; e Glória, também mulata, era a moralista do grupo, chata, e intolerante. O encontro começa leve e bem humorado cheio de recordações do colégio e vai ficando tenso com a realidade de cada uma após vinte anos. Carmem foi a primeira a abrir-se em choro porque, pobre, precisou roubar num laboratório onde trabalhava para sustentar os dois filhos e a mãe sendo presa por 15 anos não vendo seus filhos crescerem e a neta nascer, e depois não arranjou mais emprego; Iara chorou reclamando da incompreensão do marido que se sentiu só por causa do seu ativismo político e social; Glória, a moralista e dura com as outras, abriu seu coração ao revelar a perda do marido e do seu único filho homem, a quem ela depositou todas as suas esperanças, ter confessado a ela ser um homossexual com aids e seu inconformismo com isso era revoltante; e, finalmente, Sônia, a anfitriã, derramou seu coração na revelação mais dura do encontro: ela pediu divórcio ao bom marido, com quem casara por pressão dos pais, para viver com o grande amor de sua vida que era outra mulher, e isso provocou a ira de Glória que saiu raivosa do encontro sem guarda-chuva num grande temporal. Um pouco depois ela retorna arrependida pros braços e abraços de suas grandes amigas. E o filme termina assim com as quatro amigas abraçadas.
O filme é uma belíssima ode à amizade e as atrizes são excelentes. Se os americanos deixassem ganharia o Oscar de melhor filme estrangeiro, Por isso, se tiver oportunidade, não o perca.