RETROSPECTIVAS E PERSPECTIVAS
(Estudo coletivo da Igreja Cristã de Brasília orientado por Wilson Dias)
Texto base: Lucas 14:25-35
É normal que no inicio do ano façamos um balanço do ano que se findou e planos para o que se inicia. Na verdade procuramos renovar as esperanças, fazer novos compromissos corrigir rumos etc. Tem mais efeito psicológico, pois a roda da história continua girando na mesma direção, com a mesma velocidade.
Esse exercício é feito em todos os níveis: pessoalmente, em família, nas empresas, e nas igrejas.
A ICB fez o mesmo exercício, por três fins de semana, mas com um foco um pouco diferente. Ao invés de fazermos uma autocrítica e mea-culpa dos erros do ano que se findou e planos e sonhos para 2014, tentamos fazer uma retrospectiva do que aconteceu em 2013 e onde e como pudemos identificar a ação de Deus nesses acontecimentos e principalmente nos rumos que as coisa tomaram. Acabamos de lançar um manifesto onde declaramos nossa convicção no senhorio de Deus sobre a História. Como identificamos a intervenção de Deus nos acontecimentos? Através do que ocorreu, podemos identificar o rumo que Deus quer dar à história? E como participamos desse movimento? Como, como parte da Igreja de Cristo, fomos usados para o cumprimento de sua vontade? Foram as perguntas que nortearam nossos exercício.
Do outro lado, tentamos pensar como será 2014? O que provavelmente acontecerá, tendo em vista os rumos que as coisas tomaram até agora? De acordo com o que identificamos que seria a vontade de Deus para a História, o que podemos prever que acontecerá? E frente a isso o que faremos? Como podemos participar?
Podemos classificar as igrejas de diversas formas, ou com diversos critérios, de acordo com suas características ou posturas. Para o efeito do nosso estudo, pensamos em uma divisão em dois tipos: as igrejas monásticas e as igrejas militantes.
As igrejas monásticas são aquelas que, iguais aos monges, entendem que a fé e o conhecimento da Palavra tem que gerar santidade e a santidade exige distanciamento do pecado. São igrejas que focam sua existência no estudo, na reflexão e incentivam o distanciamento do crente com o mundo, “que jaz no maligno”. São igrejas fechadas em si mesmas e sem nenhuma intervenção na vida e nos problemas do mundo. Os problemas que cada um enfrenta fora, durante a semana, são problemas de cada um. A igreja deve fortalecer a fé., dando-lhe forças para vencer esses problemas. Assim entendem.
As igrejas militantes são aquelas que entendem que são colocadas no mundo para atuar nele e modificá-lo. Entendem que, como cristãos, têm responsabilidades com o mundo e seus problemas. São a luz do mundo e o sal da terra. Entendem o Evangelho como uma proposta de atuação no aqui e agora e não apenas uma preparação para o reino celestial. Por isso procura contextualizar a fé, encontrar maneiras de vivê-la prática e efetivamente.
O perigo da igreja militante é perder de vista sua motivação e cair num ativismo social e político, transformando-se e igualando-se a todas as forças sociais e políticas que atuam no mundo, mas sem explicitar a diferenciação do Evangelho.
Como parte do exercício, propusemo-nos a refletir no tipo de igreja que somos até agora, a que queremos ser (ou continuar a ser) e dependendo dessa reflexão, como devemos ser e agir.
Foi um exercício conjunto, que resultou nas seguintes conclusões como fatos que marcaram e nortearam a história em 2013:
RETROSPECTIVA DE 2013
No mundo
1 – Na esfera política-econômica
– A abertura de Israel em começar a aceitar a criação de um estado palestino;
– A ameaça nuclear, principalmente com a possibilidade de posse de bombas atômicas por países instáveis e com a possibilidade de cair nas mão de terroristas;
– Espionagem dos Estados Unidos;
– Mapeamento da situação e dos países do Oriente;
– Guerras tradicionais e civis em países do Oriente e da África;
– O fato de a economia estar ditando mais os rumos do mundo e dos conflitos do que o poder bélico;
– Ação do terrorismo.
2 – Na esfera social
– Grande número de refugiados, gerados pelas guerras, vivendo em situações desumanas e muita fome;
– Impacto das catástrofes naturais que estão recrudescendo;
– Diversos incidentes em que a mulher a mulher foi a vítima. A consequente reação em prol dos direitos da mulher;
– Luta pelos direitos das minorias.
3 – Na esfera religiosa
– Reaquecimento da igreja católica em consequência da eleição do novo papa, e por suas posturas;
– Grande silêncio da igreja evangélica mundial perante os acontecimentos todos
No Brasil
1 – Na esfera política
– Julgamento e repercussão do julgamento do mensalão;
– Movimentos populares de junho
– Nível alarmante de corrupção – Maior transparência e visibilidade
– Processo de organização da Copa
2 – Na esfera social
– Manifestações populares: amadurecimento social frente à gestão pública;
– Manifestações pelos direitos das minorias, principalmente dos homossexuais;
– Fortalecimento dos valores conservadores (de direita ) da sociedade;
– Caso Amarildo – Repercussão, controle social;
– Grandes tragédias com vítimas, principalmente ena área da construção civil;
– Saída de um grande contingente de pessoas da linha da miséria;
– Manutenção de uma enorme desigualdade social;
– Aumento da violência no país;
– Aumento do consumo de drogas, especialmente o crack;
– Aumento do espírito consumista, principalmente entre os jovens;
3 – Na esfera religiosa
– Posicionamento reacionário da igreja evangélica, principalmente no caso do Pr. Marcos Feliciano e nas demonstrações da intolerância religiosa.
– Imagem desgastada devido à atuação das igrejas neo-pentecostais e da teologia da prosperidade.
– Aumento da violência
– Deteriorização da qualidade de vida
PERSPECTIVAS PARA 2014
1 – No mundo
– Manutenção da grande desigualdade social;
– Continuação das guerras.
-Por outro lado, a perspectiva de aumento do diálogo entre as nações;
– Valorização e fortalecimento da diplomacia;
– Supervalorização da economia
2 – No Brasil
– Grande movimentação popular (protestos) na época da copa;
– Continuação da grande desigualdade social;
– Continuação do problema das drogas;
– Eleições.
3 – Em Brasília
– Continuidade das drogas como um dos maiores problemas da capital;
– Continuidade da situação de violência;
– Continuidade da desigualdade social e suas consequências;
– Manutenção do grande espírito consumista na sociedade, principalmente dos jovens.
Frente a tudo o que vimos, que tipo de igreja pretendemos ser e o que deveremos fazer para alcançar essa situação?
Devemos, como Cristo disse, conhecer nossas potencialidades e nossas limitações e dentro delas, estabelecer nossas metas, dar asas aos nossos sonhos, alimentar nossa utopia, exercitar nossa fé no Reino de Deus.
Com base nas análises feitas e conclusões, a ICB deve fazer o seu planejamento de prioridades e ações para 2014, tentando identificar em todos esses movimentos as “pegadas de Deus”, qual o rumo e sentido que Deus tem dado à História, para que possamos nos colocar à Sua disposição para sermos instrumentos em seus planos e não obstáculos.