UM CORAL QUE É A CARA DA BAHIA
UM CORAL QUE É A CARA DA BAHIA
Pastor Julio Borges Filho
Fui, a convite do Pastor Djalma Rosa Torres, ao concerto do Coral Ecumênico da Bahia na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho em Salvador, no domingo 12 de março de 2017, e vi e ouvi um pedaço do céu na terra. O Coral, sob o comando do maestro Ângelo Rafael Fonseca, é a cara da religiosidade baiana e um exemplo musical da diversidade religiosa porque nele cantam em perfeita harmonia pessoas de cerca de sete religiões (católicos, evangélicos, espíritas, candomblecistas, umbandistas, budistas, hinduístas e até ateu).
Meu amigo-irmão Djalma Torres, idealizador, fundador e diretor do Coral, falava-me do seu sonho de ter uma Coral Ecumênico em Salvador, e isso já a algum tempo. Criado o coral ele gabava-se de que era o melhor Coral da Bahia. Eu minimizava a retórica do amigo por saber ser ele um homem apaixonado pelo que acredita. Porém, após o concerto, concordei plenamente com ele. Fiquei tão entusiasmado que gravei no meu celular oito músicas e as mandei pra minha esposa, Gislene Macedo, que é uma experiente professora de música em Brasília, e ela gostou do que ouviu.
O concerto, que fez parte do Projeto Pelourinho da Fundação Gregório de Matos, contou um repertório variado e de muito bom gosto. Foi dividido em três partes: na primeira o Coral cantou músicas religiosas, na segunda houve a apresentação de dois cantores maravilhosos (o tenor Carlos Eduardo Santos e uma solista, também negra, cujo nome não gravei), e na terceira parte o Coral apresentou músicas que tocaram à alma do auditório que ovacionava de pé. As que mais me tocaram foi um mantra indiana, “Asas da Alva”, “Oh Happy Day”, “Girassol – cidade negra”, e um dueto dos solistas cantando “Con te partirò”. Minha emoção foi grande, mas a do Pastor Djalma foi maior porque chorou profundamente de pura saudade de sua esposa Vone que partiu deste mundo em janeiro passado. Ela, como ele, amava o Coral.
Após o concerto desci uma ladeira dura de paralelepípedo do Pelourinho como se ainda andasse nas nuvens. Parabenizei o meu amigo Djalma concordando com ele. O Coral Ecumênico da Bahia é um dos melhores coros que conheci, e mais: único que por si só já transmite uma mensagem de paz e harmonia humanas, porque, como disse o teólogo Hans Kung, sem a paz entre as religiões não haverá paz no mundo. Os coristas são anjos e anjas que cantam sob a competente regência de Ângelo e acompanhada de uma angelical pianista batista. A página do Evangelho que me veio a mente foi o cântico do Coral de Anjos anunciando o nascimento de Jesus aos humildes pastores de Belém: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens a quem Ele quer bem”. O Coral baiano vive este cântico angelical.