UM HOMEM BOM
UM HOMEM BOM
Em memória de Amoz Alves Cordeiro
Pastor Julio Borges Filho
Hoje, 05.11.2019, às 13 horas, no Auditório Cultural da Igreja Memorial Batista de Brasília, participei do Culto a Deus pela Vida de Amoz Alves Cordeiro que nos deixou ontem. Um homem bom é a melhor imagem que guardo dele. Boa pessoa, bom cristão, bom esposo, bom pai, bom avô, bom funcionário público… Como posso afirmar isso se convivi com ele tão pouco? Há pessoa que num só abraço, num só sorriso e num só olhar, parece que já a conhecemos a muito tempo e por dentro. É o conhecimento da alma. Somos do mesmo mês, novembro, eu do dia 26 e ele do dia 30, sendo ele mais novo dois anos. Bem humorado como eu, contador de piada como eu, gostava de comer como eu, era gordo como eu, gostava de “Le Lac de Come” ao piano como eu, em suma, sensível como eu… Diria mesmo que éramos semelhantes, mas ele bem melhor do que eu.
Conheci Amoz por duas vias: ele casou-se com Célia, filha dos diáconos Nelson Crespo, de saudosa memória, e Nelha da Terceira Igreja Batista do Plano Piloto que eu pastoreei por dez anos, e era irmão do saudoso Enéas, também membro da mesma igreja na época. Por causa disso ele, apesar de ser membro da Memorial, estava sempre na Terceira e, as vezes, ainda nos brindava cantando no Trio composto por ele e por seus irmãos Oséas e Enéas. Vozes lindas e harmônicas. Sempre que me encontrava, era aquela festa: chamava a família e, de um modo especial, Edilene, sua primogênita para me recordar que eu a tive nos braços apresentando-a, ainda bebê, na igreja e que ela era uma excelente pianista. E dizia isso com gosto e orgulho. Aliás, ela escreveu um depoimento sobre o pai maravilhoso e o leu no culto que só confirmou o meu diagnóstico sobre ele. Eu o conheci em rápidos encontros, mas ele conviveu com ele desde o nascimento. Por isso quando abracei Célia, Amoz Jr, e principalmente Edilene, pareceu-me estar abraçando com ele e lágrimas me vieram aos olhos. Pura saudade!…
O culto foi lindo! Conduzido pelo Pastor David Pereira, o novo pastor titular da Igreja Memorial Batista, contou de cânticos congregacionais (“A voz de Jesus”, “Tu és Fiel, Senhor” e “Céu, Lindo Céu”), com mensagens musicais por Coros Reunidos da Igreja, Oséas Cordeiro, Malú Mestrinho brindando-nos com “eu sou um pobre peregrino”, a leitura do Salmo 23, duas orações, o sermão do Pr Francisco Carlos de Menezes sobre “Deus o tomou para si” (Gn 5:24), e o depoimento de Edilene. Ainda ao som da congregação cantando “Céu, Lindo Céu”, fui cumprimentar a família, os pastores, e muitos irmãos amados que fazem parte de minha vida.
Retornei de carro para casa pensando no Salmo 116:15: “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte de seus santos”. Jesus disse que só existe um bom que é Deus por ser perfeito. Mas, dentro do padrão humano, eu reafirmo: Amoz era um Homem bom, puro, leve apesar de gordo, sensível e amoroso. O Mal de Parkinson o pegou e o levou a uma morte tranquila: morreu dormindo e sorrindo. Está agora na Pátria sem males, e fará muita falta neste momento em que vivemos de tanto ódio e desamor.