VOCÊ NÃO ESTAVA AQUI – O filme
VOCÊ NÃO ESTAVA AQUI – O filme
(Julio Borges Filho)
Assisti, por recomendação de um precioso amigo, o filme VOCÊ NÃO ESTAVA AQUI, de Kan Loach, um cineasta do Reino Unido que denuncia as mazelas dos trabalhadores britânicos. Desta feita ele trata da uberização das relações de trabalho, uma novidade do neoliberalismo econômico. O filme é um claro protesto contra uma relação perversa e desumana entre patrão e empregado.
A trama acontece em 2018 em Newcastle. Ricky ;Turner (Kris Hitchen) quer comprar uma casa e busca a independência financeira de sua bela família: a esposa e dois filhos, um rapaz adolescente, e uma menina. A esposa Abbie (Debbie Honeywood) trabalha como excelente cuidadora de idosos e deficientes. Ambos trabalham 14 horas por dia enquanto os filhos ficam sem a devida assistência deles. A situação vai ficando tensa e insuportável. Com isso o filme nos mostra a desumanização neoliberal das relações trabalhistas que coloca a ganancia acima de tudo.
É assim que pensam os governos neoliberais: tirar direitos dos trabalhadores para aumentar os lucros dos patrões. Noam Chormsky disse que “um dos princípios básico do estado capitalista moderno, é que os custos e riscos são socializados ao máximo possível, enquanto o lucro é privatizado.” É também isso que se busca com as chamadas reformas aqui no Brasil. E isso está incomodando até bilionários. Nock Hanauer, um dos homens mais ricos do mundo, diagnosticou que “o aumento da desigualdade e da instabilidade política são resultado uma péssima teoria econômica.” E ataca a mantra de que “a ganancia é boa”, ideia moralmente corrosiva, mas também cientificamente errada. Não pode haver desenvolvimento aumentando as desigualdades e a agressão do meio ambiente.
Após o filme, pensei comigo nas palavras de Marcuse: “O operário é o ente espécie por excelência que carrega as dores do mundo.” Pensei nos operários anônimos da construção de Brasília. Muitos nordestinos desaparecidos foram mortos e tiveram seus corpos misturados ao concreto dos alicerces das construções. E mais: pensei que as melhores propostas são um capitalismo social e um socialismo democrático porque ambos limitam a ganância dos ricos, a concentração de renda, e buscam a justiça social.
Vale a pena ver o filme.