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A Síndrome da Estultície, ou em português mais claro, A Síndrome da Burrice

Texto Base: Ex. 8:1-15

 

I – Contextualização

 

Era um momento crucial na vida do povo judeu. Deus estava preparando o povo para se tornar Israel: já havia escolhido um líder, Moisés, já o havia preparado e agora precisava mostrar ao povo que Ele era Jeová, seu Deus, e convencer Faraó a deixar o povo partir. Uma primeira conversa diplomática já havia acontecido onde Moisés apresentou suas credenciais e protocolou o pedido de Deus para que Faraó deixasse o povo ir. Obviamente Faraó recusou o pedido. Uma segunda rodada de negociações foi marcada e aí Moisés, em nome de Jeová, deu provas do poder do seu senhor: perante Faraó, sua corte e seus magos, Arão lançou seu cajado ao chão e este se transformou em serpente. Faraó não se abalou e seus magos também conseguiram reproduzir o sinal e transformar seus cajados em serpentes. Mas numa clara demonstração de superioridade de poder, a serpente/cajado de Moisés devorou as serpentes/cajados dos magos de Faraó (Ex. 7:8-12). Porém Faraó não se convenceu e a rodada novamente terminou num impasse diplomático. Jeová anunciou então o fim das negociações diplomáticas e que daí em diante usaria o pragmatismo de estado para demonstrar inequivocamente seu poder e convencer Faraó. E Deus anuncia o que ficou conhecido como as 10 pragas do Egito. Uma série de flagelos que, em escala crescente, seria imposta ao povo egípcio até que o povo judeu fosse libertado. A primeira praga foi a transformação de toda água do Egito em sangue. Depois de tentar, inutilmente, resolver o problema com todos seus recursos, Faraó chama Moisés e pede que ele ore a Jeová para livrá-lo daquele tormento. Moisés faz isso, o problema é resolvido, mas Faraó não cumpre sua promessa e não libera o povo. Moisés vem então e ameaça com a segunda praga: rãs. Faraó não dá ouvidos: ou não acredita (apesar de já ter tido provas do poder de Deus) ou avalia que o preço é alto demais e prefere passar pelo flagelo. Moisés manda que Arão estenda seu cajado sobre todos os rios, nascentes, lagoas, e dali começam a surgir rãs, que infestam todo o reino: as rãs estão em todos os lugares, em casa, nas ruas, nas camas, nas panelas, nos negócios, para todo lugar que se olha se vê… rãs. Novamente os magos de Faraó conseguem reproduzir o fenômeno e fazer aparecer mais rãs, o que pode parecer que diminui o poder de Deus, afinal Ele não é o único que consegue fazer isso. Mas eles conseguem apenas ampliar o problema mas não resolvê-lo, ou pelo menos diminuí-lo. Faraó novamente, ao chegar no limite do desespero, chama Moisés e suplica que ele ore a Deus para o problema desaparecer. Moisés então indaga quando Faraó quer que ele ore a Deus, e Faraó surpreendentemente responde: “Amanhã”. Supondo que essa conversa tivesse acontecido no final da manhã ou começo da tarde, o Egito ainda ficaria sujeito à convivência com as rãs durante o resto do dia, toda a noite e parte da manhã do dia seguinte. E a solução estava à mão… No dia seguinte Moisés orou, as rãs morreram e Faraó não deixou o povo ir novamente.

 

II – A Síndrome da Estultície

 

Por quê, tendo a solução disponível, Faraó deixou para amanhã? Por quê, enfrentando problemas, ou simplesmente buscando orientações para momentos difíceis de nossas vidas, e sabendo onde e como obter as respostas, deixamos para amanhã, postergamos as soluções? Creio que por uma das quatro razões a seguir:

 

1 – Falta de fé

 

Quando não aceitamos que Deus possa realmente alterar a situação. Se não cremos que Deus tenha o poder de alterar a realidade dificilmente iremos nos submeter incondicionalmente à sua ação.

Ou então, recorremos a Deus quando percebemos que não há outra opção, que se esgotaram todas as demais alternativas. Mas aí já não é fruto de fé: é desespero.

 

2 – Adiamos a solução esperando que outra opção apareça e que não exija um compromisso com Deus. Provavelmente foi o caso de Faraó. Ele deu mais tempo aos seus magos para encontrarem uma solução, ou esperou que por qualquer outro motivo as rãs desaparecessem.

 

3 – Quando sabemos que Deus pode alterar a situação, mas não concordamos com a sua solução. O caso de Jonas. Jonas sabia que se o povo de Nínive não se arrependesse seria destruído. Mas Deus resolveu dar uma nova chance a Nínive e encarregou Jonas de levar a proposta. Jonas não concordou com Deus e fugiu para o lado oposto. E quando Deus quer e nos manda, e não aceitamos ir arrumadinhos e cheirosos, acabamos indo na barriga de um peixe e vomitados. Jonas foi, levou a mensagem, o povo ouviu, aceitou, se arrependeu e foi salvo.

 

4 – Quando a solução nos confronta com a necessidade de uma nova escala de valores, ou em outras palavras, quando não estamos dispostos a pagar o preço. É o caso do jovem rico, que aparentemente era irrepreensível na sua forma de agir, mas que tinha uma inquietação, um problema: não tinha certeza se tudo aquilo era suficiente para levá-lo ao céu. Jesus não o repreende, não o censura ou discorda de suas ações, mas o desafia a mudar sua escala de valores: vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres, depois vem e segue-me. A solução de sua inquietação estava ali, à disposição, mas o preço era alto demais. E ele deixou passar a oportunidade.

 

III – Conclusão

 

A resposta de Faraó foi de uma grande burrice, mas infelizmente faraó somos nós, que conhecemos o poder de Deus, sua disponibilidade, sua vontade para nós e para o mundo no qual vivemos e não nos engajamos em Sua solução, não entendemos Seu tempo, ou nos contentamos em sermos simples coadjuvantes nas lutas de outros que, pela soberania de Deus, estão lutando Sua luta, mas não carregam Sua bandeira. Que não nos deixemos levar pela ilusão do Amanhã. Mas a Bíblia nos exorta a “Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração…” (Heb, 3:7,8)

 

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