Piauiense indicada ao Prêmio Nobel, Lair Guerra, inspirou o mundo no combate à Aids
Por Yala Sena
Atualizada dia 13/03/2024
Na corrida contra o relógio para enfrentar uma epidemia, grave e mortal, a biomédica piauiense Lair Guerra chegou a suspender o hábito de almoçar. Rodeava-se de frutas, sanduíches e sucos. Seu objetivo: ganhar tempo. Era período de decisões urgentes e em larga escala contra o vírus HIV, que assustava todo o planeta. Lair Guerra morreu no dia 13 de março, cinco dias após a publicação desta reportagem.
Para conter o vírus, em 1986, o Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de DST/Aids e convidou a piauiense, doutora em microbiologia e infectologista, Lair Guerra Macedo Rodrigues, na época com 43 anos, para coordenar as ações contra a doença no Brasil. Iria começar quase do zero, uma responsabilidade monumental.
Quem é Lair Guerra
Nascida em 28 de março de 1943 no povoado Gety, antes pertencente ao município de Parnaguá, hoje Curimatá (a 775 km de Teresina), Lair Guerra, graduou-se na Universidade Federal de Pernambuco. Casou-se em 1962.
Em 1977 começou a lecionar Microbiologia na Universidade Federal do Piauí (UFPI) e a administrar o laboratório da universidade. Ela também foi professora da UnB (Universidade de Brasília). A piauiense fez pós-graduação no Centro de Controle de Doenças (CDC) e em Harvard, nos Estados Unidos.
Ao obter bolsa da Organização Pan-americana de Saúde foi morar em Atlanta, na Geórgia (EUA), com a família. Na cidade americana atuou como pesquisadora visitante na área de doenças sexualmente transmissíveis no Center for Disease Control (Centro de Controle de Doenças). Paralelamente, cursou o mestrado em Microbiologia na Georgia State University, enquanto acompanhava as primeiras pesquisas sobre o vírus HIV.
Ao retornar ao Brasil dirigiu o Programa de Saúde Materno-Infantil do Ministério da Saúde. Devido à sua experiência, foi nomeada para coordenar o programa brasileiro de controle DST/Aids, que virou um exemplo para todo o mundo.
Incansável, Lair Guerra, enfrentou a burocracia, falta de recursos e o preconceito. De barco, carro ou avião, ela percorreu o Brasil e o exterior intensificando campanhas de esclarecimento e popularizando palavras como “preservativo” e “combate ao HIV”.
Mobilizou o país para as fiscalizações dos bancos de sangues e se aliou às organizações não-governamentais para adotar políticas públicas de enfretamento à doença e pelo direito dos portadores. Uniu ciência às questões sociais.
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