A comunidade do Amor
EVANGELHO DE JOÃO: VIDA PARA A CIDADE – Pastor Julio Borges Filho
Sermão 12: A COMUNIDADE DO AMOR – João 13:31-35
Introdução:
– Conta-se que um severo e conservador pastor inglês, da Igreja Anglicana, detestava seu chefe, o arcebispo de Cantuária. Ele era uma patriarca e criava seus filhos sob uma disciplina militar. Tinha o costume de realizar, antes do jantar, o culto doméstico no qual sabatinava toda a família. Quem não soubesse responder tinha como recompensa a palmatória. Seus filhos tinham terror ao culto. Um dia que ele se preparava para sabatinar seus filhos, alguém bate à porta de sua casa. Era um mendigo. Ele o convidou para o jantar dando-lhe uma das cabeceiras da mesa. Resolveu, então, incluir o medido o mendigo na sabatina bíblica, e foi logo perguntando: Quantos são os mandamentos da lei de Deus? O mendigo prontamente respondeu: onze. O pastor abriu a Bíblia em êxodo 20 e leu para o mendigo os 10 mandamentos dando-lhe dura repreensão pela sua ignorância. O mendigo, humildemente, retrucou: Pastor, você se esquece do novo mandamento dado por Jesus, que manda que devemos amar uns aos outros. E dizendo isso, tirou o disfarce de mendigo. Era o arcebispo que, pedindo desculpas, retirou-se sem jantar. A história termina dizendo que houve uma transformação radical no pastor tornando-se amigo do arcebispo, um bom pai e um pastor amoroso.
– A igreja não pode se esquecer do novo mandamento. Desprezá-lo e não vivê-lo é trair a Cristo e a si mesma. Praticando-o torna-se relevante e decisiva para o mundo. A igreja deve ser a comunidade do amor onde o preconceito não reina e nenhum tipo de discriminação é permitido. Num mundo dividido onde o ódio e as guerras falam alto, a igreja deve ser uma maquete revelando como o mundo deveria ser uma maquete apontando o caminho. Tal desafio está diante de nós hoje. Aproximemo-nos do texto do evangelho de João com os corações e as mentes abertos.
I. O momento, vrs. 31-33
1. O lava-pés, a traição, a instituição da Ceia
2. É o momento da glorificação do Filho
3. É o momento da partida
II. O novo mandamento, vrs. 34 e 35a
Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim com eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.
- Jesus amou os seus discípulos sem egoísmo
Em todos os amores humanos há um resquício de egoísmo. Amamos os que nos amam (pai, mãe, irmão (sturge), esposa/o(eros), amigos (filia). Jesus não pensava em si mesmo, mas em dar-se para seus discípulos (ágape). Michel Qoist afirmou que amar não é apoderar do outro para completar-se, mas entregar-se ao outro para completá-lo.
- Jesus amava seus discípulos com amor sacrificial
Ele amou até ao limite extremo: a cruz.
- Jesus amava seus discípulos com amor compreensivo
Ele conhecia a fundo seus discípulos. Conhecia suas debilidades, mas apesar disso os amava profundamente. Amar não gostar da imagem que fazemos do outros, mas amar o outro como ele é. Jesus conviveu com eles por três anos. Conhecia suas manias e defeitos, seus maus humores e fraquezas. O amor dele não era cego. Por isso não se decepcionava. Sabia que um iria traí-lo, outros iria negá-lo, e todos iriam abandoná-lo. Gosto daquele hino “Tal qual estou, eis-me Senhor…”
- Jesus amava seus discípulos com espírito de perdão
Não existe amor sem perdão. E o perdão de Jesus era sem limites.
III. A comunidade do amor
- É a comunidade que reflete o amor de Cristo
- Altruísmo – Um não ao egoísmo.
- Sacrifício – A oferta da vida.
- Compreensão – Jamais julgar um irmão.
- Espírito de perdão – Não colocar limites como Pedro.
- É aquela que exibe o sinal do cristão – “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.”- v. 35b.
- Num mundo dividido por muros nacionais, raciais, culturais, sexuais, políticos, econômicos e sociais, a igreja deveria ser luz, farol de orientação, sinal de amor e tolerância. Uma maquete do Reino de Deus no mundo semeando fé, esperança e amor.
- Uma assembleiana perguntou-se se o dom de língua seria a evidência do batismo do Espírito Santo. Respondi-lhe que não porque este é um sinal comum às mais diversas religiões. É a manifestação do amor verdadeiro que mostra que alguém recebeu o dom de Cristo. Ela retrucou: concordo plenamente. Conheço em minha igreja uns cara de pau faladores de língua estranha, mas com um péssimo testemunho dentro e fora.
- É uma comunidade terapêutica – Vidas são curadas.
Conclusão:
– Seria possível viver o Novo Mandamento hoje? Se já foi vivido em outras épocas e lugares, por que não hoje? Todavia não é uma possibilidade humana, mas a ajuda e a presença do Espírito Santo santificando vidas e comunidades.
– O Livro “O Cristo Recrucificado”, de Nikos Kazantzaks: Duas comunidades cristãs que se chocam, uma rica e uma pobre, ambas reflexo de seus pastores. A rica discrimina a pobre. A pobre vive o amor cristão. A pergunta joanina é inquietante: Quem, pois, tiver bens do mundo e, vendo seu irmão em necessidade, fechar-lhe o coração, como o amor de Deus pode permanecer nele?- 1 Jo 3:17.
– Há uma diferença fundamenta entre uma igreja grande e uma grande igreja: a primeira é grande em número de membros; a segunda é grande em qualidade e em manifestação da presença do amor de Deus revelado em Cristo.
– Amados, amemo-nos uns aos outros…