Sermões

A Escritura Sagrada

Sermão: A ESCRITURA SAGRADA – 2 Tm 3:14-17

Pastor Julio Borges Filho

Hoje, neste Dia da Bíblia, eu me confesso como o ser bíblico. Desde que me entendo por gente respiro a Bíblia, suas histórias e suas verdades. Memorizei muitos versículos e, às vezes capítulos inteiros e ganhei muitos concursos nesta área. Estudei a Bíblia, entrei para um seminário e me aprofundei nela, tornei-me pastor e pregador sempre usando a Bíblia, e depois professor de teologia do AT, do NT, de Teologia Pastoral e Contemporânea, homilética e Ministério Urbano.

O que a Bíblia é: É o livro dos livros, o livro mais lido no mundo, inspirada por Deus e escrita por mãos humanas onde se registra revelações de Deus na história humana até a sua culminância na encarnação da Palavra. A Bíblia é, portanto, Palavra de Deus que deu origem a duas religiões abraãmicas e monoteísticas: o judaísmo e o cristianismo e, ainda inspirou a outra, o islamismo. Escrita em mais de 1500 anos por muitos autores, preservada, e chegou a nós com traduções aperfeiçoadas e confiáveis que estão disponíveis até nos celulares.

O que a Bíblia não é: Não é A Palavra de Deus (Hb 4:12 e 13) com a qual Deus criou o mundo e tudo que existe e que nos salva. A Palavra de Deus é Jesus Cristo. Para o Islamismo “a palavra se fez livro, o Alcorão”, mas para o Cristianismo “a palavra se fez carne”. Não é um livro científico e, por causa da intermediação humana, tem falhas e contradições. O AT deve ser interpretado à luz do NT. O AT é horizontal porque nele temos histórias que vão do nascimento à morte das pessoas, enquanto o NT é vertical porque nele a pessoa existe quando é tocada por Jesus Cristo.

Paulo, em sua segunda carta a Timóteo se refere ao AT porque o NT estava ainda em formação embora ele pede que suas cartas sejam lidas juntas com a Escritura do AT. Ele define a importância da Escritura Sagrada constatando com a corrupção humana (3:1-13) e colocando seu exemplo de apóstolo para o seu discípulo.. Daí o apelo do Apóstolo a seu discípulo: “Tu, porém…” Eis algumas lições fundamentais do Apóstolo:

A Escritura Sagrada ensina a ser sábio para a salvação

Seu estudo deve começar na infância (memorização) como orienta a Lei. Os. Mestres de Timóteo: Paulo, a avó Loide e e a mãe Eunice. Timóteo aprendera as Escrituras do AT em casa e, provavelmente, no ensino primoroso de sinagogas.

São pensamentos divinos que plasmam a vida porque está escrito: “ensina a criança o caminho por onde deve andar e até quando for velho não se desviará dele.” Daí o processo de meditação ser semelhante ao do animal ruminante: primeiro tira o alimento (memorização), e depois se alimenta dele ruminando (meditação).

Paulo escreveu: “tudo o quanto, outrora, foi escrito para nosso ensino foi escrito” – Rm 15:4. É interessante como o ser humano e líderes religiosos se esquecem disso e não aprende com a história. Se alguém caminha na minha frente comete um erro e é punido, eu que sigo atrás se cometer o mesmo erro demonstro burrice e insensatez.

“Toda a Escritura é inspirada por Deus…”

Eu gosto mais da outra tradução possível (Vulgata): “Toda Escritura inspirada por Deus …” (1 Pd 1:21). Acho-a abrangente e nos livra dos livros apócrifos e dos acréscimos (interpolações), especialmente no NT. Nossas traduções mais fiéis, como a revista atualizada da SBB e a Bíblia de Jerusalém, colocam as interpolações entre colchetes para significar que são acréscimos não fazendo parte dos textos originais.

A inspiração é divina (soprada por Deus), mas a escrita é humana. Durante mais de 1500 anos a Bíblia foi formada começando com a tradição oral, chegando a escrita numa evolução constante especialmente no AT. O cânon (vem de cana usada como vara de medir) do AT foi concluído por rabinos judeus no final do primeiro século d.C. A vara usada foi que, após Neemias e Esdras, houve um período de 400 anos no qual não houve profetas como castigo divino já que os profetas eram assassinados. O último livro a ser definido foi o de Daniel que teria sido escrito no segundo século a.C, portanto no período interbíblico. Todavia o incluíram no cânon do AT por considerarem que Daniel viveu no tempo do cativeiro babilônico. O cânon do NT só foi concluído no Sínodo de Laodicea em 360 d.C. A vara usada para definir os 27 livros foi a o período apostólico terminado no fim do primeiro século, sendo o último livro escrito o Apocalipse.

Como separar o divino do humano? É uma tarefa para o criticismo bíblico que, com o desenvolvimento da sociologia, da arqueologia, da linguística e da história, desenvolveu-se a partir do fim do século 18 e teve seu auge na primeira metade do século 20 com os grandes teólogos neo-ortodoxos como Karl Bart, Bultmann, Tilich e Bonhoeffer. Teorias de formação do AT são descobertas: A tradição Javista (reinado de Davi e Salomão), a Eloísta (Reinado do Norte), a Deuteronômica (reinados de Josias e Ezequias) e a Sacerdotal (pós exílio).

É útil para o ensino...

O ensino da Bíblia desenvolveu-se e foi institucionalizado com a Escola Bíblia dominical nas igrejas, com a formação de teólogos em seminários, faculdades e universidades, especialmente no ocidente, com milhões de livros, com grandes mestres e teólogos, e com boas traduções a partir dos originais.

“Para a repreensão”, e isso faz parte do ensino e formação do caráter cristão e eclesiástico.
“Para a correção” porque sem disciplina não há formação.
“Para a educação na justiça”, e isso é fundamental para a vida cristã e humana.

“A fim de que o homem de Deus...”

“Seja perfeito…” O objetivo da vida cristã é sermos semelhantes a Jesus Cristo. Aqui não significa tanto a perfeição moral, mas o sermos afetados definitivamente por jesus.

“ E perfeitamente habilitado para toda boa obra” – Isso se aplica tanto para o cristão quanto para o líder cristão, o que era o caso de Timóteo. Neste caso o preparo de obreiros deve ser esmerado.

Somos gratos a Deus pela preservação da Bíblia, pelos monges escribas que preservaram os textos originais, pelo cânon definido, pelo o aperfeiçoamentos das traduções, pelas sociedade bíblicas, pelos colportores que a espalharam, pelas, pelos seminários, pelos teólogos e teologias, por milhões de livros e comentários, etc. Uma das grandes heranças da Reforma Protestante foi a defesa do livre exame das escrituras com o sacerdócio de todos os crentes.

O mau uso da Escritura: o diabo a usa para tentar, o legalismo – a letra que mata, o fundamentalismo – a verdade que mata, o farisaísmo – o comportamento que mata, o autoritarismo/clericalismo – a liderança que mata. Tudo isso gera deformações religiosas que chancelam o machismo, teologias vis com a da prosperidade, preconceitos e intolerância religiosa.

A Bíblia bem usada como instrumento de uma boa formação cristã, exige memorização, meditação, estudo, etc. Tive uma ovelha que me contou que sua mãe era uma cristã muito piedosa, e que seu pai, embora fosse um homem bom, não o era. Ela, sábia, no dia do seu aniversário comprou uma bíblia de luxo, destas que vêm em caixa, e a dei de presente a ele. Colocou-me uma prateleira em sua oficina e pediu que ele a lesse todo dia. Passados dois meses ela foi verificar que se ele estava lendo. A Bíblia estava intacta com as páginas ainda coladas. Ela reclamou, e ele, carinhosamente lhe respondeu: “Ah, querida, com essas mãos sujas de graxa eu fiquei com medo de sujar a bíblia. E ela retrucou: “Não tem problema, querido, enquanto as páginas da Bíblia vão ficando sujas sua vida vai ficando mais limpa”. “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado,” disse Jesus a seus discípulos. E disse mais: “As palavras que eu vos tenho falado são espírito e vida” e “Passarão os céus e aterra, mas as minhas palavras não hão de passar.”

Firmemo-nos a Bíblia que só tem valor se a letra morta for usada pelo Espírito Santo para nossa edificação porque, como afirmou Paulo, “a letra mata, mas o espírito vivifica.”

Júlio Borges de Macedo Filho

PASTOR JULIO BORGES DE MACEDO FILHO Piauiense de Curimatá, 72 anos com 48 de pastorado, filho de Julio Borges de Macedo e Arquimínia Guerra de Macedo, é o sétimo filho de uma família de onze irmãos. Casou-se, há 48 anos no dia de sua ordenação ao ministério pastoral, com a professora Gislene Rodrigues Lemos de Macedo e tiveram quatro filhos: Juliene, Jusiel (falecido), Julinho e Julian. Agora Deus lhe deu a primeira neta chamada Sarah, de apenas 8 anos. Concluiu o curso de Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, em Recife. Formou-se em 1969 e foi ordenado ao ministério pastoral no dia 22 de fevereiro do mesmo ano. Pastoreou as seguintes igrejas: Igreja Batista do Rio Largo – AL (1969 a 1972), Primeira Igreja Evangélica Batista de Teresina – PI (1972 a 1978), Primeira Igreja Batista de Ilhéus – BA (1978 a 1979), Terceira Igreja Batista do Plano Piloto – Brasília (1979 a 1989), Igreja Batista Noroeste de Brasília (interinamente em 1985), Primeira Igreja Batista de Curimatá – PI (interinamente em 2000), e desde 1989, a Igreja Cristã de Brasília. Tomou a iniciativa para a organização das seguintes igrejas: Primeira Igreja Batista de Picos –PI, Igreja Batista do Lago Norte – Brasília, Igreja Batista Noroeste de Brasília (hoje, Igreja Batista Viva Esperança), e a Igreja Cristã de Brasília. Ordenou cerca de 20 pastores e uma pastora, consagrou dezenas de diáconos e diaconisas por onde passou, e celebrou mais de 500 casamentos. É considerando no Distrito Federal um pastor de pastores. Líder denominacional foi presidente da Convenção Batista Alagoana, da Convenção Batista do DF (três vezes), do Conselho de Pastores Evangélicos dos DF (duas vezes); participou de vários organismos batistas como o Conselho de Planejamento e Coordenação da Convenção Batista Brasileira, das juntas administrativas do Seminário Teológico Batista Equatorial e do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil; e por 20 anos foi professor da Faculdade Teológica Batista de Brasília ensinando as seguintes disciplinas: Estudos de problemas brasileiros, ética cristã, teologia pastoral, teologia contemporânea, ministério urbano, teologia bíblica do Antigo Testamento, e homilética. Como teólogo produziu muitos artigos, teses, e palestras nos mais diferentes lugares, e participou de muitos congressos, seminários, fóruns, retiros, entre eles o Congresso Internacional Lousane II realizado em Manila, Filipinas em 1989. Foi orador de várias assembléias convencionais, e pregou em muitos congressos e igrejas por todo o Brasil. Como poeta e escritor já gestou e publicou cinco livros (Missão da Igreja e responsabilidade social, Voando nas asas da fé, Um sonho coberto de rosas, Suave perfume, e Uma grande mulher), tem quatro prontos para publicação, e está grávidos de mais dez livros que espera escrever e publicar nos próximos oito anos. Na área política assessorou deputado Wasny de Roure, por muitos anos, tanta na CLDF como na Câmara dos Deputados; assessorou por pouco tempo os deputados distritais Peniel Pacheco e Arlete Sampaio; o Ministro da Educação, Cristovam Buarque, como chefe da Assessoria Parlamentar do MEC, e depois assessor parlamentar do Senador Cristovam Buarque. Nesta área produziu muitos escritos sobre os evangélicos e a política, fez inúmeras palestras, promoveu muitos seminários, e foi fundador e coordenador de vários fóruns, entre eles o Fórum Político Religioso do PT, o Fórum Religioso de Diálogo com GDF, o Fórum Cristão do PT Chegou a Brasília em junho de 1969 e, desde então, a elegeu como sua cidade do coração. Agora, aposentado, deseja dedicar-se a apenas duas atividades essenciais: pastorear graciosamente a Igreja Cristã de Brasília e Brasília, e escrever apaixonadamente. Sua grande ênfase ministerial tem sido o amor cristão, a graça maravilhosa de Deus revelada em Jesus Cristo, a responsabilidade social das igrejas e dos cristãos, e o ministério urbano da igreja.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *