Deus é Bondoso
Série de sermões sobre “Deus é amor” (3): Pastor Julio Borges Filho
DEUS É BONDOSO – 1 Jo 4:7-16; 1 Co 13:4b e 5
INTRODUÇÃO:
– Uma mulher sofrida e cheia de hematomas no psicanalista – Começa: “Eu conheci um cara…” Um cara que fez coisas terríveis com ela durante anos. Mas termina: “Mas eu sei que ele me ama”. Eis uma percepção errada do amor… O amor é bondoso. A ausência de bondade é ausência de amor. A maldade nos relacionamentos provoca doenças e perversões: sadismo… masoquismo… Mas a maior falsificação da bondade é a manipulação.
– João diz que “Deus é amor” e Paulo afirma “O amor é benigno”, é bom. É bondoso. O coração de Deus é pura bondade. O Papa Francisco em seu primeiro sermão disse: “Deus nunca se cansa em nos perdoar. Nós é que nos cansamos de pedir perdão”. Podemos cantar sem medo: Deus é bom, sim, Deus é bom, Deus é bom demais…” Ele não maltrata ninguém nem manipula ninguém.
- I. CARACTERÍSTICAS DA BONDADE
- 1. Não tem segunda intenção – “Se alguma outra intenção é a base de sua gesto, ele deixa de ser um ato de generosidade e se transforma em manipulação”, escreveu Darin Hufford. Geralmente as pessoas estão tão acostumadas às segundas intenções que, diante de um ato de bondade, perguntam: “O que você está querendo? Muitas mulheres gostam de repetir: “Todos os homens são iguais”. Muitas, porém gostam do malandra conquistador que as conquistam deixando o bom e bem intencionado rapaz a ver navios. E isto é um fato: muitos gostam de ser manipulados, especialmente na área religiosa. Jesus, no Sermão da Montanha, orienta: “Quando deres esmolas não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens… Tu, porém, quando deres esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita…” – Mt 6:2 e 3.
- 2. A bondade é generosa – “De graça recebestes, de graça dai” – Mt 10:8. Nada a receber em troca, e isso desafia a lógica humana acostumada a barganhas.
- 3. A bondade não pode ser usada como ferramenta de manipulação –
- A bondade sempre repousa no coração – A falsa bondade sempre se dirige ao corpo e à mente. É diferente da simpatia… A simpatia é apreciada, mas a bondade faz a pessoa expor seus sentimentos; a simpatia mantém distância, mas a bondade invade; a simpatia nos faz sorrir, mas a bondade nos faz chorar; a simpatia dá tapinhas nas costas, mas a bondade massageia o coração; e, finalmente, a simpatia pergunta “como vai?”, mas a bondade realmente quer saber a resposta. É do coração que procedem as fontes da vida, como diz o salmista. Devemos guardá-lo e preservá-lo como nosso tesouro mais importante. Fé é sentimento. Jesus já alertava: “Onde está o vosso tesouro aí está vosso coração”.
- II. A REVELAÇÃO DA BONDADE DE DEUS EM CRISTO
- O Deus apático do paganismo. Para os estóicos a característico suprema e essencial de Deus é apatheia. Não queriam dizer com esta palavra apatia, indiferença, mas a incapacidade de sentir. E argumentavam: se alguém pode sentir tristeza ou alegria significa que pode ser afetada por outra pessoa. Em relação a Deus isso significa que o homem pode afetar a Deus.
- 2. Jesus revelou um Deus solidário, compassivo e amoroso – Afetado pelo sofrimento e a dor humanos.
- A compaixão de Jesus – Splagchnizesthai é o verbo, derivado do su- bstantivo splagehna, que significa as entranhas mais nobres, ou sejam: o coração, os pulmões, o fígado e os intestinos. Compadeceu-se da multidão que era como ovelhas que não tem pastor (Mt 9:36), do leproso (Mc. 1:41), pelos dois cegos (Mt 20:34), pela viúva de Naim (Lc 7:13. Em suma,
– Jesus compadeceu-se da condição espiritual da multidão (dimensão política/profeta Micaias e o rei Acabe). Para os fariseus o homem que não conhece a lei é maldito e diziam que “havia alegria no céus por um só pecador destruído”. Jesus reage contando histórias sobre o amor e a bondade de Deus: as parábolas da ovelha perdido, a dracma perdida e a do filho pródigo, e conclui: “Há maior alegria no céu quando um só pecador se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15:7). “Há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lc 15:10).
– Jesus compadeceu-se pela fome e dor dos homens.
– Jesus era movido pela tristeza dos outros.
– A sua compaixão e bondade não tinha limites: “Pai, perdoa-lhes porque nãos abem o que fazem”.
- III. DEUS É BONDOSO
- 1. Só Deus é essencialmente bom – Isso afirmou Jesus ao jovem rico – Mc 10:18. Ancelmo, o grande teólogo, já dizia nos anos 1000: “Deus é infinitamente melhor do que o melhor que nós imaginamos”. Paulo, em Romanos 12:2, afirma que a sua vontade é boa, agradável e perfeita, e só com ela nós devemos nos conformar. Deus é bom do ponto de vista moral: é santo e perfeito. Mas também é bom do ponto de vista relacional: é bondoso para com todos.
- 2. Deus nos atrai pelo amor e não pelo medo – Ensinaram-nos que o medo da ira de Deus é que nos leva ao arrependimento. Não é a ameaça do inferno que nos faz aproximar de Deus, mas a atração do seu amor. Tereza de Ávila fala disso no seu soneto a Cristo crucificado:
Não me move, meu Deus, para querer-Te
O céu que me tens prometido,
Nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de ofender-Te.
Tu me moves, Senhor, move-me ver-Te
Cravado em uma Cruz e escarnecido,
Move-me ver teu Corpo tão ferido,
Movem-me tuas afrontas e tua morte.
Move-me, enfim, o teu amor, e de tal maneira,
Que a não haver céu, ainda Te amara,
E a não haver inferno Te temera.
Nada tens que me dar porque Te queira,
Pois mesmo que eu não esperasse o que espero,
O mesmo que Te quero Te quereria.
– O Plano de salvação: as duas formas – a negativa começa como “você é um pecador”; a positiva começa com “Deus lhe ama”.
– A mulher pecadora na casa de Simão, o fariseu: “Aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama”(Lc 7:36-50 – v. 7b). “Aquele a quem muito se perdoa, muito ama”. Uma grande oferta de amor amolece corações endurecidos.
- 3. Deus não tem segunda intenção – “quando Deus entregou seu único Filho, Ele entregou seu coração. Foi a única maneira que ele encontrou para acertar o alvo do nosso coração” – Darin Hufford.
- 4. O desejo do coração de Deus é o nosso coração – “Buscar-me-eis e me acharei quando me buscardes de todo o vosso coração” – Jr 29:13.
CONCLUSÃO:
– Deus compartilha conosco a sua bondade, e ela é uma arma poderosa: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem” – Rm 12:21. “Amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para que vos torneis filhos do vosso pai celeste, porque ele faz nascer o sol sobre os maus e bons, e vir chuvas sobre justos e injustos – Mt 5:44 e 45.
– A bondade de Deus deve afetar nossas relações. Ilustração: A mulher que odiava seu marido e foi procurar aconselhamento pastoral. O pastor colocou-a diante do desafio de mar o marido como irmão, como próximo ou como inimigo. Maltratar os outros, nunca. Gostar de ser maltratado, jamais. Manipular as pessoas, nem pensar. Somos devedores do amor, e esta dívida jamais podemos liquidar.
Fiquei sabendo que a Tia Amelia Guerra faleceu! Dê-me notícias!
Um abraço.