Jerusalém, Jerusalém
Sermões urbanos (4): “JERUSALÉM, JERUSALÉM!”– Lc 13:33-35; 19:41-44
Pastor Julio Borges Filho
INTRODUÇÃO:
– Jerusalém, a eterna capital dos judeus, é central na teologia bíblica urbana. Ela é citada na Bíblia mais de 500 vezes, e nela centra-se três eventos da fé cristã: a morte de Jesus na cruz do Calvário, a sua ressurreição dentre os mortos, e o Pentecostes.
– A cidade tem uma história milenar. O judeu devoto poderia dizer como o salmista no cativeiro babilônio: “Se eu te esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mãe direita” – Salmo 137. Hoje ela é a cidade santa para as religiões abraâmicas: Judaismo, Cristianismo e Islamismo. Judeus e palestinos a querem como sua capital.
– Jesus, como um bom judeu, amava a cidade, mas foi incompreendido nela. Por isso optou pela Galiléia. Todas as vezes que ele subia para Jerusalém tinha conflitos com a elite dominante. O último embate levou-o à morte. Aqui, nos textos do Evangelho de hoje, pode-se notar o quanto o Senhor a amava. Seus lamentos são uma declaração de amor. E eles nos ajudam a amar nossa cidade e a não desistir dela. Debrucemos nos dois belos textos.
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JESUS A CHAMA PELO NOME: “JERUSALÉM, JERUSALÉM!…”
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Antes de ser Jerusalém, a cidade teve outros nomes – O primeiro foi URUSALÉM (cidade de Salém, uma manifestação cananita de Baal) – Gn 14:18-20. Depois JEBUS, uma cidade
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jebuséia – Josué 10:1, 15:8,63.
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O nome Jerusalém foi dado pelo Rei David, a partir do nome original, quando a capturou. Ele colocou o JE de Javé antes do nome URUSALÉM e assim reconheceu a luta central da cidade. Ela continua cidade de Salém (Baal), mas doravante é também cidade de Javé, e a capital de Israel e depois de Judá. O conflito entre Javé e Baal faz parte da história de Jer-usalém e de qualquer cidade.
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A história da cidade atravessou os séculos – Desde Abraão que nele deu o dízimo de tudo a Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, passando pelo domínio dos jebuseus; conquistada pelo Rei Davi que fez dela sua capital, viu a glória de Salomão e centrou o culto, com a construção do templo nela; pela destruição sob os babilônios por ter-se sodomisado, a reconstrução com Neemias e Esdras no pós-exílio, a profanação dos gregos, a reconstrução do templo por Herodes, o Grande; a crucificação de Jesus Cristo, sua ressurreição e o Pentecostes; a história da igreja cristã com a comunidade dos salvos tendo tudo em comum; o cerco e a destruição sob o Império Romano no ano 70 d.C; a dispersão dos judeus pelo mundo e o domínio da cidade pelos romanos, bizantinos, persas, árabes, os cruzados, mameluco, otomano e, finalmente, o Mandato britânico terminado em 1948 quando a ONU a considerou uma cidade internacional.; o retorno dos judeus em 1947 fundando o moderno estado de Israel e a guerra dos seis dias com os árabes, vencida por Israel, quando ela voltou a ser totalmente domínio judeu. E ela continua bela como patrimônio cultural e religioso da humanidade. Jerusalém conta-nos a história e os conflitos de todas as cidades.
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OS LAMENTOS DE JESUS
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O primeiro lamento – Lc. 13:33-35: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas o que te são enviados! Quantas vezes quis eu reunir teus filhos como a galinha ajunta seus pintinhos debaixo das asas, e tu não quiseste! Eis que a vossa casa vos ficará deserta. E em verdade vos digo que não mais me vereis até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor”.
– Jesus se dirige a Jerusalém como uma personalidade (uma identidade). Cada cidade é única: tem suas características, identidade cultural e espiritualidade. Ex: São Paulo… Rio de Janeiro… Brasília.
– A denúncia do mal: uma cidade assassina de profetas, rebelde.
– Ampla oferta de amor rejeitada.
– A condenação
– A promessa da entrada triunfal
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O segundo lamento – Lc 19:41-44: “Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou e dizia: Ah! Se conheceras por ti mesma, ainda hoje, o que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos. Pois sobre ti virão dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o cerco; e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação”.
– A vista magnífica da cidade do Monte das Oliveiras provocou em Jesus um sentimento profundo, e ele chorou.
– A cegueira espiritual de Jerusalém – “Ah! Se conheceras…” Em vez de abraçar Jesus a cidade optou pela confrontação com o Império Romano…
– As Consequências da rejeição – Em 587 a.C, Nabucodonozor, o imperador babilônico destruiu a cidade que não ouviu o profeta Jeremias que também chorou muito por ela. O cerco de Jerusalém pelo General Tito, filho de Vespasiano, no ano 70 d.C: a fome… o sangue derramado… para as crucificações faltou madeira… E em 132 d. C, Adriano expulsou os judeus e destruiu a cidade. Depois a reconstruiu, mas deu-lhe um nome pagão: Aélia Capitulina (Júpiter).
– A oportunidade perdida – A porta da oportunidade se abriu e se fechou com características inflexivelmente definitivas… Malba Tahan disse que há quatro coisas que não retornam: a pedra depois de atirada, a palavra depois de pronunciada, o tempo depois que se passa, e a oportunidade depois de perdida. A sina de Jerusalém é atribuída ao fato dela não ter conseguido ver que em Jesus Deus havia visitado seu povo e lhes havia oferecido salvação. O seu temo (káiros) de visitação veio e se foi sem que a cidade se tivesse apercebido disso.
CONCLUSÃO:
– O que na cidade faz Jesus chorar? O que na cidade me faz chorar? Tal pergunta é fundamental para o ministério urbano. Neemias, após ouvir o relatório terrível sobre Jerusalém, chorou muito, orou muito, e começou a agir para a sua reconstrução – Neemias 1.