Mostra-nos o Pai
Sermão: “M O S T R A – N O S O P A I…” – João 14:1-12
Pastor Julio Borges Filho
INTRODUÇÃO:
– O texto da vida: O mistério de Deus permite perguntas filosóficas diante da dor e do sofrimento humanos. Onde estava Deus…? O Papa Bento 16 num campo de concentração do Holocausto ora: “Onde estavas Deus que permitiste tal atrocidade? ” Jesus resumiu as interrogações de todos e em todas as épocas quando clama na cruz: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? ”
– O texto da Bíblia: João 14:6-12 – Era, provavelmente, quarta-feira da última semana de Jesus na terra. O dia do ensino em que o Filho de Deus faz muitas promessas sendo a maior a vinda do Espírito Santo. Ele começa confortando os apóstolos e dois deles o interpelam. O primeiro foi Tomé: “Senhor, não sabemos para onde vais. Como saber o caminho?” Jesus responde magnificamente: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao pai senão por mim”. Filipe, então, replica: “Senhor, mostra-me o Pai, e isso nos basta. ” Filipe só aprece nos evangélicos sinóticos e em Atos dos Apóstolos na relação dos apóstolos. Mas no Evangelho de João ele aparece quatro vezes: E 1:43 levando Natanael a Jesus; em 6:5-7 como um economista pessimista na multiplicação dos pães e peixes (“Duzentos denários de pães não seriam suficientes” para alimentar tamanha multidão); em 12:21 e 22 leva, com a ajuda de André, alguns gregos para verem a Jesus; e neste texto pedido a Jesus para mostrar o Pai. O pedido de Filipe é a própria procura religiosa de religar o homem com Deus. Mas onde podemos encontrar Deus como Pai amoroso? Certamente não O encontraremos no fundamentalismo religioso que mata em nome de Deus (EI); Ele não está no Evangelho da Prosperidade que busca apenas crescimento numérico e poderio político e econômico usando o AT e não o NT para suas motivações; Ele não está nas grandes catedrais nem na ostentação de igrejas. “Tudo que é saído pode ficar doente”, afirma Leonardo Boff no artigo “A religião pode fazer o bem melhor e o mal pior”. Mas graças ao Pai, a resposta de Jesus lança luz sobre o mistério divino e nos aquieta o coração. Vrs. 7 a 11.
- “QUEM ME VÊ A MIM VÊ O PAI”
- Ver pelos relatos dos Evangelhos
– Seu nascimento – Na plenitude do tempo (uma cultura universal, um governo universal, e uma religião monoteísta). Anunciado por anjo a José como concepção do Espírito Santo na virgem Maria. Anjos desceram do Céu anunciando o seu nascimento a humildes pastores de Belém. Uma estrela misteriosa anunciou aos cientistas da época, astrólogos do oriente… Fé e ciência se unem nEle. O milagre dos milagres: o Verbo se fez carne… Agostinho disse que Jesus Cristo como Deus não tinha mãe e como homem não tinha pai.
– Seus ensinos e vida – Os Evangelhos relatam que um homem extraordinário surgiu na história, era o novo homem sonhado por Deus (“Este é meu Filho amado em quem me comprazo”). Ele encarnava o que ensinava e fazia, e tudo fazia esplendidamente bem. De início os seus discípulos o seguiram como um rabi (mestre), mas no centro do seu ministério eles descobriram que se tratava de alguém bem maior: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” é a confissão de Pedro em Cesaréia de Filipe. Paulo o define como a “imagem do Deus invisível” (C 1:13), e o escritor aos hebreus como “a expressão exata do seu ser” (Hb 1:3).
- Ver pelos seus atos salvíficos
– Encarnação – Não estamos sozinhos no universo. Deus se importa conosco. “O verbo se fez carne e habitou entre nós cheio de graça e verdade, e vimos a sua glória, glória como a do unigênito do Pai” (Jo 1:14)
– Morte na cruz – Deus nos ama e não quer que nenhum ser humano se perca.
– Ressurreição – É o triunfo da paz, da vida e do amor sobre a violência, a morte e o ódio.
– Ascensão – O governo do universo está em suas mãos.
– Pentecostes – A presença do Pai e do Filho está em nós como templos do Espírito Santo.
– Segunda Vinda – Ele voltará para o julgamento final quando a morte será morta, o poder redimido, e a total destruição do mal.
- Ver pela fé
– O Cristo da fé é real – Ele está vivo naquele que crer.
– Viver nEle – “Para mim o viver é Cristo…” (Fl 1:21).
– Esperar nEle – “Esperamos nova terra e novo céu nos quais habita a justiça” (2 Pd 3:13).
- CONHECER A JESUS CRISTO É CONHECER O PAI
- “Há quanto tempo estou convosco e não me conheces, Filipe? ”
- “Vocês não conhecem a mim nem o meu pai…” , afirma Jesus a seus adversários judeus.
- Conhecer é ter experiência íntima. É participar da intimidade de Deus. Na oração sacerdotal, no centro do universo, Jesus disse que veio trazer a vida eterna e a define assim: “E a vida eterna é esta; que te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem enviaste” (Jo 17:3).
- “EU O PAI SOMOS UM”
- O mistério da unidade
– A união do Pai e do Filho garante o sucesso da missão messiânica.
– Em João 17:20, 21 Jesus intercede por todos os seus seguidores de todos os tempos para que eles sejam participantes da unidade divina: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da tua palavra; a fim de que todos sejam um; e com és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu mês enviaste”.
- O mistério da Trindade – Das três religiões monoteístas, só o Cristianismo afirma a Trindade Santa para expressar que Deus não é solitário, mas comunhão eterna, e que mesmo sendo uno, é trino abrangendo as dimensões da família (Pai, Mãe e filho). Como morada da Trindade Santa (Jo 14:23), nós cremos e proclamamos que Deus esta em Cristo reconciliado com ele o mundo (2 Co 5:19).
- O mistério da nova humanidade
– Nós somos chamados a participar da vida divina. Francisco de Assis disse: “Se Deus pode atuar através de mim, Ele pode atuar por intermédio de qualquer pessoa”. Isso santifica nossa vocação. Francisco de Assis trilhou o caminho da humildade, celibato, a caridade e a devoção. Miguelângelo escolheu a arte, a nobreza, a beleza e a grandiosidade.
– A intenção original de Jesus não era criar mais uma religião, mas nos ensinar a viver orientados pelos valores do Reino de Deus feito de amor incondicional, misericórdia, justiça e entrega confiante a um Deus que Jesus chama de Paizinho (Abba). Ele colocou em marcha a gestação do homem novo e da mulher nova, eterna busca da humanidade
– Deus atua através de nós quando criamos para o bem. Assim, nesses casos, podemos dizer como Jesus: “Eu e o Pai somos um”. Hoje podemos fazer obras maiores do que a que Jesus fez, como ele falou no v. 15, porque não estamos restritos um lugar, mas no mundo inteiro com recursos novos.
CONCLUSÃO
– O júbilo (ananda) é o vigor da criação, a força fundamental que penetra no mundo como vitalidade e alegria. É a presença transbordante de Deus que faz transbordar o nosso cálice. É por isso que o Apóstolo Paulo escreveu: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez vos digo: alegrai-vos” – Fl 4:4.
– Quando seguimos os passos de Jesus Deus se faz presente. Ilustração: Um missionário cristão na África estava evangelizando uma tribo e falava de Jesus. Ouviu dos nativos que Jesus tinha andado por lá. Intrigado, só depois de algum tempo, o missionário descobriu que tratava de um grande homem de Deus que também tinha sido missionário na mesma tribo.
– Sinais de esperança no mundo – Há muitos sinais de pessoas que constroem, em nome de Cristo, um novo mundo se doando a uma causa humana sem querer aparecer. São pessoas e instituições diversas que agem em busca de uma nova sociedade mais justa e mais humana. Quero destacar um homem especial, o Papa Francisco, que está resgatando o Cristianismo mais com um encontro de pessoas como o Cristo vivo, assim colocando as pessoas no centro e não instituições, doutrinas, religião, ideologias e o poder econômico e político. Tudo que existe deve existir para o bem de todos e jamais para oprimi-los ou manipula-los. Deus é assim mostrado ao mundo e à própria igreja como seus dogmas e rigidez moral.
– “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”. Jesus como expressão exata do Pai, nos diz que Deus é puro amor e bondade, compaixão e misericórdia. Oremos cantando este pequeno e grande hino QUE A BELEZA DE CRISTO.
Que a beleza de Cristo se veja em mim,
Todo a sua admirável pureza e amor.
Ó Tu, Chama Divina, todo o meu ser refina
Até que a beleza de Cristo se veja em mim.