O Atrevimento da Oração
SERMÕES URBANOS (01): Gênesis 18:16-33
INTRODUÇÃO:
– Está na moda em certos meios evangélicos a oração impositiva, que não é bíblica. Bíblica é a oração atrevida como a de Abraão que está diante de nós.
– Nela nós aprendemos que devemos orar pela cidade, mesmo que não moramos nela. Jeremias 29:7 exorta os cativos da Babilônia a orarem por ela ao Senhor, e o Salmo 122 diz Orai pela paz de Jerusalém. E, sobretudo, aprendemos que devemos ser atrevidos, ousados diante do nosso grande Deus. Ele se preocupa com a cidade e nos coloca nela para que sejamos uma bênção.
– Estamos diante de uma das maiores orações da Bíblia… Por que Abraão foi atrevido em sua oração?
RAZÃO 1: O DEUS DE ABRAÃO (teologia da oração)
- Uma pessoa santa que dialoga e se interessa pelos homens
- Um Deus grande, justo e misericordioso
– O argumento de Abraão: Já que todos deviam cumprir a mesma pena, alguns justos não poderiam obter o perdão para muitos culpados? Há mais injustiça em condenar alguns inocentes do que em poupar uma multidão de culpados.
– A diferença entre Abrão e Ló: Abraão intercede por Sodoma, a grande cidade, e Ló por uma pequenina cidade chamada Zoar. O Deus de Ló era pequeno.
Um Deus que contempla a cidade, ouve o seu clamor, julga-a, mas mesmo assim a ama.
– Sodoma aos olhos de Deus: Maldade (os homens eram maus), concentração de pecado (devassidão, luxúria, depravação, corrupção generalizada), concentração de renda e desprezo pelo pobre (Ez. 16:49), mentira, injustiça = tudo isso clamava aos céus. Minha teoria: Lucifer quando se rebelou contra Deus levou um terço das hostes celestes. Há, portanto, 1/3 de mal no mundo, mas 2/3 de bem. Quando isso é invertido, isto é, a concentração de mal é maior que a de bem, o fim é a destruição. O salário do pecado é a morte. Numa cidade há sempre um concentração de bem e de mal, e o mal exerce um fascínio na mídia e no espírito humano.
– Deus ama a cidade. Exemplos: Nínive (Jonas), Jesus chorando sobre Jerusalém, e a Nova Jerusalém, a capital do universo (a cidade redimida).
– Desafio: Olhar Brasília com os olhos de Deus. Soneto Cidade Moça (1988):
És bela e formosa em tua juventude,
Suave e bem calma em tua quietude,
Constante e ansiosa tua solicitude,
E simples e reta a tua magnitude.
Se te canto, canto porque te amo…
Se me zango contigo não reclamo
Porque de noite e de dia te chamo
Querendo viver por ti cada ano.
Brasília, Brasília, cidade moça!…
Meu coração amante talvez ouça
O teu clamor por mais justiça e paz.
Quero ouvi-la em cada teu habitante,
Quero estudá-la com alma de amante
Lutando por ti até não poder mais.
RAZÃO 2: O ABRAÃO DE DEUS
- Amigo de Deus – Conhecia a Deus e tinha sintonia com ele. De um amigo não se esconde nada. V.23 “E aproximando-se…”
- Conhecia a si mesmo – v. 27b Eu que sou pó e cinza
- Tinha consciência de sua missão – vrs. 18, 19
- Conhecia a cidade e se preocupava com ela
– O déficit de esperança
– A presença dos justos salva a cidade: 10 justos bastariam. Jr. 5:1 e Ez 22:30 dizem que Deus perdoaria Jerusalém se encontrasse um só justo.
O ATREVIMENTO DA ORAÇÃO
1. Comprometida, contextualizada
A semente do mal brota quando os bons não agem (pecado de omissão)
2. Uma oração diálogo
Sem nenhuma maquiagem religiosa. O homem propõe e Deus responde. Sem entendimento não há diálogo. Deus é simples. Nós é que somos complicados.
3. Uma oração objetiva
Aumenta o pecado ao máximo e aumenta a graça ao máximo: 50, 45, 30, 20, 10. Abraão teve vergonha de pedir menos porque só a família de Ló somava dez pessoas. Sodoma foi destruída por causa de Ló.
4. Uma oração segundo a vontade de Deus
O Apóstolo João escreveu: Se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, Ele nos ouve. Abrão levantou de madrugada e contemplou tristemente a destruição da cidade (Gn 19:27 e 28).
CONCLUSÃO:
– João 8:31-59 – Se sois filhos de Abraão praticai as obras de Abraão/ Abraão exultou por ver meu dia. Ele o viu e encheu-se de alegria/ Antes que Abraão existisse, eu sou.
– Ilustração 1: Jorge Luís Borges, o grande escritor argentino, cria que as pequenas coisas podem mudar o mundo. Ele, no deserto do Saara, encheu uma mão de terra, deu dez passos e jogou a terra no chão dizendo: “Eu estou modificando o Saara.
– Ilustração 2: Uma floresta na África pegou fogo e os animais foram se abrigar às margens de um rio. Uma andorinha, sozinha, carregava água no bico e jogava sobre as chamas até se cansar. Um elefante chamou-a de ingênua e ela respondeu: “Estou fazendo a minha parte.”
– Na cidade em chamas somos chamados a agir orando atrevidamente como Abraão não aceitando situações preestabelecidas, nem mesmo os decretos de juízo de Deus, no agir individualmente e comunitariamente.