“… o nome da cidade será: O Senhor está ali” (Javé-Shamá)
Sermões urbanos – 7
“… O NOME DA CIDADE SERÁ: O SENHOR ESTÁ ALI “(JAVÉ-SHAMÁ)
Julio Borges Filho
O profeta Ezequiel, no exílio babilônico, tem uma visão sobre Jerusalém reconstruída e plenamente reconciliada com Deus. E termina seu livro magnificamente: “E o nome da cidade desde aquele dia será: O Senhor está ali”- Ez. 49:35b. Hoje, há mais de 2500 anos, esta declaração nos atinge aqui em Brasília, a capital de todos os brasileiros e cidade que amamos. É o lema da Igreja Cristã de Brasília nos seus 23 anos de existência. Ela nos desafia em todos os sentidos porque é uma declaração teológica, escatológica, profética, amorosa e missionária.
Uma declaração teológica – O Deus transcendente torna-se imanente e vem morar conosco na cidade. Isso só foi possível na encarnação da Palavra de Deus: “E o verbo se fez carne e habitou entre nós cheio de graça e verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” – João 1:14. Seu nome é Emanuel, Deus conosco. Nasceu numa invasão de uma pequenina cidade e morreu no lixo da capital, mas venceu as forças da morte. É o Senhor presente na cidade através de seu corpo que é a igreja. Somos templos do Espírito Santo (Deus em nós). Onde estivermos, Deus está ali. Trazemos para a cidade uma mensagem de esperança: Não estamos sozinhos no universo. “O Reino da graça o mundo invadiu, e minha desgraça em Cristo sumiu”, canta o poeta. A história, portanto, tem um sentido, a criação humana tem um propósito e os desmandos humanos têm limites. O Senhor está ali.
Uma declaração escatológica – Se Deus está presente na cidade, julga-a quando o mal ameaça triunfar. O diagnóstico bíblico sobre as cidades é que, quando o mal triunfa, a cidade é destruída. Desde Sodoma, passando por Nínive, Babilônia, Jerusalém e Roma, cidades tornam-se cemitérios e desaparecem. O sonho de comunhão humana de Babel é o sonho de toda cidade, mas ai dela se for dominada pela soberba, vanglória, violência, imoralidade e injustiça social – Ez. 14:49 e 50. Caetano canta em Sampa que “o poder da grana constrói e destrói coisas belas”. A Bíblia termina com duas visões: a destruição da Babilônia, a cidade do mal, e a erupção da Nova Jerusalém, a cidade de Deus, para nos dizer o que temos de combater e defender na cidade. Longe de nós uma escatologia alienada.
Uma declaração profética e revolucionária – A denúncia do mal é uma consequência da presença divina na cidade, e o mal é individual, social e sistêmico, exigindo um profetismo coletivo e não personalista. Defende a dignidade humana porque o julgamento é este: não ver Jesus Cristo no faminto, no nu, no migrante, no preso, em suma, no excluído – Mt. 25:41-13. Celebra a vida e deseja vida abundante para todos. Defende a ética, o meio ambiente, e dignidade de todo ser humano. Diz à política que o poder é para servir, à economia que a justiça social é prioritária, e à religião que ela está a serviço de Deus e dos homens e jamais deve ser idólatra a ponto de manipular as pessoas. O Senhor está ali.
Uma declaração de amor à cidade – A cidade é a noiva do Senhor por quem ele está apaixonado. Veja esta declaração de amor: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e os que lhe são enviados. Quantas vezes quis eu abrigar teus filhos como a galinha abriga seus pintinhos debaixo das asas, e tu não quiseste” – Lc. 13:34. Noiva infiel, mas objeto do amor de Deus. O Senhor está aqui porque ama a cidade. Estou produzindo um livro só poesias dedicadas a Brasília. Deus nos colocou aqui. Celebremos a cidade e sonhemos sonhos de amor: “Eu olho para o futuro/ vendo uma vida sem muro/ no coração do Brasil./ Eu canto pro amanhã/ o canto da vida cristã”. Escrevi em 1989, na Praia do Futuro, em Fortaleza, estes apaixonados versos.
E, finalmente, uma declaração missionária – Aqui estamos para ultrapassar a fronteira da ausência de Cristo, a fronteira entre a crença e a descrença. É uma tarefa humana e divina: levar a presença de Deus onde ela não está. E isso vale para as pessoas, a política, a economia, a religião… A Igreja de Cristo é uma só e as nossas são congregações na cidade. Sonho com coligações de igrejas num projeto redentor na cidade.
Javé-Shamá – Deus está ali é o nome de Brasília. Que desafio!… Podemos lutar porque o mal não triunfará. O bem será vitorioso para o bem da cidade que amamos. Portanto, podemos dizer como Wesley: “Se seu coração bate igual ao nosso, vem e dá-nos a mãe”, ou, como diz nosso hino oficial: “Por isso vem, entra na roda comigo também. Você é muito importante.”
Jeová Shamá! Maravilha, Pr. Julio!
Tive a oportunidade de lhe conhecer na 1a IBIlheus, idos 78. Muito linda a sua história, o seu ministerio! O Senhor honra, aos que Lho honram! E premia. Grande abraço. Pr. Ernesto Soares.