Plena Alegria
Série de sermões sobre João 17(2):
P L E N A A L E G R I A – V. 13
Pastor Julio Borges Filho
– Na hora suprema da história humana, quando Jesus ora pelos seus discípulos, pede ao Pai que a sua plena alegria estejam neles. O testamento de Jesus Cristo para nós é de uma riqueza infinita: Conhecimento de Deus, fé, paz, alegria, missão, unidade, esperança e amor.
– Em Formosa do Rio Preto um militar dono de um vapor, a pedido da esposa, levou um grupo de freiras católicas para um passeio no famoso rio. Ao chegar em casa disse à mulher: “Querida, descobri que não quero ir para o céu”. A esposa, que era uma beata, chocada, perguntou: “Por que?” A resposta dele: “Imagino que todas aquelas freiras vão pro céu. Puxa, como elas são chatas!” Ser cristão não é ser chato, mas alguém que fez opção pela vida abundante oferecida por Jesus Cristo. O Pai é alegre, O Filho é alegre, O Espírito é alegre, e nós somos desafiados a ser afetados pela alegria da Trindade Santa.
- A ALEGRIA DE JESUS
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No nascimento – O magnificat, o cântico de Maria, além de revolucionário começo com uma nota de alegria: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador” – Lc 1:46 e 47. No anúncio aos pastores de Belém, no primeiro natal, o anjo diz: “Não temais, eis aqui vos trago boa nova de grande alegria que será para todo o povo: é que hoje na cidade de Davi vos nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor” – Lc 2:10 e 11. E no oriente uma misteriosa estrela sorri nos céus para os magos indicando o caminho para Belém.
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Na sua vida terrena – Na sua vida e em seu ministério Jesus era alegre. Gostava das festas sociais. Seu primeiro milagre foi a transformação de água em vinho em Caná da Galiléia numa festa de casamento. O vinho é o símbolo da vida e da alegria. Seus adversários chamaram-no “comilão e beberrão” por causa de sua intensa vida social. Ele gostava de uma boa comida, da amizade com as mulheres, e das coisas boas da vida. Seu bom humor é revelado nos apelidos dados aos seus discípulos e nas respostas irônicas a seus adversários (fariseus, escribas e saduceus). Gostava de contar história e em duas delas (a da dracma perdida e da ovelha perdida – Lc 15), ele diz que os céus e os anjos de Deus se alegram quando um só pecador se arrepende. Esta alegria da Salvação invade a vida terrena. Tanto que Davi já pedia: “torna a dar-me a alegria da Tua salvação” – Salmo 51. Certa feita quando seus discípulos retornaram eufóricos de uma missão, Jesus lhes diz: “Alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque vosso nome está arrolado nos céus” – Lc 10:20. A santidade de Jesus era uma santidade alegre, tanto que atraia os pecadores e as crianças.
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Na promessa do ES, na Ressurreição, no Pentecostes, e no Banquete escatológico – Na promessa vinda do Espírito Santo, O Consolador, Ele promete: “A alegria que eu vos der ninguém poderá tirar” – Jo 16:22. Na Oração Sacerdotal, em João 17, e ora por seus discípulos de todas as épocas pedindo que seu gozo seja completo neles. Entrar no Reino é entra “no gozo do Seu Senhor” – Mt 25:21 e 23. A ressureição é pura e incontida alegria: “Alegraram-se os discípulos ao verem o Senhor”. A tristeza e a derrota dão lugar à alegria e à vitória. No Pentecostes a alegria transborda nos corações dos crentes: “Tomavam suas refeições com alegria e singeleza de coração” – At 2:46. E no banquete escatológico, em Apocalipse 19, o ajuntamento universal das criaturas explode de alegria diante do trono do Cordeiro. Sim, porque afirma Paulo, “o Reino de Deus não comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” – Rm 14:17.
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“ALEGRAI-VOS SEMPRE NO SENHOR” – A carta paulina aos filipenses é, sem dúvida, o livro mais alegre da Bíblia. Nela há um refrão significativo: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez vos digo: alegrai-vos”. O apóstolo estava velho, quase cego, sozinho, preso e aguardando a sentença de morte em Roma quando a escreveu, e faz um preciso diagnóstico dos ladrões da alegria.
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Nas circunstâncias adversas – O primeiro ladrão da alegria são as circunstâncias adversas, os problemas da vida. Não temos o controle de tudo, e estamos sujeitos às diversas circunstâncias e aos ventos contrários da vida. Li a história de uma alegre cristão viajando de trem na Índia, e todas as vezes que havia um solavanco, ele dizia “Aleluia”. Alguém lhe perguntou a razão das aleluias em cada solavanco, e ele respondeu alegremente: “Tenho-as presa na garganta. Quando vêm os solavancos, elas saem naturalmente.” Por isso há dois curiosos e sábios versículos paulinos: “Todas as coisas concorrem para o bem daqueles que ama a Deus…” e “em tudo dai graças”. Este último é de uma sabedoria alegre: não devemos dar graças por tudo, mas em todas as circunstâncias da vida há sempre motivo de ação de graças. E o apóstolo aprendeu o segredo da vida quando disse: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”. E mais: “Posso tudo naquele que me fortalece”.
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Diante de pessoas que nos perturbam – O segundo ladrão são as pessoas. Elas são motivo de alegria e de aborrecimentos. Por isso alguém já disse: “Eu amo a humanidade, o que não gosto é das pessoas.” Na convivência humana há o ódio e a maldade e, até mesmo na comunhão da igreja, enfrentamos problemas. O Apóstolo diz que “Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos problemas”, e escreve para que duas mulheres de Filipos, Evódia e Síndique, pensem concordemente no Senhor – 4:2. Daí o desafio cristão é o amor e a leis da mutualidade, e uma delas diz: “Alegrai-vos uns com os outros…”.
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Diante da solidão – O terceiro ladrão é a solidão porque fomos criados para a comunhão. Ninguém é feliz sozinho embora precisamos aprender a conviver com a solidão. Mas até Jesus Cristo, O Filho de Deus, precisou da companhia de amigos e amigas. Com eles o caminho por este mundo é mais alegre.
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Diante das preocupações da vida – E, finalmente, as coisas podem roubar nossa alegria se somos escravos delas. Martin Buber, o grande filósofo judeu, afirma que “ coisas foram feitas para serem usadas, e pessoas para serem amadas. Quando amamos as coisas e usamos as pessoas somos idólatras”. As necessidades materiais são fonte de preocupação. Daí as exortações de Jesus contra a ansiosa preocupação da vida por falta das coisas como comida, vestes, etc. Ele nos incentiva a olhar para as aves e para a flores do campo e a confiar plenamente em Deus. É em Filipenses 4:19 que está meu verso predileto da Bíblia: “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir em Cristo Jesus cada uma de vossas necessidades.”
- “A ALEGRIA DO SENHOR É A NOSSA FORÇA”
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A alegria é cosmética – “O coração alegre aformoseia o rosto” – Pv. Há pessoas que não são bonitas fisicamente, mas, por causa da alegria, tornam bonitas. Um amigo meu me escreveu dizendo que tinha encontrado uma boa mulher. Era gordinha e fora de seu padrão de beleza, mas, disse-me ele: “Tem bom humor e é muito alegre”.
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A alegria dá moral e comunica força – Vi na TV o jogo Atlético x Flamengo no Mineirão. A alegria e o entusiasmo da torcida a contagiou os jogadores do Atlético, e o time que estava perdendo de 1 a 0, reagiu de forma espetacular e ganhou de 4 a 1 classificando-se para a final da Copa do Brasil. Gosto muito daquele cântico baseado na famosa frase de Neemias: “A alegria do Senhor a nossa força é…”
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A alegria rejuvenece e é eterna – Muita gente procura a Fonte da A alguém me pergunta qual o segredo da minha jovialidade, eu dou a receita do profeta Isaias 40:28-31: “Não sabes, não ouviste que o Eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fadiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento. Faz forte cansado e multiplica as forças do do que não tem vigor. Os jovens se cansam e se fadigam, os moços de exaustas caem, mas os que esperam no Senhor renov am as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fadigam.”
CONCLUSÃO:
– Jesus orou por nós: “Para que tenham em si a minha plena alegria”. Plenitude de alegria, é plenitude do Espírito Santo e do Reino de Deus. Diz Paulo: “O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, alegria e paz no Espírito Santo”. Deve fazer parte de nossa personalidade em todos os momentos da vida e até na morte. Quando pastor em Ilhéus fui fazer uma série de pregações da 1ª IB de Nova Canaã, na Bahia. O pastor da Igreja me levou para visitar uma senhora em fase final de câncer de mama. Pensei em Romanos 8:31-39, o cântico de vitória paulino, para ler para ela. Não o li porque não era necessário. A senhora, cheia da alegria de Jesus Cristo, louvava a Deus na sua enfermidade porque era mãe de 12 filhos, todos criados na igreja e na fé cristã, mas estavam espelhados pelo mundo e alguns se desviaram do caminho. A enfermidade dela reuniu todos e todos se reconciliaram com Deus, e ela louvava e cantava exultante de alegria.
– A igreja deve ser a comunidade da alegria num mundo triste e pessimista. A alegria de Cristo em nós tem de se comunicada e partilhada. A alegria partilhada é dobrada, e mais, multiplicada em gargalhadas santas e saudáveis. Portanto, nada de chatice, e muito de humor e festa.