TRÊS FILOSOFIAS DE VIDA
Lucas 10:25-37
Pastor Julio Borges Filho
INTRODUÇÃO
– Este texto é belo, conhecido, mas incômodo. É um espelho que está diante de nós a refletir a fiel imagem da nossa vida, do nosso cristianismo, e da nossa capacidade de amar.
– Ele divide os homens em quatro classes: os que exploram, os explorados, os que passam de largo, e os que param. Ou melhor: os salteadores, as vítimas, os egoístas, e os que amam.
– Esta página do Evangelho é uma estrada, a estrada da vida onde as coisas acontecem, e onde se paro, se perco tempo, ganho a eternidade. São 25 kms de estrada que desce de Jerusalém para Jericó numa caída de 1000 metros até o vale do Jordão. Era uma estrada sangrenta onde a violência dos salteadores imperava.
– Há dois tipos de perguntadores: os que tem interesse real e os que amam uma discussão. Este é o caso do escribas que quer colocar Jesus a prova com a pergunta: “Que farei para herdar a vida eterna?” Jesus devolve-lhe a pergunta e ele responde com o primeiro e o segundo mandamentos da Lei mosaica. “Faze isso e viverás”, diz-lhe o Mestre. Mas o escriba, numa atitude de fuga, pergunta: “Quem é meu próximo?” E Jesus conta a parábola do Bom Samaritano. É um ensino simples e prático… Dele não podemos fugir como o escriba… Aqui temos três filosofias de vida… Revivamos a parábola de Jesus.
- I. A FILOSOFIA DO CINISMO: “O QUE É TEU É MEU” – V. 30
1. Infelizes são os que caem nas mãos dos cínicos e violentos – São assaltados, roubados, feridos, mortos… A dignidade humana é ferida.
2. Não há respeito pela vida e pela liberdade humanas
- 3. As vítimas dos ladrões no mundo – Só aqui no Brasil cinco mil famílias controlam 45% da riqueza nacional, e mesmo com a instituição da Bolsa Família gastando-se 50 bilhões por ano, as distribuição de renda não pode ser feita de maneira justa porque o governo gasta 110 bilhões anuais com com juros a bancos sem se falar das concessões públicas a empresários abastados com financiamento a juros de banana do BNDS. Consequentemente a violência domina as grandes cidades do Brasil com pequenos ladrões agindo de várias formas e aviltado a vida humana.
- II. A FILOSOFIA DO EGOÍSMO: “O QUE É MEU É MEU” – v. 31 e 32
- 1. O primeiro mandamento do amor ao próximo: controle dos olhos. Seremos julgados pelos nossos olhos. Há certas coisas e pessoas que não queremos ver.
- 2. O 2º mandamento: controle do ambiente de nossa vida. O caminho para o inferno está calçado com bons argumentos. Na casa do nosso coração há muitas moradas.
- III. A FILOSOFIA DO CRISTIANISMO: “O QUE É MEU É TEU” – vrs. 33-35
- 1. Para se abrir os olhos é preciso ter amor – Há coisas que se conhecem somente no fazer, no praticar.
– As razões para parar. A mente humana cria muitas desculpas para não fugir e não parar. O terceiro mandamento do amor ao próximo é ser ágil e estar disposto a improvisar.
– A inversão da pergunta “Quem é meu próximo?” para “De quem sou eu o próximo?”. Eu sou o próximo de que, na estrada da vida, cruza meu caminho em situação de dor, de abandono e de crise.
– Ilustração: Irmão ou monstro? – Ouvi a história de um homem num deserto sob a luz dúbia do entardecer. Ele olhou uma figura longe e julgou ser um monstro, mas se aproximou um pouco mais e descobriu que era um homem. Aproximou-se ainda mais e descobriu que se tratava de seu próprio irmão. Quando nos aproximamos das pessoas descobrimos o irmão ou irmã.
- 2. Quem ama deve estar sempre disponível
CONCLUSÃO:
– “Qual destes três te parece ser o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores? – pergunta Jesus ao interprete da lei. Respondeu ele: “O que usou de misericórdia para com ele”. Ordenou-lhe o Mestre dos mestres: “Vai e procede de igual modo” ou, como diz a versão Mensagem, “Faça a mesma coisa”. Estamos debaixo da mesma ordem. Eu sou o próximo de quem, numa situação de crise ou abandono, atravessa meu caminho.
– Hino “O Bom Samaritano”, do Pastor Tarsis Wallace:
Eu não quem é você que está caído agora
Nesta estrada de Jerusalém a Jericó.
Eu só sei que com você eu fico aqui agora,
Eu não quero e não vou deixa-lo só..
Um dia também eu estava inerte e só,
Caído neste chão sem salvação quando alguém deu-me a mão.
E por isso que minha mão está na sua mão:
Levante, meu irmão! Levanta, meu irmão!…
Eu não sei que é você que está caído agora
Nesta estrada onde tudo é dor e solidão.
Eu só sei que com você eu fico aqui agora.
Eu não quero e não vou deixá-lo, meu irmão
– É Jesus quem conta esta parábola. Ele é o Bom Samaritano de todos nós, que se tornou próximo de todos nós enfrentando todos os perigos para nos socorrer e nos libertar da desumanidade e do egoísmo. Por isso “todo amar é um sinal de gratidão por termos sido amados, por termos sido salvos pelo amor” (Helmut Theilicke). Temos de passar adiante o que recebemos.
– O saudoso bispo Robinson Cavalcanti dizia que a responsabilidade social da igreja se resume em três aspectos: 1) Assistência social: dar o peixe; 2) Ação social: ensinar a pescar; e 3) Ação política: dar acesso ao açude. Que possamos viver como comunidade a ação de amor do Bom Samaritano voltada para as pessoas feridas em sua dignidade humana na estrada da vida.