UMA VOCAÇÃO POLÍTICA
Sermão especial: UMA VOCAÇÃO POLÍTICA – Lucas 22:24-27
Pastor Julio Borges Filho
24. Suscitaram também entre si uma discussão sobre qual deles parecia ser o maior.
25. Mas Jesus lhes disse: Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores.
26. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve.
27. Pois qual é o maior: quem está à mesa ou quem serve? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve.
Não tive o privilégio de conhecer o ex-deputado Zezéu Ribeiro, mas recebi excelentes informações sobre ele por uma grande amigo baiano, o Pastor Djalma Torres, e, pelo que li a respeito dele e pelos testemunhos aqui ouvidos, cheguei à conclusão que se trata de um grande homem e de uma autêntica vocação política. Por isso trago uma página belíssima do Evangelho registrada apenas pelo evangelista Lucas no capítulo 22, versículos 24 a 27.
Rubem Alves disse que a política como vocação é a mais nobre das vocações, e a política como profissão é a mais vil das profissões. Eis porque salientei que Zezéu é uma autêntica vocação política. O texto bíblico que está diante nós hoje nos esclarece isso.
A busca do poder (texto bíblico_
O texto nos apresenta três propostas de busca pelo poder.
– A primeira é a dos Apóstolos que, à véspera da cruz, discutiam entre si cobre qual deles parecia o maior. É a busca do poder para se servir, e isso gera corrupção.
– A segunda mereceu fina ironia de Jesus Cristo. É a dos reis dos povos que buscam o poder pelo poder para dominar os outros. São ditadores que exercem a autoridade com tirania e ainda são considerados benfeitores. Tal busca do poder política gera opressão.
– E a quarta proposta é a de Jesus que ensina a seus apóstolos (discípulos) uma lição fundamental: O poder é para servir. “Vocês não são assim; pelo contrário o maior seja como o menor, e o que dirige seja como o que serve”. E apresenta de modo magnífico o seu próprio exemplo como Senhor dos senhores: “Qual é o maior, quem está à mesa ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Pois, no meio de vocês, eu sou como quem serve”. Ele se apresenta como o garçon, como o serviçal para afirmar que o poder deve ser usado para servir, para buscar o bem comum. A palavra política deriva-se do grego polis que significa a procura do bem de todos na cidade.
Uma vocação política
Graças a Deus o Zezéu Ribeiro esteve dentro do padrão de Jesus. Exerceu o poder político para buscar o bem comum. No colégio, na faculdade, como arquiteto e urbanista, como vereador, deputado, secretário de governo, e dirigindo instituições públicas, sempre agiu com dignidade e em defesa da justiça social promovendo ações para tanto.
Sua preocupação com as metrópoles (Estatuto das cidades), com a cultura nacional, como moradia para o povo, com educação, com a juventude, com a diversidade religiosa, com a Bahia, com o Nordeste, com o Brasil, e, principalmente defendendo o vaqueiro, a empregada doméstica e as pessoas excluídas da sociedade.
Em suma, Zezéu Ribeiro, em trânsito por este mundo, aconteceu, e nos deixa um exemplo que dignifica a política como a mais nobre das vocações. O Brasil precisa desesperadamente de homens e mulheres assim. Ele foi como uma vela: consumiu-se a si mesmo para iluminou outros.
A Bílbia diz que Abel, pela fé, depois de morto ainda fala. Zezéu continua falando através de D. Lola, sua amada esposa, de seus filhos e netos, e pelo seu legado político. Ele é a razão de estarmos aqui agora. Sua voz jamais será silenciada.
Que as consolações do Espírito Santo de Deus estejam com a família neste hora de dor, de separação e de saudade.
(Sermão pregado na celebração inter-religiosa pelos 30 dias da morte do
Ex-deputado Zezéu Ribeiro, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados,
Brasília, no dia 25.03.2015).