UM PATRIARCA QUASE CENTENÁRIO
UM PATRIARCA QUASE CENTENÁRIO
Em memória de Onildo Guimarães Guerra
Coisas misteriosas acontecem em nossos sonhos noturnos. Na noite de ontem sonhei e me vi ainda jovem em Curimatá-PI, minha cidade natal, conversando com Joaninha, minha colega de primário e ginásio e amada prima, e apenas vendo seu irmão mais velho, Onildo, de relance. Acordei preocupado e decidi ligar pra minha prima, mas quando abrir o watsapp, deparei-me com o recado dela: “Parentes e amigos(as), comunico o falecimento de Onildo, meu querido irmão, ocorrido ontem 27/06, às 22:30 h, em Curimatá-PI. Que o Pai o receba com muito amor e luz. Abraços”. Estava explicado o sonho e algumas lembranças dele me vieram à mente.
Caligrafia perfeita, conversa agradável, memória privilegiada, sempre solícito e solidário, era uma visita obrigatória para mim todas as vezes que ia a Curimatá. Ele tinha a história da cidade e da família Guerra na memória. E a hora melhor para uma visita é à tardinha com temperatura amena e hora sagrada de tamboretes e cadeiras nas calçadas das casas. Na última vez que tive lá ele já estava com 95 anos e, mesmo assim, ajudou-me, juntamente com Mundinho, seu prestativo e simpático vizinho, sobre a luta armada dos jagunços no sul do Piauí. É que estou escrevendo um livro intitulado “Pelas Várzeas e Chapadas” sobre o assunto. Planejava ir ao seu centenário em homenagem a ele e a seu primogênito, Clístenes, uma amigo-irmão que partiu antes dele. Porém, apesar dos Guerras serem longevos, ele, como mamãe, andaram perto, mas partiram um pouco antes. Onildo, era um patriarca filho de patriarca. Pertencia a uma bela família de onze irmãos e irmãs. Teve nove filhos(as) e muitos netos e bisnetos. Quando pastor em Teresina, em visita a uma congregação de minha então igreja em Picos, visitei-o. Tia Madá, esposa dele e sua grande companheira, ainda vivia e estava a seu lado. Ele trabalhava no IBGE e chorou de saudades de Curimatá. Outra vez precisei de sua sabedoria para resolver um problema da Fazenda Canto de nossa família, e ele, juntamente com o saudoso Arlindo, ajudaram-me e resolvê-lo. Outra vez o encontrei em Brasília no Biocardios onde ele fora se consultar acompanhado de um filho e uma filha, e ele queixou-se dos males da idade e eu retroquei: “O senhor é um pé de angico, forte, que chegará aos cem anos.” E ele quase chegou.
Onildo era uma patrimônio moral e uma liderança respeitada de Curimatá. Por isso até sugiro ao atual prefeito e a Câmara de Vereadores a mudar o nome da rua Guerra onde fica a sua casa para rua Onildo Guerra e que se erga um busto seu ao lado do seu avô Julião Guerra na praça que tem o nome deste. À família de primos e primas enlutada me solidarizo na dor e na saudade com a certeza de que sua memória continuará viva em nossa amada cidade e que ele agora habita na pátria eterna da absoluta realização humana onde o mal não penetra e onde Jesus Cristo reina.
Brasília, 28 de junho de 2021 Julio Borges Filho
Sou neto do senhor Onildo Guimarães Guerra e filho do primogênito do vovô Onildo, Clístenes Guimarães Guerra. Sinto uma falta tremenda dos dois por serem muito próximos a mim e suas pessoas incríveis. Também sinto muita falta da minha vovó Maria Madalena Guimarães Guerra(Madá) e do tio Onildo Guimarães Guerra Filho que nos deixou ainda tão jovem. Falar dessas pessoas que não estão mais entre nós, é falar da história do Sul do Piauí, e Curimatá , de Corrente, é relembrar Recife-PE, Anápolis-GO e Brasília-DF, porque existe uma fusão entre as vidas deles e essas cidades. Estamos em agosto de 2023. O tempo tem passado rápido, mas as lembranças são diárias. Gostei muito da ideia que o pastor Julio deixou em 2021 sobre a mudança de nome da rua Guerra, para Onildo Guerra, assim como a confecção de um busto ao lado de Julião Guerra. No entanto, até onde eu sei ainda não foi feito. Seria bem merecedor. Vovó amava de alma e coração a cidade de Curimatá e as suas fazendas. Cuidava muito bem dos seus animais de criação, era hiper cuidadoso com seus colaboradores, vizinhos e amigos. Um exemplo de dignidade e retidão deixado com maestria para eu seguir. Sinto falta do carinho do meu pai e do meu avô. Falta de conversar com a vovó Madá. Falta de sorrir e conversar muito com tio Onildo. Cada uma dessas pessoas foram honestas, inteligentíssimas, carismáticas e verdadeiras. Espero de alguma forma revê-los na glória do Senhor Jesus, em seu retorno onde os mortos ressuscitarão e junto com a igreja do Senhor subirão aos céus. Forte abraço a quem ler.
Marlos C. Guerra