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CRISE DE CREDIBILIDADE (5): NA JUSTIÇA – 1

CRISE DE CREDIBILIDADE (5): NA JUSTIÇA – 1

Julio Borges Filho

  1. A Força Tarefa da Lava-Jato

 No meu pastorado em Teresina conheci um tenente aposentado, ligado à nossa família, e fiz boa amizade com ele. Tanto que, de vez em quando, ia jogar dama com ele. Eu apanhava sempre. Num desses jogos, ele me disse: “Pastor, ninguém me entende. A coisa que eu mais admiro neste mundo é o comunismo, mas de modo nenhum o quero no Brasil.” Eu lhe disse: “Agora quem não lhe entende sou eu. Por que o comunismo sendo algo tão bom o Senhor não o quer no Brasil?” Eis sua resposta da qual nunca me esqueci: “Por que no dia que ele entrar no Brasil será avacalhado.”

Lembrei-me dessa conversa agora quando escrevo sobre a Força Tarefa da Lava Jato. Parecia a todos que seria uma operação séria que traria boas saídas para o Brasil, como cria Dallagnol na entrevista com Jô soares, e se descobre que algo de podre a contaminou. Disse a um grande amigo meu, em 2015, que a Lava Jato era para prejudicar o PT e Lula. Ele, que continua gostando da operação, disse-me que isso era teoria de conspiração. O tempo passou e minha impressão inicial se confirmou.

Nunca gostei do fascismo porque o Estado Policial castra a liberdade e violenta o Estado de Direito. E desde 2014, quando começou a Lava Jato, temos assistido no Brasil coisas deprimentes com instituições públicas, como o Ministério Público e a Justiça, agindo politicamente com objetivos claros. Nunca tinha visto tanto procurador e juiz usando a mídia para atingir seus objetivos políticos ou simplesmente para aparecer. No caso da república de Curitiba, como bem definiu Lula a Lava Jato, isso foi uma estratégia para conquistar o apoio popular a fim de atingir seus objetivos. Conseguiram, mas o preço para o país está sendo muito alto. No auge do apoio midiático regido pela Rede Globo, eis alguns eventos deprimentes: 1) O PowerPoint de Dallagnol acusando Lula de ser o chefe de uma organização criminosa num espetáculo condenado até pelo Supremo; 2) A condução coercitiva de Lula cujo único objetivo era ferir a imagem dele e humilhá-lo; 3) A divulgação da conversa de Lula e a Presidenta Dilma por Sérgio Moro como alvo midiático para levar a parte da classe média às ruas a fim facilitar o Golpe Parlamentar de 2016; 4) A divulgação pelo juiz Moro de uma conversa íntima de D. Marisa, esposa de Lula, com seus familiares; 5) A prisão do ex-ministros Palloci e Guido Mantega (esta revogada) na véspera da eleição  para prefeito de São Paulo que ajudou a eleger Dória no primeiro turno, tanto que Lula apelidou, com razão, a operação como “Operação Boca de Urna”; 6) A indústria da delação premiada na Lava Jato que, segundo Tecla Duran, rende milhões a advogados amigos; 7) A absolvição da esposa de Eduardo Cunha que, espertamente,  foi defendida pelo Escritório de Advocacia onde trabalha a esposa de Moro; 8) O consórcio da Rede Globo e do site Antagonista de Diogo Mainardi (guru do Moro) para divulgação privilegiada da Operação Lava Jato;  9) A condenação de Lula com o objetivo claro de tirá-lo da eleição de 2018 em pleno entendimento com a 8º turma do TRF4; 10) O desconhecimento pela Lava Jato da corrupção tucana em São Paulo, agora denunciada pelo doleiro Adir Assad e pelas contas na Suíça de 113 milhões em nome de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, operador do PSDB. Conseguiram ajudar a derrubar Dilma e podem conseguir impedir Lula de ser candidato e até prendê-lo. Todavia, como bem disse o historiador Fausto Boris, “o impeachment da presidente Dilma destampou a caixa de podres da Republica.” E eu acrescento: A possível prisão de Lula poderia acender um estopim de consequências graves.

Uma linguagem única sempre leva à babelização como denuncia a Bíblia com a Torre de Babel (Gn 11:1-9). E babelização gera confusão e opressão. A diversidade de línguas é plano de Deus para a raça humana. A equipe da Operação Lava Jato fala a mesma língua.  Temos procuradores acusando e julgando, e um juiz julgando e acusando. Raramente divergem. E isso trouxe sérias e maléficas consequências: 1) Os procuradores da Lava Jata estão destruindo o Ministério Público que se transformou em acusador sistemático e impiedoso com gritante falta de técnica jurídica, como bem salientou um procurador de justiça aposentado e professor de direito; 2) Contaminou a justiça brasileira, hoje desacreditada e dividida, a ponto de Moro e Dallagnol terem mais influência no Judiciário do que o STF, como sublinhou o comentarista Kennedy Alencar; 3) Deu prejuízo bilionário à Petrobrás com sua desvalorização e destruição de empresas nacionais, paralisando refinarias, o que resultou no dobro de aumento de importação de diesel dos EUA, e no pagamento de 10 bilhões de reais a investidores americanos (A Lava Jato recuperou apenas cerca 2 bilhões e oitocentos milhões de reais, isto é 1/3 da indenização aos americanos) e, ainda, na  entrega do Pré-Sal ao cartel corrupto de empresas petrolíferas estrangeiras; 4) Satanizou a política e os políticos e eles “representam a seara do jogo democrático”, como bem disse Dias Toffoli, ministro do STF, e fechou os olhos para a corrupção do judiciário e aliados; 5) Aumentou a percepção de corrupção no Brasil que caiu 17  pontos no ranking da Transparência Internacional ficando na 96ª posição atrás de países retrógrados no mundo; 6) Usou instrumentos ilegais de exceção com o pretexto de combater a corrupção e ridicularizou o Brasil diante de juristas nacionais e internacionais; 7) Politizou a justiça perseguindo o PT e Lula e fechando os olhos para a corrupção tucano em São Paulo; 8) Ajudou a derrubar uma presidente honesta e também ajudou a colocou um governo sem ética e impopular no poder para vergonha nossa; 9) Arrasou com a economia do Rio de Janeiro diminuindo a arrecadação por causa da crise na Petrobrás, tirando cerca de trezentas mil vagas de trabalho; e 10) Começou em 2014 e terminará em outubro próximo, deixando as sentenças contra Lula para 2018 com estratégia puramente eleitoral. Os principais personagens da Lava Jato já fazem planos para o futuro: O pai da ideia e decano, procurador Carlos, pretende ser um consultor e ganhar dinheiro; Dallagnol talvez se candidato a um mandato político ou vá fazer um curso nos EUA; e Moro vai para os Estados Unidos fazer curso e ministrar palestras.

Portanto, a Lava Jato nunca objetivou combater a corrupção, mas adversários políticos e a beneficiar os Estados Unidos, e isso com a ajuda clara do FBI e do Departamento de Justiça americanos como declarou o Leslie Buekchien (representante do FMI para Programas Internacionais) em recente evento para 200 empresários em São Paulo. Poderia voltar no tempo do BANESTADO que, segundo o Senador Requião, foi a mãe de todas as corrupções do Brasil por ter desviado cerca de 125 bilhões de reais em contas do exterior, isso no governo de FHC. Tudo foi arquivado. E quem era um dos juízes? Sérgio Moro. Procuradores? Lá estava o Dallagnol entre eles. Os efeitos colaterais estão aí.  Atiraram no que quiseram e alcançaram o que não quiseram levando tucanos e o próprio Temer ao escárnio público.  Se tivesse sido isenta e séria teria prestado um maior serviço ao país sem fazer o estrago que causou dando razão ao velho tenente do Piauí: No Brasil tudo se avacalha. E tudo isso prova que o combate ao mal sistêmico da corrupção não é assunto só policial e jurídico, mas a solução virá através de reformas estruturais na política, na justiça e  na econômica, e isso é com os políticos.

A seguir: Crise na Justiça 2

Júlio Borges de Macedo Filho

PASTOR JULIO BORGES DE MACEDO FILHO Piauiense de Curimatá, 72 anos com 48 de pastorado, filho de Julio Borges de Macedo e Arquimínia Guerra de Macedo, é o sétimo filho de uma família de onze irmãos. Casou-se, há 48 anos no dia de sua ordenação ao ministério pastoral, com a professora Gislene Rodrigues Lemos de Macedo e tiveram quatro filhos: Juliene, Jusiel (falecido), Julinho e Julian. Agora Deus lhe deu a primeira neta chamada Sarah, de apenas 8 anos. Concluiu o curso de Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, em Recife. Formou-se em 1969 e foi ordenado ao ministério pastoral no dia 22 de fevereiro do mesmo ano. Pastoreou as seguintes igrejas: Igreja Batista do Rio Largo – AL (1969 a 1972), Primeira Igreja Evangélica Batista de Teresina – PI (1972 a 1978), Primeira Igreja Batista de Ilhéus – BA (1978 a 1979), Terceira Igreja Batista do Plano Piloto – Brasília (1979 a 1989), Igreja Batista Noroeste de Brasília (interinamente em 1985), Primeira Igreja Batista de Curimatá – PI (interinamente em 2000), e desde 1989, a Igreja Cristã de Brasília. Tomou a iniciativa para a organização das seguintes igrejas: Primeira Igreja Batista de Picos –PI, Igreja Batista do Lago Norte – Brasília, Igreja Batista Noroeste de Brasília (hoje, Igreja Batista Viva Esperança), e a Igreja Cristã de Brasília. Ordenou cerca de 20 pastores e uma pastora, consagrou dezenas de diáconos e diaconisas por onde passou, e celebrou mais de 500 casamentos. É considerando no Distrito Federal um pastor de pastores. Líder denominacional foi presidente da Convenção Batista Alagoana, da Convenção Batista do DF (três vezes), do Conselho de Pastores Evangélicos dos DF (duas vezes); participou de vários organismos batistas como o Conselho de Planejamento e Coordenação da Convenção Batista Brasileira, das juntas administrativas do Seminário Teológico Batista Equatorial e do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil; e por 20 anos foi professor da Faculdade Teológica Batista de Brasília ensinando as seguintes disciplinas: Estudos de problemas brasileiros, ética cristã, teologia pastoral, teologia contemporânea, ministério urbano, teologia bíblica do Antigo Testamento, e homilética. Como teólogo produziu muitos artigos, teses, e palestras nos mais diferentes lugares, e participou de muitos congressos, seminários, fóruns, retiros, entre eles o Congresso Internacional Lousane II realizado em Manila, Filipinas em 1989. Foi orador de várias assembléias convencionais, e pregou em muitos congressos e igrejas por todo o Brasil. Como poeta e escritor já gestou e publicou cinco livros (Missão da Igreja e responsabilidade social, Voando nas asas da fé, Um sonho coberto de rosas, Suave perfume, e Uma grande mulher), tem quatro prontos para publicação, e está grávidos de mais dez livros que espera escrever e publicar nos próximos oito anos. Na área política assessorou deputado Wasny de Roure, por muitos anos, tanta na CLDF como na Câmara dos Deputados; assessorou por pouco tempo os deputados distritais Peniel Pacheco e Arlete Sampaio; o Ministro da Educação, Cristovam Buarque, como chefe da Assessoria Parlamentar do MEC, e depois assessor parlamentar do Senador Cristovam Buarque. Nesta área produziu muitos escritos sobre os evangélicos e a política, fez inúmeras palestras, promoveu muitos seminários, e foi fundador e coordenador de vários fóruns, entre eles o Fórum Político Religioso do PT, o Fórum Religioso de Diálogo com GDF, o Fórum Cristão do PT Chegou a Brasília em junho de 1969 e, desde então, a elegeu como sua cidade do coração. Agora, aposentado, deseja dedicar-se a apenas duas atividades essenciais: pastorear graciosamente a Igreja Cristã de Brasília e Brasília, e escrever apaixonadamente. Sua grande ênfase ministerial tem sido o amor cristão, a graça maravilhosa de Deus revelada em Jesus Cristo, a responsabilidade social das igrejas e dos cristãos, e o ministério urbano da igreja.

One thought on “CRISE DE CREDIBILIDADE (5): NA JUSTIÇA – 1

  • mujerqueseama

    Nunão, obrigado pelo esclarecimento.

    Resposta

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